Posted: 02 Mar 2013 04:53 AM PST
"Há muito mais a fazer do que publicar fotos de nós mesmos com cara de pato" |
"Com a internet, qualquer coisa é possível", explicou o jovem americano
Andraka, enquanto contava a história de sua descoberta na conferência
sobre inovação TED, celebrada esta semana em Long Beach, no sul da
Califórnia.
"Há muito mais a fazer do que publicar fotos de nós mesmos com cara de
pato", afirmou nesta quarta-feira, quando apresentou sua TED Talk no
prestigioso encontro que promove o avanço da ciência e da tecnologia.
"Se um jovem de 15 anos que não sabia o que era o pâncreas pôde
descobrir uma forma de detectar um câncer de pâncreas, imaginem o que
vocês poderiam fazer", acrescentou.
Andraka, que fez 16 anos em janeiro, contou como começou há três anos a
navegar na internet para buscar informações sobre o câncer de pâncreas
depois que um amigo da família morreu vítima da doença.
Depois, disse ter se surpreendido ao saber que geralmente este câncer é
detectado tarde demais para salvar a vida do doente. Além disso, o teste
usado para diagnosticá-lo tem 60 anos, acrescentou.
"É mais velho que o meu pai", brincou Andraka, para quem o mais grave é
que é "caro e impreciso", significando que um médico precisa ter uma
suspeita muito grande de câncer para solicitá-lo.
Precisaríamos de um exame barato, rápido e simples, pensou na época.
"Sem desanimar com meu otimismo adolescente, consultei os dois melhores
amigos de um adolescente: Google e Wikipedia", disse Andraka.
Foi assim que descobriu que há milhares de proteínas que podem ser
detectadas no sangue de pessoas com câncer de pâncreas e procurou uma
que pudesse servir como indicador precoce da doença.
"Por último, na tentativa 4.000, quando já estava perdendo o juízo, encontrei a proteína", disse Andraka.
A revelação ocorreu no que descreveu ser uma situação pouco provável:
assistindo a uma aula de biologia do ensino médio, à qual estava
prestando pouca atenção.
"Comecei a ler um artigo sobre os nanotubos (estruturas tubulares com
diâmetro de um nanômetro) escondido debaixo da minha mesa, quando devia
prestar atenção nos anticorpos", lembrou Andraka.
"De repente, percebi que podia combinar o que estava lendo com o que se supunha que devia estar escutando", acrescentou.
Segundo ele, a receita para fazer sensores de papel para detectar a
proteína - a mesotelina - no sangue é "quase tão simples como fazer
biscoitinhos com pedacinhos de chocolate, que eu adoro".
O teste custa três centavos de dólar, leva alguns minutos e
aparentemente tem 100% de precisão, explicou o jovem cientista na
conferência TED.
Andraka disse ter enviado 200 solicitações a laboratórios científicos
para poder dar continuidade ao seu trabalho. Todos recusaram, menos a
Universidade Johns Hopkins, onde passou por um rigorosíssimo
interrogatório antes de ser aceito.
Finalmente, conseguiu dar continuidade à sua pesquisa, que lhe valeu o
grande prêmio da feira internacional de ciência ISEF 2012 (Intel
International Science and Engineering Fair), a maior competição
internacional de ciência em nível pré-universitário.
Andraka disse que sua descoberta tem o potencial de ser adaptada para
detectar outros tipos de câncer, bem como doenças cardíacas e HIV/Aids.
Agora, o jovem disse trabalhar em "algo do tamanho de um torrão de
açúcar", que poderia "ver através da pele" e analisar o sangue ou sinais
de qualquer doença ao custo de US$ 5,00.
Fonte R7
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