Posted: 18 Mar 2013 06:56 AM PDT
Excesso de trabalho, estresse, insônia, acúmulo de tarefas e distúrbios
do sono são alguns dos vilões mais comuns de uma boa noite de descanso.
Um estudo realizado em janeiro de 2013 pelo Instituto de Pesquisa e
Orientação da Mente (IPOM) afirma que 69% dos brasileiros avaliam seu
próprio sono como ruim e insatisfatório, com problemas que vão desde a
dificuldade para pegar no sono até acordar diversas vezes durante a
noite.
Embora as poucas horas de sono já façam parte da rotina dos brasileiros,
dormir menos do que o recomendado (de seis a oito horas) pode afetar a
nossa saúde como um todo - funções que muitas vezes nem imaginamos estar
relacionadas ao sono.
Quer descobrir como a falta de sono afeta o seu corpo? Confira os que os
especialistas dizem sobre o assunto neste Dia Mundial do Sono,
celebrado neste último sábado, dia 16 de março:
Durante o sono nosso organismo produz a leptina, um hormônio capaz de
controlar a sensação de saciedade ao longo do dia. Por isso, pessoas que
dormem pouco produzem menores quantidades desse hormônio. Além disso,
quem tem o sono restrito produz mais quantidade do hormônio grelina, que
provoca fome e reduz o gasto de energia. "A consequência é a ingestão
exagerada de calorias durante o dia, pois o corpo não se sente
satisfeito", explica a endocrinologista Alessandra Rasovski, da
Sociedade Brasileira e Endocrinologia e Metabologia. Segundo um estudo
feito na Universidade de Chicago, pessoas que dormem de seis a oito
horas por dia queimam mais gorduras do que aquelas que dormem pouco ou
tem o sono fragmentado. A pesquisa afirma que a falta de sono reduz em
55% a queima de gordura.
"O sono é uma etapa crucial para o cérebro transformar a memória de
curto prazo relevante em memória de longo prazo", afirma o neurologista
André Felicio, da Academia Brasileira de Neurologia. O especialista
explica que, durante a noite, o cérebro faz uma varredura entre as
informações acumuladas, guardando aquilo que considera primordial,
descartando o supérfluo e fixando lições que aprendemos ao longo do dia.
"Por esse motivo, quem dorme mal costuma sofrer para se lembrar de
eventos simples, como episódios do dia anterior ou nomes de pessoas
próximas", diz.
É durante o sono que acontecem diversos processos em nosso organismo,
dentre elas a produção de anticorpos. De acordo com um estudo da
Universidade de Chicago (EUA), dormir pouco reduz a função imune e o
número de leucócitos, células responsáveis por combater corpos estranhos
em nosso organismo. Segundo a pesquisa, quem dormia quatro horas por
noite por uma semana tinham os anticorpos reduzidos pela metade, quando
comparados aqueles que dormiram até oito horas.
As mudanças no ciclo do sono podem atrapalhar a síntese dos hormônios de
crescimento e do cortisol, já que ambos são produzidos enquanto
dormimos. "Os maiores efeitos dessa deficiência são despertar cansado, a
dificuldade de raciocínio e a ansiedade, que podem interferir na
realização de tarefas do cotidiano, levando a problemas como déficit de
atenção, acidentes de trânsito, indisposição física, irritabilidade e
sonolência", diz a endocrinologista Alessandra.
Durante o sono, produzimos hormônios "rejuvenescedores", como a
melatonina e o hormônio do crescimento. "Esses hormônios exercem funções
reparadoras e calmantes para a pele, e a falta de sono impede que o
corpo descanse adequadamente", afirma a endocrinologista Alessandra. Os
maiores resultados disso são uma pele sem viço e com olheiras. O
estresse provocado pela falta de sono também favorece o aparecimento de
rugas.
Pessoas com diabetes que tem um sono insuficiente desenvolvem uma maior
resistência insulínica, tornando o controle da doença mais difícil. É o
que afirma um estudo feito pela Northwestern University, dos Estados
Unidos. Os pesquisadores concluíram que portadores de diabetes que
dormem mal tinham 82% mais resistência à insulina que os portadores com
sono de qualidade. Além disso, a falta de sono adequado pode favorecer o
aparecimento de diabetes tipo 2 em quem não tem a doença. "É durante o
sono que o corpo estabiliza os índices glicêmicos, por isso quem não tem
um sono de qualidade sofre com o descontrole do nível de glicose,
podendo desenvolver diabetes", explica a endocrinologista Alessandra.
A neurologista Rosa Hasan, responsável pelo Laboratório do Sono do
Hospital São Luiz, explica que a dificuldade em descansar durante a
noite é equivalente a um estado de estresse, aumentando a atividade da
adrenalina no corpo. "Uma noite mal dormida deixa o organismo em estado
de alerta, aumentando a pressão sanguínea durante a noite", explica a
especialista. Ela afirma que com o tempo essa alteração na pressão
sanguínea se torna permanente, gerando a hipertensão.
"Um sono incompleto é uma das principais causas de fadiga ou baixo
desempenho motor", afirma o neurologista André. Quando dormimos
profundamente e sem interrupções, nosso corpo começa a produzir o
hormônio GH, responsável pelo nosso crescimento, e que começa a ser
sintetizado só 30 minutos depois de começarmos a dormir. "O hormônio do
crescimento tem como funções ajudar a manter o tônus muscular, evitar o
acúmulo de gorduras, melhorar o desempenho físico e combater a
osteoporose", explica a endocrinologista Alessandra.
"A falta de sono faz com que o cérebro não descanse plenamente,
prejudicando a comunicação entre os neurônios", explica o neurologista
André. E os neurônios são os responsáveis por produzir os neurônios
relacionados ao nosso bem-estar, como a serotonina. "Por isso que um
sono deficiente impacta o nosso bom-humor de forma direta, podendo até
favorecer quadros de depressão."
Fonte Minha Vida
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