sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Novos padrões de gestação

 
Posted: 06 Dec 2013 12:44 AM PST
Bebês que nascem a termo, segundo a nova definição, têm os
 melhores resultados de saúde
Diante do aumento de partos antes de 39 semanas de gestação, associação americana estabelece novos padrões para classificar "gravidez a termo"
 
Uma gestação mais curta ou mais longa do que o normal, pode, às vezes, não ser ideal para a criança e, ocasionalmente, para a mãe. Uma gravidez com uma semana a mais ou a menos do que o normal pode afetar a saúde do feto notavelmente, mostram estudos.
 
A frase "gravidez a termo" refere-se àquelas que duram entre 37 e 42 semanas. Entretanto, o termo é confuso e sujeito à interpretação individual. O fato de qualquer momento em um período de cinco semanas poder ser classificado como "a termo" gerou um grande desentendimento entre grávidas e médicos quanto à melhor hora para os bebês nascerem quando não há motivo convincente para adiantar ou atrasar o parto.
 
Alarmadas pela recente tendência de induzir o parto ou agendar cesarianas antes de 39 semanas de gestação de um único bebê, em outubro, a Escola Americana de Obstetras e Ginecologistas e a Sociedade da Medicina Maternal e Fetal lançaram quatro novas definições de partos "a termo" para esclarecer as dúvidas das mulheres e dos médicos.
 
"A linguagem e os termos são importantes", disse Jeffrey L. Ecker, especialista materno-fetal em Boston, e presidente do comitê sobre práticas obstétricas da faculdade. "As consequências podem variar, e nós queremos nos certificar de que todos os envolvidos – médicos, parteiras e pacientes – estejam falando a mesma língua."
 
Mudanças de terminologia
As novas definições são baseadas na duração da gravidez calculada desde o primeiro dia da última menstruação da mulher, a data conhecida da concepção ou da medição do feto através de ultrassom, durante as 13 primeiras semanas de gravidez:
 
- Pré-termo: entre 37 semanas e 0 dia, e 38 semanas e 6 dias.

- A termo: entre 39 semanas e 0 dia, e 40 semanas e 6 dias.

- Pós-datismo: entre 41 semanas e 0 dia, e 41 semanas e 6 dias.

- Pós-termo: 42 semanas e 0 dia, ou mais.
 
"Esta mudança na terminologia deixa claro tanto para o médico quanto para a paciente que os resultados não são uniformes mesmo depois de 37 semanas", disse Ecker. "Cada semana de gestação, até a semana 39, é importante para o feto desenvolver-se completamente antes do parto e ter um começo saudável."
 
Durante as últimas semanas de gravidez, entre a semana 37 e a 40, os pulmões do bebê e o cérebro estão completamente maduros. Os bebês que nascem a termo, segundo a nova definição, em média, têm os melhores resultados de saúde.
 
Ecker, entre outros especialistas, defende a paciência: observar a mãe e o feto semanalmente, e permitir que a natureza tome seu curso quando não há outro motivo para intervir. Se for importante agendar uma cesariana ou induzir o parto em uma gravidez saudável, "é propício apenas depois da trigésima nona semana", observa.
 
Quando adiantar é necessário
Obviamente, há muitas situações nas quais um parto planejado antes das 39 semanas é desejável e, possivelmente, salvará vidas. Uma circunstância comum é na gravidez de gêmeos, que agora costumam nascer com 38 semanas. Estudos sugerem que, em média, os gêmeos não se saem tão bem quando a gravidez continua até o fim.
 
Outras condições que podem justificar um parto pré-termo incluem anomalias placentárias, uma cesariana anterior que tenha cortado a parede muscular do útero, uma quantidade inadequada de fluidos amnióticos e ruptura permanente das membranas que envolvem o feto.
 
"Se tudo estiver certo com a mãe e o bebê, um parto antes da semana 39 não é justificável", disse Catherine Y. Spong, especialista materno-fetal no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, cujos estudos, em grande parte, formaram a nova definição da gravidez a termo.
 
Riscos para o bebê
Em uma pesquisa realizada com 28.867 mulheres que haviam marcado uma segunda cesariana, Spong e colegas avaliaram as chances de um resultado adverso para um bebê em relação à duração da gestação. Eles descobriram que quanto mais cedo o parto, maiores os riscos para o bebê desenvolver problemas respiratórios, ser levado para a UTI neonatal, precisar de ressuscitação cardiopulmonar ou ventilação mecânica, desenvolver uma infecção, enfrentar baixo nível de açúcar no sangue ou precisar de hospitalização prolongada.
 
Dados mostram que o bebê que nasce na trigésima sétima semana tem quatro vezes mais chance de ter problemas de saúde do que quando o parto é feito com 39 semanas. Esse risco é o dobro quando o procedimento é feito com 38 semanas de gestação, ainda comparando com 39 semanas.
 
"Nossos resultados indicam que uma proporção elevada de cesarianas são feitas antes das 39 semanas nos Estados Unidos", escreveram. "Esses partos prematuros estão associados a um aumento da morbidade neonatal e às entradas na UTI neonatal, que têm um custo financeiro elevado. Essas descobertas apoiam as recomendações de atrasar o parto eletivo até a trigésima nona semana de gestação." O parto após 40 semanas também está relacionado a um risco maior de perigo para a criança.
 
Uma pesquisa israelense descobriu uma taxa de morte infantil três vezes maior entre aqueles nascidos entre 34 e 37 semanas, quando comparados a bebês nascidos a termo. Os autores mostraram que as últimas seis semanas de gestação "representam um período crítico de crescimento do cérebro e pulmões fetais, entre outros sistemas".
 
Efeitos de um nascimento pré-termo podem durar a vida toda. Um estudo finlandês publicado na edição de outubro da revista médica Pediatrics que acompanhou aproximadamente 9.000 homens e mulheres nascidos entre 1934 e 1944 descobriu que, comparados àqueles nascidos a termo, os que nasceram entre 34 e 36 semanas de gestação eram menos educados, tinham rendimentos mais baixos e cargos menores do que os pais.
 
Spong também apontou os riscos que a mãe corre ao dar à luz antes do tempo. O parto induzido pode não funcionar e demorar muito; as chances de infecções e hemorragia pós-parto são maiores. Além disso,  a hospitalização pode ser prolongada.
 
The New York Times/Delas

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