Posted: 16 Jan 2013 05:07 AM PST
Entre 50 e 100 milhões de pessoas contraem a doença anualmente; 500 mil delas sofrem com a versão hemorrágica
A dengue é a única ETD (Doença Tropical Desatendida) que se expandiu na
última década, sua incidência se multiplicou por 30 nos últimos 50 anos e
tem o potencial real de se transformar em epidemia mundial, segundo
adverte um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Manter o impulso para superar o impacto global das Doenças Tropicais
Desatendidas" é o título do segundo relatório que a OMS realiza para
determinar o estado destas dolências no mundo. Este relatório analisa o
impacto que as ETD têm no mundo e sugere políticas públicas que poderiam
ser aplicadas para reduzir ou inclusive erradicar sua incidência.
Das 17 doenças que inclui a OMS no grupo ETD, a dengue é a única que
representa uma "ameaça global". Em 2012, a dengue foi a doença viral
ligada a um mosquito que mais rápido se expandiu no mundo; em 2010 foi
detectado pela primeira vez na Europa, por isso que todas as regiões do
mundo tiveram alguma incidência.
No último meio século, a incidência da dengue se multiplicou por 30, e
sua expansão faz crer, aos cientistas, que a doença tem as condições
para se transformar em uma verdadeira pandemia mundial.
"A doença está presente em 150 países e não há uma região no mundo onde
não esteja presente; se não for controlada corretamente, pode se
transformar em uma verdadeira pandemia", afirmou em entrevista coletiva o
especialista da OMS Raman Velaywdhan.
A dengue já é uma doença endêmica em 100 países do mundo, incluindo
quase todas as nações da América Latina e o Sudeste Asiático; entre 50 e
100 milhões de pessoas contraem a doença anualmente; 500 mil delas
sofrem com a versão mais grave, conhecida como hemorrágica; e cerca de
22 mil morrem.
Mas os centros de pesquisa especializados elevam o número de pessoas em
risco de contrair a dengue de 2 a 3,6 milhões e os infectados de 50 a
500 milhões, enquanto a globalização acelera ainda mais a incidência do
mal.
— O aumento de pessoas e mercadorias que viajam pelo mundo, e a mudança
climática que aumentou as temperaturas e aumentou as inundações
contribuíram para esta silenciosa expansão da doença.
— Por exemplo, no continente europeu, as larvas e mosquitos chegaram
através da importação de pneumáticos usados e de plantas de bambu, é por
isso que o controle do vetor é essencial.
O vetor transmissor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes Aegypti
(Ásia) e Aedes Albopictus (especialmente América Latina) que necessita
da proteína do sangue para poder fazer com que suas larvas cresçam. O
mosquito é urbano e aparece de dia, um fator que o transforma de certa
forma em mais perigoso do que o que transmite a malária, que aparece de
noite.
Faltando vacina contra a dengue e tratamento para curá-la, a única arma
efetiva contra este mal é prevenir o contágio, algo que só é possível
com conhecimento e fumigação de todos os cantos e pequenos recipientes
onde possa ter água parada: lugares escolhidos pelos mosquitos fêmea
para depositar suas larvas.
Perante esta situação, a OMS recomenda uma estratégia multidisciplinar e
complementar que abrange cinco áreas de trabalho: diagnósticos e
controle de casos; vigilância integrada e resposta aos focos; controle
sustentado do vetor; implementação futura das vacinas; e implementação
das pesquisas.
Se isso fosse aplicado em todos os países, a agência sanitária das
Nações Unidas considera que, para 2020, poderia reduzir a incidência de
dengue em 25% e de mortalidade em 50%.
Uma estratégia multidisciplinar que a América Latina está tentando
adotar, dado que segundo a própria OMS a região está imersa em uma
"situação hiperendêmica", com quase todos os países afetados.
A última grande epidemia de dengue na América Latina ocorreu em 2010.
Segundo a OPS (Organização Pan-americana da Saúde), 1,8 milhão de
pessoas contraíram a doença e 1.167 morreram.
Segundo os especialistas da região, o imparável aumento da urbanização,
os incessantes movimentos migratórios, o deficiente sistema de
distribuição de água e a capacidade do vírus do dengue de se adaptar
para sobreviver, provocaram a incidência desta doença que cresce
exponencialmente na América Latina.
Fonte R7
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