Comprometimento: uma via de mão dupla
Saiba você que comprometimento é uma via de mão dupla. Quem cobra comprometimento de alguém tem que se comprometer com este alguém também. Assim é na vida pessoal, com nossos amigos, familiares e com a nossa "cara metade", não importando aqui se esta "cara metade" é um namorado, noivo ou esposo.
Comprometimento não significa relacionamento sem atritos, sem conflitos, sem choque de ideias, sem cara feia para cá ou para lá. Mas, o fato que ambos estão mutuamente comprometidos atenua as tensões, favorece o diálogo e facilita o entendimento e, após à crise, tudo volta à normalidade.
Todos nós conhecemos a famosa frase do poeta Vinicius de Moraes em seu célebre Soneto de Fidelidade, que diz "Que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure". Esta frase refere-se ao amor entre duas pessoas e eu humildemente peço permissão ao nosso querido poeta, para adaptá-la aos nossos tempos e às nossas empresas, "Que o comprometimento não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito e reconhecido, enquanto durar o relacionamento".
Sim, eu proponho que o comprometimento exaustivamente cobrado do colaborador, seja igualmente praticado pela empresa para com ele, enquanto ali permanecer, não importando o tempo que durar esta chama, mas enquanto ela estiver acesa, o profissional tenha que saber, sentir e vivenciar que a empresa está comprometida com ele.
Muitas vezes, é o comprometimento que faz com que esta chama mantenha-se acesa e se prolongue por muitos e muitos anos. Quantas pessoas não dizem: "Não saio da empresa onde trabalho por nada deste mundo, nela eu sou bem tratado", ou "Lá sou respeitado, eu me sinto gente", ou ainda "Vale a pena trabalhar na empresa X, lá eu sou reconhecido".
Comprometimento, aliás, que é uma das estratégias de Gestão de Pessoas mais simples, rápidas e econômicas de se desenvolver, implantar e operacionalizar. Basta querer. Só depende da postura de seus dirigentes e das ações conduzidas pela área de Gestão de Recursos Humanos.
Vamos a dois exemplos muito simples.
O primeiro diz respeito ao processo de contratação de pessoal.
Sua empresa pode demonstrar que está comprometida com seus colaboradores quando adota a política de privilegiar o recrutamento interno, dando a todos as oportunidades de desenvolvimento e de crescimento dentro da estrutura. Minha proposta, é que sua empresa pratique a política de contratar um office-boy sempre que surgir uma vaga de gerente no quadro.
O segundo diz respeito ao já famoso PPR (Plano de Participação nos Resultados).
Pergunto - Como sua empresa pode querer um quadro de colaboradores comprometidos se ela pratica o PPR apenas para os executivos, os gerentes, enfim, só para o pessoal do "andar de cima"?
Você realmente acredita que os colaboradores que não recebem bônus, gratificações e outras premiações estejam comprometidos com sua empresa? Neste caso, minha sugestão é de que você dê o primeiro passo, comprometendo-se antes com eles, repensando seu programa de PPR e incluindo nele, todos, absolutamente todos os colaboradores, daquele que ocupa o cargo mais simples ao mais graduado da empresa, para que todos sintam que pertencem a uma só equipe, que jogam no mesmo time, que trabalham na mesma empresa, com o mesmo foco, em busca do atingimento das mesmas metas e dos mesmos objetivos para, em conjunto, compartilharem do mesmo reconhecimento. (Desculpem-me pelo excesso de "mesmos" na frase, mas, senti que seriam necessários para fortalecer a mensagem).
Poderia discorrer aqui sobre muitos outros exemplos que tratam da importância do comprometimento na motivação e no desempenho das pessoas e seus impactos nas organizações, mas prefiro encerrar lhe propondo uma reflexão: não esqueça que antes de cobrarmos comprometimento dos outros para conosco, é preciso que demonstremos que estamos comprometidos com eles.
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