O que fazer quando a mãe não consegue ou não pode amamentar?
A Amamentação é o melhor para a mãe e o bebê e somos à favor do aleitamento materno, mas não podemos virar as costas para a realidade brasileira quando o tema é amamentação.
Prezadas mães, pais e cuidadores de crianças.
Entre as dúvidas mais frequentes após a publicação de meu primeiro artigo aqui no Guia do Bebê, a que mais se sobressaiu foi: o que fazer quando a mãe não consegue amamentar de modo natural?
Vejam, reforço que o aleitamento materno exclusivo é algo que deveria acontecer de forma natural, sem muitos obstáculos. Porém, durante muitos e muitos anos tivemos a influência massiva da mídia, reforçando o abandono do hábito de amamentar e isso vem ocorrendo desde que adentrou em nosso mercado consumidor o leite de vaca processado e as fórmulas industrializadas.
Gostaria de deixar claro que, atualmente, após décadas de desuso da prática do aleitamento materno, por opção de utilizar fórmulas lácteas industrializadas, as mães perderam um pouco o instinto materno que fazia do Aleitamento Materno Exclusivo algo bem natural.
Como mãe e como pesquisadora na área, quero dizer que o aleitamento materno é para ser algo natural. A descida do leite é para acontecer de forma simples, sem muitos percalços. Porém, é uma realidade que muitas mães (inclusive eu) enfrentam ou enfrentaram grandes dificuldades para amamentar. Os motivos: falta de apoio profissional, familiar e as influências do nosso ambiente anti-aleitamento materno.
A saída é atacar o mal pela raiz. Isso o Ministério da Saúde vem fazendo, mas necessitamos de políticas públicas mais abrangentes. Profissionais capacitados e em número suficiente para acompanhar as gestantes durante a gestação e no processo pós-parto. É neste período crítico, o pós-parto, que precisamos e muito da ajuda desses profissionais e da nossa família. Caso contrário, até a mãe mais especializada em Aleitamento Materno, pode desistir, pois as facilidades oferecidas para o desmame são muitas.
Ainda, dentro do processo educativo básico, tanto para meninos quanto para as meninas é preciso inserir como projetos educacionais o tema Amamentar, como uma necessidade básica e como um processo natural do ser humano.
Enfim, o aleitamento materno exclusivo é mesmo a única forma de alimentar seu bebê e prevenir verdadeiramente diversas doenças, incluindo as doenças crônicas não-transmissíveis como diabetes, hipertensão, obesidade e câncer. Esta afirmativa é cientificamente comprovada.
Bem, mas temos o caso da mãe que não obteve apoio profissional, nem familiar, nem preparo algum durante toda a vida para dispor-se ao ato de amamentar exclusivamente ao seio o seu bebê. Não é hora para desespero e mais estresse (um dos grandes vilões para o início do aleitamento materno). Precisamos de fato recorrer a um profissional especializado que indique a fórmula adequada, o volume que deve ser ingerido por vez e o total de fórmula ingerida por dia para que seu filho tenha todas as calorias e nutrientes necessários para manter um crescimento normal. Entendamos que a fórmula Láctea existe desde sua origem para funcionar como um medicamento. Na ausência da alimentação natural (leite materno), na impossibilidade da criança receber o leite materno, entra a prescrição da fórmula Láctea.
E no caso onde os pais ou cuidadores não possuem recursos financeiros suficientes para manter a alimentação do bebê com fórmulas lácteas? (Pois estas custam em torno de R$ 23,00 a R$ 38,00, preço médio, excluindo as fórmulas especializadas).
Bem, o Ministério da Saúde em sua publicação Saúde da Criança: nutrição infantil, aleitamento materno e alimentação complementar explica:
“Quando o desmame não pôde ser revertido após orientações e acompanhamento dos profissionais ou em situações em que a mãe não está recomendada a amamentar, como no caso da mãe soropositiva para o vírus HIV e HTLV-1 e HTLV-2, a melhor opção para crianças totalmente desmamadas com idade inferior a 4 meses é a alimentação láctea, por meio da oferta de leite humano pasteurizado proveniente de Banco de Leite Humano, quando disponível.”
O Ministério da Saúde acrescenta ainda que : “É conveniente evitar o leite de vaca não modificado no primeiro ano de vida em razão do pobre teor e baixa disponibilidade de ferro, o que pode predispor à anemia, e pelo risco maior de desenvolvimento de alergia alimentar, distúrbios hidroeletrolíticos e predisposição futura para excesso de peso e suas complicações.”
Dessa forma, conhecendo todos os riscos inerentes a alimentação não natural nos primeiros seis meses de vida e verificando que comprar fórmulas lácteas não está dentro do padrão socioeconômico da família, seguem as recomendações para diluição do leite integral, visto que em sua composição original é extremamente prejudicial á saúde da criança:
Reconstituição do Leite para crianças Menores de 4 meses de acordo com o volume |
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Para aqueles que usarão o leite em pó integral |
1 colher de sobremesa rasa para 100 ml de água fervida 1 e ½ colher de sobremesa rasa para 150 ml de água fervida 2 colheres das de sobremesa rasa para 200 ml de água fervida Preparo do leite em pó: primeiro diluir um pouco do leite em pó em um pouco de água fervida e depois adicionar o restante da água até completar o volume indicado para cada criança. |
Para aqueles que usarão o leite integral fluido (líquido) |
2/3 de leite fluido + 1/3 de água fervida 70ml de leite + 30ml de água = 100ml 100ml de leite + 50ml de água = 150ml 130ml de leite + 70ml de água = 200ml Os valores indicados acima são aproximados, de acordo com a variação de peso corporal da criança nas diferentes idades. Após os quatro meses de idade, o leite integral líquido não deverá ser diluído e deve ser oferecido com outros alimentos. |
Qual a quantidade que deve ser fornecida de acordo com a faixa etária?
Na verdade o volume recomendado é de 25 a 30 ml por quilo por refeição.
Exemplo:
Criança com 5 quilos deve receber um volume de leite ou fórmula láctea de até 150 ml por cada refeição.
IMPORTANTE: essa recomendação é geral, não dispensa a orientação precisa de um profissional que avaliará cada caso.
Idade da criança | Número de refeições por dia |
---|---|
Do nascimento aos 30 dias | 6 a 8 |
30 a 60 dias | 6 a 8 |
2 a 3 meses | 5 a 6 |
3 a 4 meses | 4 a 5 |
Maior que 4 meses | 2 a 3 |
Adaptado de Ministério da Saúde, 2006 Após os quatro meses de idade, o leite integral líquido não deverá ser diluído e deve ser oferecido com outros alimentos (alimentação complementar). |
Por fim, volto a repetir que o Aleitamento Materno Exclusivo nos primeiros seis meses de vida é o melhor alimento, o mais completo e está comprovado cientificamente que é a alimentação mais saudável que podemos fornecer para nossos filhos, sem custo algum. As dificuldades para amamentar podem surgir por conta das influencias culturais e sociais, e neste caso podemos procurar a ajuda de profissionais para nos apoiar neste momento tão importante. A humildade para buscar ajuda profissional é algo imprescindível nesta etapa da vida.
Bibliografia consultada:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.112 p: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23).
Dra. Pollyanna Fernandes Patriota
Mestre em saúde Materno-infantil
Esta página foi publicada em: 28/02/2012.
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