Posted: 29 May 2012 05:34 AM PDT
Cólicas frequentes podem ser um dos sintomas do problema
Ter cólicas menstruais é normal
para boa parte das mulheres. Mas, quando as dores são muito fortes - do
tipo que deixam a pessoa prostrada, sem condições de fazer nada -, pode
ser um sinal da endometriose. A doença se caracteriza quando o tecido
que recobre a camada interna do útero (o endométrio) cresce também fora
do útero, podendo acometer ovários, trompas, bexiga, intestino e outras
áreas próximas - até os pulmões.
O endométrio existe para que a
mulher possa engravidar. Ele cresce todo mês durante o ciclo menstrual,
com o objetivo de receber uma gravidez. Caso ela não aconteça, ele
descama e é eliminado, normalmente, durante o período menstrual.
Trata-se de uma doença que pode
ocorrer em qualquer momento da fase fértil - ou seja, entre os 15 e os
45 anos, em média. No Brasil, estima-se que cerca de 6 milhões de
mulheres sofram com o problema.
Adolescente já pode ter o problema
A
doença se manifesta na adolescência. Segundo estimativas fornecidas
pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (USP), 70% das adolescentes com dores crônicas causadas pela
menstruação e que não respondem a tratamentos medicamentosos podem estar
com endometriose. A porcentagem é alarmante, mais ainda quando se sabe
que, apesar de os sintomas se manifestarem cedo, o despreparo das
meninas e dos médicos pode fazer com que o diagnóstico ocorra
tardiamente.
É por isso que a maioria das
mulheres só vai descobrir a doença na fase adulta, quando tenta
engravidar e não consegue. Na investigação feita por meio de exames, ela
descobre que já tinha endometriose e conviveu com ela por muito tempo.
Muitas vezes, pensava que era apenas uma cólica menstrual, e tratou essa
cólica com paliativos, mas a doença permaneceu atuante.
Portanto, é de fundamental
importância que as adolescentes tenham o hábito de se consultar
rotineiramente com a sua ginecologista. Nas consultas, com base no
relato da menina, a médica tem condições de começar a elaborar o
diagnóstico e, com isso, iniciar o tratamento da doença - sem falar que,
de maneira geral, é muito importante que a adolescente vá ao
consultório ginecológico para esclarecer dúvidas, mesmo que ainda seja
virgem.
Um estudo americano aponta que,
entre 12% e 31% de mulheres submetidas a laparoscopia para determinar
causa de dor pélvica têm endometriose. Outro dado mostra que de 25% a
38% das adolescentes com dor pélvica crônica parecem ter a doença. E 2/3
da mulheres adultas começam a apresentar sintomas antes dos 20 anos de
idade.
Causas não são conhecidas
A
teoria mais comum, e aceita, para explicar as causas da endometriose é a
da menstruação retrógrada, em que o fluxo volta pelas trompas e gruda
em outros lugares da cavidade abdominal. Porém, essa teoria não explica
tudo, e existem outras teorias acerca das causas da endometriose.
Sobre a menstruação retrógrada,
ela está presente em mulheres com ou sem endometriose, em igual
porcentagem. Portanto, não é a menstruação retrógrada, sozinha, a
causadora da doença. Isso envolve outros fatores, como a predisposição
genética e imunológica.
Maioria das mulheres é assintomática
Das
mulheres que apresentam sintomas, o mais comum é a dor na região
pélvica. Pode haver também dor nas relações sexuais, cólicas menstruais
intensas, sangramento menstrual pelos diversos focos de endometriose
(fezes, urina, tosse com sangue etc.), infertilidade e cistos de ovário.
Um estudo brasileiro apresentado
no Congresso Mundial de Endometriose, em 2008, apontou que o período
entre o início dos sintomas, o diagnóstico da doença e o tratamento é de
aproximadamente oito anos. Quando a queixa de dor começa no início da
adolescência, esse intervalo aumenta para 12 anos.
Diagnóstico se baseia em sintomas e exames
A
endometriose é identificada quando se nota que as células do endométrio
estão fora da cavidade uterina. O diagnóstico é feito com base nos
sintomas da paciente. Alguns exames podem ser solicitados, como
ultra-som pélvico, ressonância magnética e videolaparoscopia (para
biópsia).
Não havendo sintomas, o problema
pode ser descoberto aleatoriamente, durante uma visitas de rotina à
ginecologista ou mediante a realização de exames para identificar outros
problemas.
Tratamento envolve bloqueio da menstruação
O
tratamento vai depender do grau da doença e dos órgãos acometidos, mas
se baseia no bloqueio da menstruação. Isso é feito por meio de medicação
(anticoncepcional). Assim, a mulher não correrá mais o risco de ter a
menstruação retrógrada, e com isso voltar a desenvolver a endometriose.
Mas é importante dizer que o
acompanhamento da paciente será sempre individualizado. A ginecologista
deverá pedir exames complementares e realizar outras ações - por
exemplo, se a mulher tiver um cisto, ele terá de ser retirado.
O tratamento pode envolver ainda
a retirada completa do útero - a última tentativa é retirá-lo,
juntamente com os ovários. Isso só feito, porém, quando o tratamento
clínico e/ou o cirúrgico conservador (retirada apenas das aderências
causadas pela doença) é falho.
A melhor maneira de bloquear a
menstruação é engravidar, pois, durante toda a gestação, a mulher não
menstrua, e isso é um ótimo tratamento para a endometriose. Após a
gravidez, a doença é, geralmente, controlada.
Há indícios de que a acupuntura
tenha efeitos benéficos no tratamento e controle da doença. Praticar
exercícios e manter uma alimentação e hábitos saudáveis são sempre
recomendáveis para se evitar a endometriose e outros problemas que
comprometem a qualidade de vida da mulher.
Fonte Minha Vida
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