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O Centro de Estudos da ENSP, realizado em 31 de outubro, apresentou um
panorama da cobertura vacinal brasileira, além de debater os aspectos
técnicos, operativos e financeiros para a introdução de novas vacinas em
sistemas de saúde. A atividade mostrou ainda a importância dos estudos
de eficácia e efetividade das vacinas quando adotadas por um país. Estes
e outros pontos foram explorados pela assessora regional em Novas
Vacinas da Opas/OMS, Lúcia Helena de Oliveira, o professor adjunto do
Departamento de Clínica Médica da Uerj e integrante do Centro de
Excelência ProVAC da Opas/OMS, Denizar Viana, e a coordenadora
substituta do Programa Nacional de Imunizações do Brasil/SVS-MS, Nair
Florentina Menezes.
Primeira
a se apresentar, Lúcia Helena de Oliveira (Opas/OMS) destacou que uma
vacina só deve ser ofertada para a população quando comprovada sua
eficácia e segurança, além da boa oferta de mercado, ou seja, que o
preço de cada dose seja acessível ao orçamento de cada país. “Portanto, é
necessária a definição dos padrões epidemiológicos do país para que
sejam introduzidas novas vacinas e que elas sigam um plano já definido,
compreendendo que tal vacinação se torne rotineira, existam recursos
humanos capacitados para sua aplicação e seja feita uma readequação dos
serviços de saúde quando da introdução desta nova vacina”, afirmou
Lúcia.
A assessora da Opas ressaltou que a elaboração de um
plano de introdução de novas vacinas é fundamental para os países,
seguindo todos os passos técnicos e operativos determinados pelos
respectivos Ministérios da Saúde, de modo que o Programa de Imunização
tenha realmente êxito em âmbito nacional. “É necessário implementar
estratégias que permitam alcançar altas coberturas vacinais em esquemas
de restrição de idades para melhor efetividade do sistema”, disse. Lúcia
lembrou também que a introdução universal de novas vacinas permite
avaliar melhor o impacto delas nos resultados de saúde de um país, além
de fortalecer as redes de laboratórios.
Em
seguida, o integrante do Centro de Excelência ProVAC da Opas/OMS,
Denizar Viana iniciou sua exposição lembrando que, quando uma
intervenção é realizada para o ganho da saúde da população, é gerado
alto custo financeiro para o sistema. Então, é fundamental pensar se
cada sistema de saúde possui capacidade financeira para arcar com novas
vacinas, por exemplo. “A análise de custo-efetividade é a melhor opção
quando comparamos duas ou mais intervenções para um mesmo desfecho em
saúde. Ela permite estimar o custo por unidade de efetividade”, afirmou.
Segundo o expositor, uma intervenção em saúde é considerada
custo-efetiva se produz benefício clínico justificável para seu custo. E
a determinação de quanto a efetividade adicional justifica o custo
extra é tomada pela sociedade, dependendo de valores sociais e da
disponibilidade de recursos. Denizar explicou que a Organização Mundial
de Saúde (OMS) recomenda o valor de três vezes o Produto Interno Bruto
(PIB) per capita do país onde a análise foi realizada como limite de custo-efetividade justificável para aquele contexto.
Já
a Política de Introdução de Novas Vacinas no Brasil foi apresentada
pela coordenadora substituta do Programa Nacional de Imunizações do
Brasil/SVS-MS, Nair Florentina Menezes. Ela ressaltou que o Programa
Nacional de Imunização (PNI) foi criado em 1973, com seis vacinas, e
regulamentado em 1975; e o primeiro Calendário Básico de Vacinação
brasileiro foi lançado em 1977. Atualmente, o país conta com 4
calendários vacinais: crianças, adolescentes, adultos/idosos e povos
indígenas, englobando 44 diferentes imunobiológicos. O país conta com
mais de 34 mil salas de vacinação espalhadas por todo o território
nacional, além de 42 Centros de Referência de Imunológicos Especiais
(Crie) – cada estado possui ao menos um.
Para a inclusão de
novas vacinas, Nair explicou que são vários os critérios adotados pelo
governo federal para definir se irá proceder com tal adoção, passando
desde os da vacina – se ela é de controle, eliminação ou erradicação de
alguma doença –, até questões epidemiológicas, logísticas,
orçamentárias, por exemplo. “Além disso, o Brasil conta com dois comitês
que contribuem no processo decisório da inclusão dos imunobiológicos: o
Comitê Técnico Assessor (CTAI) e a Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no SUS (Conitec).”
Por fim, Nair Florentina
apresentou um dos atuais desafios do Ministério da Saúde: a plena
implementação do Sistema de Informações do Programa Nacional de
Imunizações (Sipni). Segundo a expositora, esse novo projeto agrega em
uma só base de dados todos os demais sistemas existentes, identificando
cada pessoa vacinada por nome e procedência do vacinado, o que permite a
análise completa da situação vacinal no nível do indivíduo, executada
de forma descentralizada e a cargo de cada município. “Até agora, 17
estados (430 municípios/997 salas de vacinas) trabalham com o Sipni.
Nossa perspectiva é sua total implementação até 2014”, concluiu.
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