quinta-feira, 23 de maio de 2013

Reféns


Crianças reféns da tecnologia

As novas tecnologias e formas de comunicação estão isolando as crianças nos mundos virtuais e com isso estão sendo formadas gerações narcisistas e despreparadas para o convívio social no mundo real.

Quem tem mais de 25 anos talvez tenha notado o quanto sua infância foi bem diferente da de hoje. Brincadeiras comuns daquela época, como pega-pega, queimada ou qualquer atividade coletiva saíram de moda. A tecnologia contribuiu radicalmente para a mudança no comportamento infantil. O que se vê hoje é uma legião de crianças isoladas em seus “mundinhos”, entretidas com aplicativos eletrônicos e desinteressadas pelas coisas reais.

O norte-americano Jim Taylor, PhD em psicologia, é um crítico ferrenho da influência tecnológica no mundo infantil. Ele analisou a relação criança x tecnologia e lista os prejuízos causados pelo excesso de tecnologia nos primeiros anos de vida do pequeno.

Uma das constatações do médico: a geração atual de criança está menos altruísta. Ou seja: menos preocupada em ajudar ou oferecer coisas boas ao próximo (altruísmo). Simples: o profissional constatou que as crianças atuais ficam conectadas por horas no computador, no videogame, celular e outros aplicativos, deixando de lado interesses de terceiros.

As crianças também estão deixando de desenvolver a empatia, instrumento fundamental para a construção de amizades e confiança.

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“A tecnologia parece estar minando o desenvolvimento das crianças nesses relacionamentos fundamentais nesta fase de vida. Tem havido aumento grande no narcisismo e declínio na empatia entre os jovens. Embora não podemos atribuir uma relação direta com a tecnologia, é nítido que o surgimento de novas mídias e o maior alcance junto à cultura popular trouxeram prejuízos”, relata Jim Taylor.

Quando a criança está entretida com seus joguinhos eletrônicos, ela não quer saber o que acontece ao seu redor, sendo indiferente aos assuntos de casa. Uma cena comum em recreio de colégios nos tempos atuais é a de várias crianças em silêncio, sentadas uma ao lado da outra, sem qualquer interação, mexendo rapidamente os dedos diante de pequenas telas.

Uma criança que não desenvolve a relação interpessoal pode se tornar um indivíduo inseguro e despreparado para enfrentar pressões, provocações e situações adversas.

O distanciamento de atividades físicas também aumenta o risco de obesidade.

Como enfrentar esse problema real (e virtual) - Não há como vetar a tecnologia ou querer que tudo volte como era 25 anos atrás. A tecnologia existe e pode ser benéfica caso seja bem usada. A questão é como evitar que seu filho também se torne um refém de aplicativos eletrônicos.

Estabeleça limites SEMPRE. A criança precisa saber que existe regras e horários para uso. Evite facilitar o manuseio de aparelhos tecnológicos. Não leve à mão da criança cada tecnologia nova lançada. Estimule a prática de exercícios físicos. Lembre-se que os filhos veem os pais como seus ídolos e heróis.

É cada vez mais comum pais ligarem o laptop com desenhos infantis em frente ao bebê enquanto fazem refeição "em paz" por alguns minutos. O pequeno fica hipnotizado, imóvel, dentro do carrinho de bebê enquanto assiste ao desenho.

 Perguntas: vale introduzir a eletrônica tão cedo na vida do filho? Será que não há um passatempo mais comunicativo e interessante para apresentar? Você se sentirá culpado caso seu filho anos mais tarde venha a ficar horas à frente da TV como foi ensinado logo quando ele era pequenininho?

É importante frisar que as crianças da nova geração são vítimas e não vilãs. Cabe aos pais impedir que seu filho seja uma pessoa que só funciona quando está “plugada”. Pense duas vezes antes de entupir seus filhos de joguinhos e coisas do gênero. Reúna força para dizer “não” e invista no oferecimento de práticas mais saudáveis e humanas.

Bruno Rodrigues

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