Vacina de DNA pode curar doença de Chagas
Pesquisadores conseguem avanços inéditos no uso de vacinas de DNA para a cura da doença de Chagas. Mas falta investir em testes clínicos
A doença de Chagas é transmitida por insetos conhecidos como barbeiros (na foto, o Rhodnius prolixus)
São Paulo -- Uma série de projetos de pesquisa iniciada em 1994, com apoio da FAPESP, tem conseguido avanços importantes na vacinação contra a doença de Chagas, culminando com a cura inédita de camundongos altamente suscetíveis por meio de uma tecnologia de vacina de DN
No entanto, de acordo com o coordenador dos projetos Maurício Martins Rodrigues, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ainda não há perspectiva para a realização de testes clínicos, devido à falta de interesse da indústria. A doença de Chagas é considerada uma doença negligenciada.
O protocolo de vacinação utilizado envolve a indução de células T do tipo CD8 contra um antígeno do Trypanosoma cruzi: uma proteína da superfície do amastigoto, que é o parasita em seu estágio intracelular. As células T são glóbulos brancos envolvidos com a resposta imune a tumores e agentes infecciosos.
Rodrigues apresentou o modelo nesta quinta-feira (25/08), durante a 26ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE), no Rio de Janeiro.
Doença negligenciada
Segundo Rodrigues, os projetos de pesquisa têm gerado inúmeros trabalhos, teses, reagentes e patentes, que são importantes para o possível desenvolvimento para uma vacina contra a doença de Chagas. O problema é que, por ser uma doença negligenciada, não tem havido interesse explícito de nenhuma companhia em gerar um produto a partir daí.
“A atual situação é que geramos todos os vetores, as proteínas recombinantes de resultados experimentais em animais, obtivemos as patentes e precisávamos agora de algum tipo de contato com empresas interessadas em produzir esse tipo de vacina. Nessa fase da pesquisa, esse interesse já teria se manifestado se não se tratasse de doença de Chagas”, disse à Agência.
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