Fiocruz produzirá medicamento para esclerose múltipla
Posted: 12 Sep 2015 06:18 AM PDT
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) passará a produzir medicamento para
esclerose múltipla, doença crônica do sistema nervoso central que atinge
cerca de 35 mil pessoas no País. O acordo de transferência de
tecnologia foi assinado nesta quarta-feira, 9, entre o Merck,
laboratório que detém a patente do biofármaco Rebif, o Instituto de
Tecnologia em Imunobiológicos (Bio- Manguinhos/Fiocruz) e o laboratório
privado BioNovis. Pelo contrato, em sete anos o Bio-Manguinhos terá
capacidade de produzir o remédio. A partir de novembro, a distribuição
para o SUS já será feita pelo convênio – a previsão é de economia de
mais de R$ 30 milhões no primeiro ano e mais de R$ 100 milhões ao longo
da transferência.
A esclerose múltipla é doença incurável que afeta cérebro, cerebelo e
medula espinhal. O paciente tem surtos desencadeados pelo processo
inflamatório no sistema nervoso central – quando o organismo “trabalha”
contra a inflamação, formam-se placas (espécie de cicatrizes, também
chamadas de escleroses). Com o tempo e os sucessivos surtos, as funções
cognitivas sofrem alterações e aparecem sintomas como rigidez nas
pernas, fadiga, dificuldades na fala e para engolir. A esclerose
múltipla atinge principalmente mulheres entre 20 e 40 anos.
O medicamento que será produzido por Bio-Manguinhos, o betainterferona
1a subcutânea (Rebif é o nome comercial), reduz os surtos. “Ele atua
contra a inflamação e as lesões no cérebro. A doença é incurável, mas se
o remédio é tomado regularmente, consegue-se diminuir os chamados
surtos”, explica o diretor de Bio-Manguinhos, Artur Couto. São
necessárias três doses injetáveis semanalmente do remédio. De acordo com
a Merck, cerca de 27% dos pacientes no Brasil são tratados com o
medicamento, distribuído pelo SUS desde 2001. Esse é o quinto biofármaco
– medicamento feito a partir de células vivas – que Bio-Manguinhos
produz por meio de transferência de tecnologia.
— Há economia na aquisição dos medicamentos, já que o laboratório reduz o
preço por garantir o mercado. Mas o principal ponto é o impacto que
traz para a cadeia produtiva: tem o fornecimento de matéria prima, a
embalagem passa a ser nacional, contratação de mão de obra.
Bio-Manguinhos já tem instalações para a produção da betainterferona.
Serão feitas adaptações no laboratório.
— O processo de produção de um biofármaco é pouco mais caro do que os
remédios tradicionais. A instalação é mais complexa, precisa operar 24
horas. Desde o início a proposta era ter diferentes medicamentos sendo
produzidos para evitar que a fábrica ficasse ociosa.
O instituto também produz alfaepoetina, indicada para o tratamento de
anemia por insuficiência renal crônica, em pacientes oncológicos, entre
outros casos; alfainterferona 2b, para hepatites crônicas pelos vírus B e
C; alfataliglicerase, para doença de Gauche; e infliximabe, para a
doença de Crohn e artrite reumatoide, entre outras.
R7
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