Soropositivas também podem ter filhos saudáveis
Ministério da Saúde oferece suporte para
que mulheres com aids realizem sonho de ser mãe com pequenas chances de
transmissão vertical do vírus
O desejo de ser mãe é um sonho para muitas
mulheres. Esse sonho vale também para mulheres soropositivas, já que
toda pessoa, independentemente de viver ou não com aids, tem direito de
decidir se quer ter filhos ou não, quantos e em que momento da vida. O
acesso universal ao tratamento do HIV possibilitou um novo cenário para
mulheres com o vírus da aids que desejam se tornar mães. A queda nas
taxas de transmissão vertical (de mãe para filho) do HIV é uma realidade
que anima as soropositivas.
As tecnologias atualmente disponíveis e
recomendadas no Brasil são capazes de reduzir o risco de transmissão
vertical para menos de 1%. Entre 2008 e 2009, cerca de 6 mil mulheres
que sabidamente viviam com HIV engravidaram. Havendo desejo de
paternidade ou maternidade, é necessário estabelecer um planejamento
conjunto. Para aqueles casais que desejam ter filhos pelos métodos
naturais, é importante não ter infecções genitais (como, por exemplo,
DST), apresentar estabilidade imunológica, boa adesão ao tratamento e
carga viral indetectável. No Brasil, aproximadamente 80% das pessoas com
aids se encontram na faixa etária reprodutiva.
Esther Vilela, coordenadora do departamento de
Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, explica que as mulheres que se
encontram nessa situação podem contar com o Sistema Único de Saúde
(SUS). “Hoje, a aids não é uma doença que mata como antes. Há condições
de monitorar essa gravidez, apesar de ser de alto risco. A medicina lida
com isso e tenta levar o máximo de segurança possível a essa mulher. Se
forem tomadas as medidas necessárias, a transmissão vertical é reduzida
bastante”, afirma.
De acordo com a coordenadora, o SUS hoje conta com
cerca de 200 maternidades habilitadas de alto risco. As mulheres com HIV
e outros problemas de saúde mais complexos são acompanhadas nessas
unidades. “No plano de ação da Rede Cegonha estamos fazendo um desenho
da rede, para que os médicos encaminhem as mães para as unidades mais
próximas. O corpo de profissionais nessas unidades é maior e tem mais
especialistas”, aponta Esther Vilela.
Etapas – A primeira coisa a fazer
para decidir sobre a gravidez nesses casos é conversar com o médico do
Serviço de Assistência Especializada em HIV/Aids (SAE) que realiza o
acompanhamento da mulher. Ele vai avaliar a condição imunológica dela
para planejar o melhor momento clínico para que a gravidez ocorra com
menos risco de transmissão para o bebê.
Se as condições estiverem favoráveis e for
comprovada a ausência de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), o
médico vai conversar com a mãe e o pai para decidirem a forma da
concepção. De acordo com Andrea Rossi, consultora técnica do
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, a
orientação mais fácil e sem riscos para casais sorodiscordantes (quando
um apenas é positivo para HIV) é a autoinseminação. “Com a coleta do
sêmen masculino, a mulher pode introduzi-lo na vagina por meio de uma
seringa. Isso não traz riscos para o parceiro”, afirma.
Para os casais soroconcordantes, a orientação é que
tenham relação sexual apenas em período fértil. Caso a mulher siga
todas as orientações, faça o acompanhamento pré-natal, tome
antirretrovirais durante a gestação e na hora do parto e não amamente o
bebê após o nascimento, reduzirá em até 99% o risco de transmissão do
HIV. Isso depende da boa adesão às recomendações.
Perto do nascimento, o médico vai avaliar a via de
parto mais aconselhável. A escolha é feita pelo médico e vai depender de
uma série de fatores como a situação clínica da mulher, se ela tem
outra doença e se está com DST. No entanto, a prática mais segura, em
todo caso, é a cirurgia cesariana. Todos os procedimentos, bem como os medicamentos antirretrovirais, são oferecidos pelo SUS.
Por Samuel Bessa, da Agência Saúde - Ascom/MS
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