domingo, 21 de agosto de 2011

Reformulação do PSF

Especialista defende reformulação do PSF

Consultor diz que prioridade deveria ser tratamento de problemas crônicos, como diabetes e hipertensão, em vez de doenças agudas

15 de agosto de 2

BRASÍLIA

Filipe Araujo/AE–5/5/2009
Filipe Araujo/AE–5/5/2009
Equipe. O médico Francisco Silhou Jose, do Programa Saúde da Família, atende em São Paulo

A decisão do governo federal de flexibilizar a carga horária dos médicos que trabalham no Programa Saúde da Família (PSF) divide especialistas. Alguns defendem que a medida seja estendida aos demais profissionais da equipe. Outros acreditam que a concessão vai prejudicar a qualidade do atendimento.

"A equipe do PSF deve formar um time. Todos trabalhando integrados. Algo que será muito difícil com dois médicos dividindo as tarefas", disse o consultor em saúde pública Eugenio Vilaça, que prepara um livro sobre a experiência do PSF no Brasil,

Para Vilaça, o programa não precisa de pequenas concessões como a mudança na carga horária e sim de uma radicalização.

"Com a mudança no perfil populacional, a atenção básica deve se voltar cada vez mais para o tratamento de problemas crônicos, como diabetes e hipertensão, em vez de doenças agudas, como diarreias", disse.

Para fazer frente a essa demanda, completou Vilaça, é essencial que as equipes adquiram cada vez mais o caráter multidisciplinar, agregando, por exemplo, profissionais como nutricionistas e fisioterapeutas.

O modelo atual já prevê núcleos de apoio às equipes do PSF com profissionais de diversas áreas. Uma iniciativa que, na avaliação de Vilaça, não é suficiente.

Aconselhamento. "Eles são responsáveis por áreas muito grandes e acabam fazendo um serviço mais de aconselhamento do que de acompanhamento direto. Não é isso que propomos. A ideia é que cada equipe multidisciplinar trabalhe como um time. Funcione 40 horas atendendo diretamente um grupo de pessoas", observou.

Com 17 anos de funcionamento, o PSF coleciona vários indicadores positivos, diz Vilaça. O programa ajudou a reduzir a mortalidade e tem penetração na áreas mais pobres e mais necessitadas. "Mas há problemas a superar. Para isso, é preciso investimento, gerenciamento e capacidade de atender à mudança na demanda", defende Vilaça.

O pediatra Gilson Carvalho também considera que o programa precisa de alterações. Mas, ao contrário de Vilaça, defende que alguns dogmas sejam quebrados, como a carga horária integral. A realidade do País, argumenta, é muito diferente e, por isso, algumas adaptações podem ser feitas.

Carvalho acredita não haver inconvenientes se a mudança for estendida para outras categorias do PSF. "A qualidade do atendimento depende muito mais de outras variáveis como o compromisso e dedicação dos profissionais."

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