Pesquisa indica que estresse estimula desejo por doces em mulheres
Publicado em maio 9, 2013 por HC
Foto: USP Imagens
A vontade de comer doces que algumas mulheres sentem pode ter uma explicação: o estresse. Uma pesquisa mostrou que mulheres estressadas têm sete vezes mais chances de desenvolver a Dependência de Substâncias Doces (DSD), também conhecida como fissura por alimentos doces. O estudo foi realizado pela aluna de mestrado Danielle Marques Macedo, sob a orientação da professora Rosa Wanda Diez Garcia, do Departamento de Nutrição e Metabolismo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Segundo Danielle, as principais características das mulheres com estresse foram: baixa escolaridade, baixa renda socioeconômica, presença de problemas conjugais e insatisfação com o ambiente de trabalho.
Foram selecionadas 57 mulheres saudáveis de 20 a 45 anos e com o Índice de Massa Corporal (IMC) na faixa de sobrepeso. O estresse foi diagnosticado por meio do Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp e as mulheres foram divididas em dois grupos: com estresse e sem estresse.
Foram identificadas características do comportamento da DSD e o consumo alimentar. Os níveis basais de dois hormônios reguladores do apetite foram dosados e analisados (grelina ativa e leptina). Os dados antropométricos avaliados foram: peso corporal, estatura, circunferência da cintura e Porcentual de Gordura Corporal (%GC).
As variáveis (DSD, consumo de açúcares e exames bioquímicos) foram analisadas com as mulheres separadas de acordo com a presença do estresse e, posteriormente, com as mulheres separadas pela DSD.
A amostra do estudo foi composta por 31 mulheres com estresse e 26 mulheres sem estresse. A maioria das mulheres com DSD afirmou que come doces para se sentir melhor (ou para mudar o estado de humor); já constataram que precisam de quantidades de doces cada vez maiores; sentem algum sintoma na ausência de doces; sempre consomem doces mais do que pretendiam; ficam horas pensando em como adquirir doces; já reduziram atividades diárias ou de lazer para ficar ingerindo doces; e continuam consumindo esses produtos mesmo sabendo das possíveis consequências à saúde.
Açúcares – Em relação à análise da ingestão média diária de açúcares, não houve diferença estatística entre as mulheres com e sem estresse. No entanto, as mulheres com estresse afirmaram que sentem mais vontade de comer doces.
Os níveis basais de leptina foram significativamente mais altos entre as mulheres dependentes de doces. Níveis aumentados desse hormônio parecem favorecer ainda mais o consumo alimentar, sobretudo de produtos ricos em açúcares. E os dados antropométricos não se diferenciaram entre as mulheres com e sem estresse, com exceção da medida da circunferência da cintura que foi significativamente maior entre as mulheres estressadas.
Esse estudo foi o resultado da dissertação “Estresse, consumo de açúcares, dependência de substâncias doces, e níveis plasmáticos de hormônios reguladores do apetite em mulheres”, apresentada por Danielle em novembro do ano passado.
Matéria de Hérica Dias, no Jornal da USP, publicada pelo EcoDebate, 09/05/2013
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