segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Cai mortalidade materna

Mortalidade materna cai 19% em 2011, mas ainda está acima das metas da ONU



(Folha de S.Paulo)

Dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde indicam que o Brasil pode ter registrado em 2011 a maior redução em termos absolutos no índice de mortalidade materna desde 2002 -ano em que o país freou a acentuada melhora nesse indicador verificada nos anos 1990.
O governo registrou 705 óbitos maternos no primeiro semestre de 2011 contra 870 no primeiro semestre de 2010, uma queda de 19%.
Dados preliminares indicam, segundo o ministério, que o país pode atingir em 2011 uma taxa próxima a 63 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos, contra 68 por 100 mil em 2010.
O índice, se confirmado, significará a maior queda da taxa de mortalidade desde 2002. O governo atribuiu o desempenho a uma melhora geral dos serviços de atendimento à gestante.
Porém, mesmo se mantiver esse novo e acentuado patamar de queda nos próximos quatro anos, o país não vai cumprir a meta estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2000.
"Temos de intensificar o trabalho nos próximos anos se quisermos atingir os Objetivos do Milênio, de chegar a 35 [mortes maternas por 100 mil nascidos vivos] em 2015", afirmou o ministro Padilha.
Ontem ele afirmou que continua trabalhando com a meta traçada pela ONU. Em eventos recentes, porém, o ministro já declarou que esse pode ser um objetivo não cumprido pelo Brasil.
ATRASO
Uma pesquisa internacional divulgada no ano passado apontou que o país poderia se atrasar em 25 anos para cumprir a meta.
A curva na proporção de mortes de mães em relação ao total de nascidos vivos é acentuada durante toda a década de 1990 e se transforma em uma linha quase estável nos anos 2000.
Segundo Padilha, os anos 90 se caracterizaram pela universalização do pré-natal e do parto em hospitais. Na época, porém, não havia uma boa investigação que identificasse as causas das mortes.
Considera-se morte materna a que ocorre durante a gestação ou até 42 dias após o parto, qualquer que tenha sido a duração da gravidez.
A estatística inclui causas diretas de morte materna (como eclâmpsia e hemorragia pós-parto) e indiretas (doenças preexistentes agravadas na gravidez, como diabetes e doenças circulatórias), e exclui causas externas, como acidentes.


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Maior causa de morte das mães é hipertensão
Desde 1990, a principal causa de morte materna é a hipertensão, seguida de hemorragia e infecção pós-parto, segundo os registros do Ministério da Saúde.
Em 2010, foram contabilizadas 13,8 mortes maternas por hipertensão para cada 100 mil nascidos vivos. Em 1990, esse índice chegou a 40,6 por 100 mil.
Causas como hemorragia (índice de 7,9 por 100 mil em 2010) e infecção pós-parto (4,4) tiveram redução na casa dos 60% na mortalidade desde os anos 90.
O aborto foi, entre as causas de morte, a que maior registrou queda nesse período. Fica agora em quinto lugar.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, essa redução expressiva na vinculação de mortes ao aborto pode ser explicada pelas ações de orientação sexual, pelo aumento do número de serviços que atendem mulheres vítimas de violência (de 43 serviços do SUS em 2003 para 557 em 2011) e de serviços credenciados para realizar o aborto previsto em lei (de 60 em 2009 para 90 previstos até o fim do ano).
Essas quatro causas são classificadas como diretamente ligadas à gestação.

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