Importância na formação

Congresso da Rede Unida: Escolas Técnicas do SUS focam na importância da formação profissional

‘Educação, saúde e participação: a ousadia de construir redes produtoras de vida no cotidiano’ foi o tema central do 10º Congresso Internacional da Rede Unida, realizado no Rio de Janeiro, entre os dias 6 e 9 de maio. Com o objetivo de discutir novos cenários para o fortalecimento da atuação dos trabalhadores na implementação do Sistema Único de Saúde, o evento contou com discussões organizadas a partir dos eixos temáticos educação, trabalho, gestão e participação. Instituições da Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS), além do secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (Sgtes/MS), Mozart Sales, participaram do evento.

Coube a Sales o tema da gestão da educação e do trabalho na saúde nas perspectivas interinstiucionais. No Fórum Internacional de Educação na Saúde, do qual participou no dia 8 de maio, no âmbito do congresso, ele lembrou as mais de 3,7 milhões de pessoas que trabalham no setor saúde. “Em nenhum outro segmento econômico, o trabalho humano é tão importante”, frisou. Como principais desafios, Mozart destacou a escassez de médicos para o SUS, a desarticulação do trabalho multiprofissional nos serviços de saúde para o atendimento das necessidades da população e a formação centrada em procedimentos e precária integração com o sistema.

Ele apresentou alguns dados sobre as escolas médicas do país. Segundo ele, no período entre 1808 e 1948, havia 13 instituições públicas e privadas. Atualmente, há 187 e a previsão é de 18,6 mil ingressos.  O Sudeste é a região que concentra mais vagas (8.489) e o Centro Oeste, menos (1.002). Em 2011, informou, se formaram 14.100 médicos.

O secretário da Sgtes apontou ainda a necessidade de buscar a ampliação e o fortalecimento das Escolas Técnicas do SUS e das Escolas de Saúde Pública, assim como de ampliar a formação técnica profissional de nível médio por meio do Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para a Saúde (Profaps), com foco  nas prioridades das Redes de Atenção à Saúde. “Precisamos investir em educação permanente na formação e na qualificação dos trabalhadores do SUS, voltadas para os serviços de saúde e necessidades do SUS. È fundamental também o envolvimento da comunidade e valorizar o trabalhador”, disse.

Nos dias 8 e 9 de maio, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) organizou seminário sobre a Formação Técnica do Agente Comunitário de Saúde. O encontro, que contou com a participação de cerca de 800 pessoas no primeiro dia e 300 no segundo, muitas delas agentes comunitários de saúde, teve como objetivo disseminar e ampliar o debate sobre a formação, compartilhar experiências e identificar estratégias para contribuir para a efetivação da política de formação técnica desses profissionais em todo o país. 

No contexto do seminário, a mesa `O desafio da integralidade na formação dos trabalhadores para a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil`, composta por Carlos Batistella, da EPSJV, Ruben Mattos, do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/Uerj), e Laura Feuerwerker, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), e mediada por Gustavo Matta (EPSJV), tratou dos desafios para a construção de uma formação que articule toda a equipe de APS. Já a mesa `Histórico e experiência da formação técnica do agente comunitário de saúde no Brasil` apresentou experiências exitosas na formação destes trabalhadores, diretamente relacionada às escolas da RET-SUS.

O segundo debate contou com o coordenador-geral do curso Técnico dos Agentes Comunitários de Saúde, desenvolvido pela Secretaria Municipal do Recife, Gustavo Dantas, com a diretora da Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, do Acre, Anna Lucia Abreu, e a coordenadora do curso Técnico de Agentes Comunitários de Saúde da EPSJV/Fiocruz, Vera Joana. A mediação foi feita pela professora-pesquisadora Marcia Valéria Morosini, da EPSJV.

Para Anna Lúcia, o encontro foi importante por trazer algumas das experiências de formação técnica, oriundas de várias partes do país. “Essa é uma ocasião especial, pois os trabalhadores estão em busca do seu reconhecimento profissional. Fazer parte disso é um momento histórico”, ressaltou a diretora da ETSUS Acre, lembrando que, na capital do estado, a escola já formou 350 técnicos em Agentes Comunitários de Saúde e oferece, atualmente, 30 turmas abrangendo trabalhadores de 20 municípios.

No dia 9 de maio, o subsecretário de Atenção Primária, Vigilância e Promoção de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio e Janeiro, Daniel Soranz, a representante do Departamento de Gestão de Educação na Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde (Dgerts/SGTES/MS), Mônica Durães, e a diretora de Comunicação da Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde (Conacs), Edimeia Gonçalves, participaram da mesa `As instâncias de gestão do SUS e a formação dos agentes comunitários de saúde`. O seminário foi encerrado com uma moção de apoio às demandas dos agentes comunitários de saúde, a ser direcionada ao Ministério da Saúde. Nela, destacou-se a necessida de de construir uma agenda política relacionada à educação e ao trabalho dos agentes comunitários.