Ministério da Saúde estende tratamento para todos com HIV
Medida, anunciada neste domingo, aumentaem 32% no número de
pacientes atendidos com antirretrovirais no país. Ministério dá início a
estudo piloto para uso de profilaxia pré-exposição com oferta de
medicamentos a pessoas não infectadas
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou na manhã deste domingo
(1º), no Rio de Janeiro, que todos os adultos com testes positivos de
HIV, mesmo que não apresentem comprometimento do sistema imunológico,
terão acesso aos medicamentos antirretrovirais contra a aids pelo
Sistema Único de Saúde (SUS). A medida integra o novo Protocolo Clínico
de Tratamento de Adultos com HIV e Aids e é uma dasações do Ministério
da Saúde que marca o Mundial de Luta contra a Aids, celebrado hoje. A
portaria será publicada nesta segunda-feira (2) no Diário oficial da
União. Atualmente, além do Brasil, apenas França e Estados Unidos
ofertam medicamento antirretroviral aos pacientes soropositivos,
independente do estágio da doença.
A oferta com antirretrovirais é uma medida inovadora, com impacto na
saúde individual porque garante a melhoria da qualidade de vida das
pessoas infectadas pelo HIV e reduz a transmissão do vírus. Isso porque a
pessoa em tratamento com antirretrovirais, ao diminuir a carga viral,
reduz a propagação do HIV “Com as novas medidas, o Brasil se torna o
primeiro país no mundo a implantar o tratamento como prevenção em um
sistema de saúde pública”, afirmou Padilha, durante a cerimônia.
Na ocasião, o ministro anunciou também a oferta pelo SUS, aos pacientes
com HIV, da dose tripla combinada, o chamado três em um. “Este
medicamento será disponibilizado como tratamento inicial para as pessoas
com o HIV. Nossa meta é ofertar, em um primeiro momento, para dois
estados: Rio Grande do Sul, por ter uma das maiores taxas de detecção do
país, epara o Amazonas, que tem uma das maiores taxas de mortes por
aids em relação aos casos registrados no estado”, justificou o ministro,
ressaltando que, posteriormente,será disponibilizado aos demais estados
do país.
PREVENÇÃO INOVADOR -Além de lançar o novo protocolo,
com a nova estratégia de tratamento e de prevenção, o Ministério da
Saúde também dará início a um estudo inédito no País para o uso de
tecnologias de prevenção inovadoras, como a Profilaxia Pré-Exposição
(PREP). O estudo será realizado no Rio Grande Sul, como projeto piloto, e
integra as ações previstas no termo de cooperação técnica, entre o
Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul,
assinado neste domingo.
A ideia é introduzir nos Serviços de Assistência Especializada (SAE) e
nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) a Profilaxia Pré-Exposição e
expandir para a atenção básica a Profilaxia Pós Exposição (PEP), que já é
oferecida no SUS desde 2010, nos SAE. O estudo, que será realizado em
um primeiro momento no Rio Grande do Sul, terá prazo de um ano e deve
ser iniciado no primeiro trimestre de 2014.
A PREP será usada como estratégia de intervenção para a prevenção da
transmissão entre populações prioritárias- homens que fazem sexo com
homens, gays, profissionais do sexo, travestis, transexuais, pessoas que
usam drogas, pessoas privadas de liberdade e em situação de rua. A PREP
é o uso diário de antirretrovirais em pessoas não infectadas, mas que
estão emrisco muito elevado de infecção pelo HIV, de forma a bloquear a
aquisição do vírus.
A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) é uma medida de prevenção que consiste
no início do uso de medicamentos até 72 horas decorridas de uma
provável exposição ao vírus HIV e já é utilizada, basicamente, em duas
situações: em casos de risco de contaminação por HIV de profissionais de
saúde na atividade laboral, devido a acidentes, e em casos de relações
sexuais para reduzir o risco de transmissão do HIV, quando ocorre falha
nas medidas de prevenção.
NOVO PROTOCOLO - Desde o início da oferta do
antirretroviral no SUS, há 17 anos, 313 mil pessoas foram incluídas no
tratamento. Com o novo protocolo, o Ministério da Saúde irá
disponibilizar os medicamentos a mais 100 mil pessoas, apenas em 2014.
Isso significa um aumento de 32% no número de pacientes vivendo com HIV
com acesso ao antirretroviral.
A expansão da oferta do tratamento foi acompanhada pelo fortalecimento
da produção nacional de medicamentos. Atualmente, o Brasil fabrica
metade dos 20 medicamentos ofertados pelo SUS, tendo incorporado, nos
últimos dois anos, duas novas drogas – tipranavir e maraviroque.
O investimento federal no combate à epidemia de aids e para as demais
doenças sexualmente transmissíveis chegou a R$ 1,2 bilhão em 2013, sendo
cerca de R$ 770 milhões para custear a oferta dos medicamentos. Há 10
anos, a verba era quase metade disso: R$ 689 milhões, dos quais R$ 551
milhões destinados ao tratamento.
Além disso, a rede de assistência conta hoje com 518 Centros de
Testagem e Aconselhamento (CTA), 712 Serviços de Assistência
Especializada (SAE) e 724 Unidades de Distribuição de Medicamentos
(UDM). Gradualmente as Unidades Básicas de Saúde estão sendo
incorporadas na atenção de casos menos complicados.
Com a assinatura e publicação da portaria no Diário Oficial nesta
segunda-feira (2), o novo tratamento para adultos com HIV positivo passa
a valer em todo o território nacional. O paciente poderá iniciar o
tratamento logo após a confirmação da presença do vírus no organismo. A
medida amplia a qualidade de vida da pessoa em tratamento e reduz a
possibilidade de transmissão do vírus. Dados de estudos internacionais
evidenciam que o uso precoce de antirretrovirais diminui em 96% a taxa
de transmissão do HIV.
Cooperação - O termo de cooperação entre o governo do
Estado do Rio Grande do Sul e a União define ações coordenadas para
responder à situação de epidemia do HIV/aids do estado. Além do
tratamento como prevenção, PREP e PEP, o documento estabelece outras
metas, como a redução dos óbitos por aids e por co-infecções com a
tuberculose e hepatites virais; as ações de prevenção para populações
vulneráveis eo aumento da capacidade e eficiência dos serviços de
saúde.
Todas estas metas serão estabelecidas em um plano de ação, que será
elaborado por um grupo de especialistas da área, sob a coordenação do
professor de epidemiologia da Faculdade de Medicina da UFRGS, Ricardo
Kuchenbecker. O grupo deverá apresentar as conclusões no prazo de 30
dias, após assinatura do Termo de Cooperação.
CAMPANHA - Com o slogan “Para viver melhor, é preciso
saber”, a campanha nacional incentiva o diagnóstico rápido. É composta
por vídeos para TV e web e peças gráficas dirigidas, especificamente, a
determinadas populações prioritárias, como gays, travestis, gestantes e
profissionais do sexo. O objetivo é incentivar o diagnóstico de HIV,
como primeiro passo para tratamento e prevenção.
Pela primeira vez, o Ministério da Saúde lança um vídeo interativo,
exclusivo para as redes sociais. O tema do filme é ajudar as pessoas a
decidirem pela realização do teste. A campanha tem o desafio de
desmistificar o teste de aids e incluí-lo na rotina do atendimento de
todas as pessoas que têm vida sexual ativa.
RIO DE JANEIRO - Durante a cerimônia, o Ministroda
Saúde entregou ao estado do Rio de Janeiro a primeira Unidade de
Testagem Móvel (UTM) do país, com capacidade para realizar cerca de
1.700 testes rápidos por mês. Todos os estados da federação irão receber
unidades móveis para diagnósticos de HIV. O caminhão irá possibilitar a
realização de testagem móvel em locais de difícil acesso e grandes
mobilizações populares.
“Este tipo de unidade móvel é muito importante por facilitar a busca
dos grupos vulneráveis. Com estesveículos, estaremos nos locais onde se
encontram as populaçõesprioritárias para oferecer, não apenas o
diagnóstico, como outras medidas de prevenção”, observou o secretário de
Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. Segundo o secretário, integrantes
destes grupos, muitas vezes, deixam de procurar atendimento em uma
unidade de saúde por medo do preconceito das pessoas. “A utilização de
UTM é uma das formas de enfrentar este problema”, ressaltou.
TESTE RÁPIDO - Nos últimos anos, o Ministério da Saúde
tem incentivado o diagnóstico, principalmente pelo uso do teste rápido.
Iniciado em larga escala em 2005, com cerca de 500 mil testes
distribuídos, o Ministério elevou esse número em mais de 600%, com a
distribuição de 3,2 milhões de testes, até outubro deste ano.
Com a mesma confiabilidade do tradicional, o teste rápido exige apenas
uma gota de sangue do paciente e fica pronto em cerca de 30 minutos. O
exame é 100% nacional desde 2008, produzido pela Biomanguinhos/Fiocruz e
pela Universidade Federal do Espírito Santo.
Atualmente,518 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), no país,
disponibilizam o teste rápido anti-HIV, além de oferecer aconselhamento
sobre prevenção, diagnóstico, tratamento e qualidade de vida. O teste
rápido também é oferecido nas maternidades públicas, nos serviços
especializados eem mais 60% das Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Boletim Epidemiológico - A epidemia de aids no Brasil é
considerada como concentrada porque, apesar de uma prevalência do HIV
baixa, na população em geral (0,4%), em alguns grupos prioritários -
homens que fazem sexo com homens, gays, profissionais do sexo,
travestis, transexuais, pessoas que usam drogas – ela pode ser maior que
10%. A taxa de detecção tem se apresentado estável, nos últimos anos,
em torno de 20 casos de aids a cada 100 mil habitantes, o que representa
cerca de 39 mil casos novos da doença ao ano.
O coeficiente de mortalidade por aids vem reduzindo no Brasil nos
últimos 10 anos. Em 2003, era de 6,4 casos por cada 100 mil habitantes,
caindo 5,5 por 100 mil habitantes em 2012. Entretanto, esta tendência
não é observada nas regiões Norte e Nordeste, que apresentam aumento ao
longo deste período. Do total de óbitos por aids no Brasil, até o ano
passado, 190.215 (71,6%) ocorreram entre homens e 75.371 (28,4%) entre
mulheres.
“A aids continua como um problema de saúde no Brasil. Embora, em
termos nacionais a epidemia esteja estabilizada, existem diferenças
regionais. Diante desta situação, estamos cada vez mais empenhado na
adoção de medidas que contribuam para a reverter este quadro”, afirmou o
diretor do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da
Saúde, Fábio Mesquita, após encerramento da cerimônia, no Rio de
Janeiro.
Estimativas indicam que, atualmente, cerca de700 mil pessoas podem
estar infectadas com o HIV, sendo que cerca de 150 mil desconhecem esta
situação. O não conhecimento da sorologia é hoje um dos desafios a serem
enfrentados no combate à doença no país.
Nos últimos 10 anos, há uma tendência de queda na proporção de casos
por transmissão vertical na faixa etária de menores de cinco anos. Em
2012, esses casos representaram 41,8%, sendo que em 2003 esses números
representavam 63,8% desses casos.
Em 2003, foram detectados 913 casos nessa faixa etária, com taxa de 5,3
por 100 mil habitantes. No ano de 2012, foram registrados 475 casos,
com taxa 3,4 por 100 mil habitantes, ou seja, uma redução de 36% na taxa
de detecção. Importante ressaltar que esse indicador tem sido utilizado
para monitorar a taxa de transmissão vertical do HIV (mãe para filho)
em menores de cinco anos.
Dentre as cinco regiões do país, nos últimos 10 anos, observa-se uma
diminuição de 18,6% na taxa de detecção na Região Sudeste (de 24,7, em
2003, para 20,1, em 2012) e de 0,3% na Sul (de 31,0 para 30,9). Todas as
outras regiões apresentaram aumento, sendo 92,7% na Região Norte, 62,6%
na Nordeste, 6,0% na Centro-Oeste. Este cenário sinaliza uma
estabilização dos casos de aids no país.
O Rio Grande do Sul é o estado que apresenta a maior taxa de detecção,
desde 2005. O estado de Santa Catarina ocupou a segunda posição nos
últimos dois anos. Em 2012, a taxa de detecção do Rio Grande do Sul foi
de 41,4 e de Santa Catarina 33,5 para cada 100 mil habitantes.
Entre as capitais brasileiras, Porto Alegre e Florianópolis continuam
liderando a classificação por taxa de detecção de casos de aids,
ocupando os dois primeiros lugares, desde 2006, com 93,7 e 57 casos de
aids a cada cem mil habitantes respectivamente para 2012.
Por Nivaldo Coelho, da Agência Saúde/Ascom-MS
Atendimento à Imprensa
(61) 3315 3580 / 2005
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