Posted: 19 May 2012 05:19 AM PDT
Pesquisa mostra que 14% dos homens sofrem de depressão pós-parto |
Depressão pós-parto, câncer de mama e menopausa também fazem parte do universo masculino
Disfunção erétil e câncer de
próstata é uma dupla quase que exclusiva quando as pessoas são
convidadas a pensar em doenças masculinas. Eles nem gostam muito de ir
ao médico, são resistentes aos diagnósticos e falham mais no uso da
medicação, já alertou o Ministério da Saúde.
Se eles estão livres da temida
TPM, os que já passaram dos 50 anos não têm tanta sorte assim quando o
assunto é menopausa. Depressão pós-parto e câncer de mama são outros
exemplos que também ameaçam a saúde dos homens.
Um em cada 10 pais sofre de depressão pós-parto
As
mulheres já haviam percebido que as mudanças trazidas pela chegada do
bebê também mexiam com a cabeça dos papais. Agora, uma pesquisa
publicada este ano no Journal of the American Medical Association
confirmou que eles também sofrem de depressão pós-parto. Uma escola
médica dos Estados Unidos acompanhou 28 mil novos pais e identificou que
14% deles sofrem de depressão.
Giselle Groeninga, psicanalista
da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, diz que as
transformações do homem contemporâneo fizeram com que eles procurassem
mais ajuda aos transtornos psíquicos. “Acabou aquela história de que
homem não chora”.
Com isso, eles ficaram mais
atentos aos fenômenos internos. E a chegada de um filho significa a
relação com uma mulher mais dividida e uma expectativa enorme com
relação ao desempenho. “O amor ao filho não é tão imediato assim – e
deve ser construído em meio às demandas, ao trabalho e às mudanças na
dinâmica do casal que agora deve acolher um terceiro que, como dizem os
adolescentes, “chega chegando”, explica.
Por isso, os pais podem ficar
mais chorosos, quietos, tristes, sem ânimo e sem fome por um período. Um
outro sintoma que incomoda bastante é que este turbilhão de novos
sentimentos pode fazer com que eles “falhem mais na hora H”.
“Sem dúvida, o ‘órgão sexual’
mais importante é a cabeça. E o poder masculino pode se ver um tanto
diminuído com a chegada do bebê e a divisão de atenção. Lógico que tudo
vai depender da dinâmica do casal, e como ambos lidam com a mudança do
“enfim sós” para “agora somos três””, orienta a especialista.
Quando a mulher encerra seu
ciclo reprodutivo, há uma variação hormonal quase imediata e que pode
ser razoavelmente brusca. Com os homens é diferente. A variação
geralmente é mais gradual. “É muito raro acontecer com homens de 40 a 50
anos, a andropausa se manifesta mais comumente após os 60”, afirma
Fernando Almeida, urologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos.
O problema também não atinge todos os homens. A incidência estimada é
de 21%, entre 50 e 80 anos, e de 35%, para homens com mais de 80 anos.
Mas afinal, o que é essa andropausa?
“É uma mudança no padrão
hormonal masculino”, explica Almeida. Na verdade, o termo “andropausa”
foi substituído pelos médicos pela sigla DAEM, que significa Distúrbio
Androgênico do Envelhecimento Masculino.
As queixas sexuais são as
principais responsáveis por levar o homem ao consultório médico. As
reclamações costumam ser relacionada à disfunção erétil, queda de
libido, redução do tempo de orgasmo, redução do volume ejaculado e perda
de sensibilidade do pênis.
Para verificar se a razão disso é
hormonal e, portanto, consequência da DAEM, é preciso fazer um exame de
sangue. “A reposição hormonal é indicada para quem tem testosterona
total inferior a 230 ng/dl (nanogramas por decilitro)”, afirma Luiz
Carlos Gibertoni, urologista do Hospital Beneficência Portuguesa.
Se o resultado apresentar um
nível entre 230 e 350 ng/dl, considerado intermediário, é preciso fazer
outro exame, para verificar a testosterona livre. Se ela for menor, que
225, é preciso dar início ao tratamento.
“Caso não exista queda hormonal,
os sintomas sexuais são resultados de problemas psicossociais. É como o
homem se aposentar e passar a ter sintomas de depressão, que incluem
problemas sexuais”, alerta o urologista.
Para estes casos, é indicado
acompanhamento psicológico. Uma forma de prevenir tais problemas por
razões emocionais é com o planejamento da aposentadoria, tendo em vista
atividades e planos condizentes com a idade e o momento da vida.
Outros sinais
Embora
os sintomas sexuais sejam os mais chamativos para a DAEM, existem
outros sinais que a queda hormonal apresenta. Pode haver perda de sono,
cansaço, queda da massa e da força muscular, aumento da gordura
abdominal, osteoporose e desmotivação.
Todos também são sintomas pouco específicos, o que não exclui a necessidade dos exames para verificar o nível de testosterona.
Reposição hormonal
A
reposição hormonal pode ser feita com injeções a cada três semanas ou
três meses, dependendo do tipo de medicamento utilizado. Há também um
gel de testosterona, embora a eficácia de sua absorção seja questionada
por alguns médicos.
“É importante fazer um
acompanhamento médico para verificar se o tratamento não acelerou um
processo latente de câncer de próstata”, alerta Gibertoni. Não que a
reposição hormonal cause câncer, mas ela pode acelerar um processo já
existente.
Os exames recomendados são de
PSA (exame de sangue) e toque retal, entre outros. No início do
tratamento, é preciso fazê-los a cada três meses, mas depois o prazo
pode ser de seis meses.
E por falar em hormônio...
Parece
loucura, mas homens também podem sofrer da Síndrome do Ovário
Policístico (SOP). Pelo menos é o que sugerem dois médicos
norte-americanos. De acordo com a hipótese proposta por Razelle
Kurzrocka e Philip R. Cohen, da Universidade de Houston, no Texas, a
síndrome seria causada por um componente genético que também pode estar
presente em homens, ou seja, o conjunto de sinais e sintomas que
caracterizariam a síndrome poderia aparecer em qualquer indivíduo com
este componente genético, independente da presença dos ovários. O
andrologista e professor da Universidade Federal do Paraná Fernando
Lorenzini, alerta que é precoce e incorreto afirmar que a SOP existe em
homens. Para ele, trata-se de uma teoria que ainda precisa ser
comprovada com mais estudos.
Câncer de mama em homens: raro e diagnosticado tarde
Aproximadamente
1% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em homens. “O tumor,
logo que aparece, está em contato com outras estruturas além do tecido
mamário. Então, quando o encontramos, em geral está em estágio mais
avançado”, afirma José Roberto Filassi, coordenador do setor de
mastologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Além
disso, como o problema é raro entre eles, o homem demora mais para
procurar um médico. “Ele sente um caroço duro, normalmente de um lado
só, mas resolve esperar melhorar”, afirma o mastologista.
Nos homens a doença aparece mais
tarde, a partir dos 65 anos, em média. O câncer cresce logo atrás da
ponta do mamilo, tem o formato de uma bola, é indolor e facilmente
palpável. Além disso, o homem pode apresentar também secreção
sanguinolenta no local. Se a partir do exame clínico, houver suspeita de
tumor, o médico pode indicar um exame de imagem como a mamografia.
Para os homens, os fatores que
aumentam o risco de desenvolver câncer são histórico familiar, consumo
de anabolizantes, exposição à radiação e a altos níveis de estrogênio,
doenças como cirrose hepática e disfunções comuns de determinadas
doenças, como a síndrome de Klinefelter.
O tratamento é igual em ambos os
sexos – radioterapia, quimioterapia ou mastectomia radical –, mas a
cirurgia de retirada dos músculos peitorais e parte da axila deixa
sinais menos visíveis e geralmente não há necessidade cirurgias de
reparação.
Fonte iG
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