Partos no Brasil: discrepância entre o SUS e o privado
Publicada emDando início à sua palestra, Marcos alertou para as mudanças de modelo na assistência ao parto e nascimento, como também a hospitalização do nascimento, a medicalização da assistência, o aumento da morbimortalidade materno e perinatal. Nesse contexto, também surgiram ganhos como a criação de um movimento internacional de humanização da assistência ao parto e nascimento. Segundo Marcos, para entender um pouco desse processo, é preciso saber o que foi modificado nele e como isso interfere na qualidade da assistência à mulher e sua família.
“O que nos diferencia dos países desenvolvidos em relação à humanização do parto é que eles conseguem entender o significado do momento do parto para uma mulher, levando em consideração não apenas seus aspectos patológicos. Nos países desenvolvidos, por exemplo, o cuidado no parto não está centrado no médico. É preciso observar, assistir e apoiar, não apenas medicalizar a assistência”, alertou ele. Em seguida, Marco abordou as políticas públicas para a assistência obstetrícia e citou, ainda, algumas intervenções do governo para redução das cesáreas.
Algumas medidas governamentais apontadas pelo médico foram o pagamento igual de honorários médicos para parto normal e cesáreo no sistema público, a campanha nacional Natural é parto normal e um conjunto de medidas para melhorar a qualidade da assistência ao parto no sistema público etc. “Mesmo com essas medidas, a realidade dos partos é outra. Como os números apontam, 52% dos partos realizados em nosso país são cesarianas; nas instituições privadas, a estatística é maior. Porém, no sistema público, a realidade não é diferente. O SUS precisa se organizar para conseguir oferecer o momento adequado para a mulher durante o parto”, enfatizou ele.
Por fim, o médico citou o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), que tem por objetivo assegurar o acesso à qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto, do puerpério e da assistência neonatal. O programa traz, como principais diretrizes, a primeira consulta do pré-natal até o quarto mês de gravidez, mínimo de seis consultas de acompanhamento do pré-natal e ao menos uma consulta no puerpério até 42 dias após o parto. “Já avançamos muito, mas ainda há muito o que fazer para oferecer o momento e as condições ideais para a mulher durante o parto. Não adianta tentar investir para mudar apenas a conduta dos médicos, é preciso uma série de ações integradas para mudar completamente esse cenário”, finalizou Marcos.
(Foto de capa: Conselho Federal de Medicina)
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