Nova edição de ‘Ciência & Saúde Coletiva’ está no ar
Publicada em
A edição de dezembro de 2013 (vol. 18, n. 12) da revista Ciência & Saúde Coletiva está disponível on-line. Esse número aborda o tema Envelhecimento: bônus demográfico - o desafio para o setor saúde.
De acordo com o editorial da publicação, trata-se do novo paradigma
demográfico, já que cerca de 190 milhões de habitantes residentes no
Brasil, contados pelo Censo Demográfico de 2010, são resultados de uma
história populacional iniciada há mais de cem anos. Para a pesquisadora
Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
que assina o editorial, o envelhecimento populacional está ocorrendo
antes de o Estado brasileiro resolver as necessidades sociais básicas,
como educação e saúde. “Essa visão foi responsável pela legitimação de
alguns direitos sociais, como a universalização da aposentadoria, filas
especiais, assentos reservados nos transportes públicos, gratuidade nos
transportes urbanos, meia entrada e outros”, considera.
Ana Amélia disse que a expectativa é que a mortalidade continue a se
reduzir e a vida a se alongar, mas reconhece-se que é difícil projetar o
limite desse alongamento. “A redução da oferta de força de trabalho
implicará em uma diminuição no número de contribuintes para a seguridade
social, o que leva a se perguntar se será possível para o Brasil
continuar mantendo a dissociação entre envelhecimento e pobreza. O
cuidado do idoso frágil é também uma questão não resolvida. Essa
responsabilidade continua sendo atribuída à família sem considerar as
mudanças que nela ocorrem”, completou.
Entre os
diversos artigos publicados no novo número da Revista Ciência &
Saúde Coletiva, uma publicação da Abrasco, três têm a participação de
pesquisadores da Escola.
O artigo Prevalência e fatores associados à realização de exames de rastreamento para câncer de próstata em idosos de Juiz de Fora, de
autoria de Lívia Maria Santiago da Universidade Federal do Rio de
Janeiro; Laércio Lima Luz e Inês Echenique Mattos, da ENSP; e João
Francisco Santos da Silva, da Universidade Federal do Mato Grosso do
Sul, objetiva estimar a prevalência de realização de exames de
rastreamento para câncer de próstata em idosos de Juiz de Fora (MG) e
analisar os fatores associados. Trata-se de estudo seccional com 2825
homens de 60 anos ou mais que participaram da campanha de vacinação
contra gripe de 2006. Foram analisadas variáveis sociodemográficas e
relativas a condições de saúde e ao uso de serviços de saúde. A
prevalência de realização de toque retal foi 61,0% e a de PSA 75,5%. As
variáveis "história familiar de câncer de próstata", "tipo de serviço de
saúde", "status conjugal", "uso de medicação regular" e "escolaridade"
foram fatores independentes associados à realização de toque retal. O
estudo evidencia que muitos idosos têm aderido à prática do rastreamento
e a necessidade de dimensionar e qualificar esse processo, tendo em
vista suas possíveis repercussões na saúde pública.
No artigo Velhice e Saúde na Região da África Subsaariana: uma agenda urgente para a cooperação internacional,
José Luiz Telles; Ana Paula Abreu Borges, da ENSP, relatam que a região
subsaariana do continente africano é onde se concentra a maior carga de
doença do mundo e é a única região do planeta onde se espera que o
número de pessoas pobres irá aumentar nas próximas décadas. “Os países
desta região, em diferentes graus, experimentam processo lento de
envelhecimento populacional, mas, ao mesmo tempo, é onde a população
idosa mais cresce em números absolutos”. Os autores constatam que as
políticas públicas voltadas para este segmento populacional na região
não representam prioridade e, por conseguinte, dificilmente entram na
agenda atual da cooperação internacional.
Avaliação dos serviços de farmácia dos hospitais estaduais do Rio de Janeiro,
artigo dos pesquisadores Mario Jorge Sobreira da Silva, Instituto
Nacional de Câncer; Rachel Magarinos-Torres e Claudia Garcia Serpa
Osorio-de-Castro, da Universidade Federal Fluminense; e Maria
Auxiliadora Oliveira, da ENSP, apresenta o resultado da avaliação
normativa em que foram empregados 62 indicadores de estrutura e
processo, que permitiram verificar a adequação das atividades da
farmácia hospitalar. Os hospitais foram hierarquizados, sendo escolhidos
para o estudo de casos múltiplos o pior e o melhor serviço de cada
nível de complexidade, perfazendo um total de seis unidades. De acordo
com o artigo, a avaliação do desempenho mostrou que apenas uma unidade
realizava a contento as atividades de gerenciamento e programação.
Quatro realizavam inadequadamente a aquisição de medicamentos. “Os
piores resultados de desempenho nos seis hospitais estudados foram
relacionados ao componente armazenamento, e os melhores à atividade de
distribuição. Os dados são preocupantes, por serem as atividades
avaliadas consideradas centrais da farmácia hospitalar”, concluem.
O novo número está disponível no site da na base de dados da SciELO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário