Seminário em Juiz de Fora aborda perspectivas da Política de Humanização
Muito se fala sobre humanização nos serviços de saúde. A humanização para a maioria das pessoas envolve respeito, acolhimento e solidariedade. É comum para trabalhadores e gestores associarem humanização com eventos, festas e decorações ambientais, porém, o conceito proposto pela Política Nacional de Humanização (PNH) da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde é diferente, pois vai além dessas ações.
Com o objetivo de discutir a PNH e falar da importância de sua efetiva implementação nos serviços de saúde na última sexta-feira, 25/11, foi realizado o 1º Seminário Interinstitucional de Humanização de Juiz de Fora, promovido pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, por meio da Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora (GRS-JF), pelo Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz e Fora (HU/UFJF) e pela Secretaria Municipal de Saúde.
O Seminário contou com a participação de representantes do Ministério da Saúde e do Governo do Estado. Em sua palestra, Alberto Mesaque, membro do Grupo Institucional da Política de Humanização de Minas Gerais, destacou a integração da equipe organizadora, que reuniu profissionais da Universidade e das secretarias Municipal e Estadual de Saúde. “Isso já faz parte da política de humanização, sair cada um de seu espaço reservado e criar algo compartilhado. Deve-se levar a humanização para a graduação, a pós-graduação, é um assunto que não se esgota.”
Para Rejane Guingo Martins Ribeiro, coordenadora do Núcleo de Humanização e Ouvidoria, o seminário é uma oportunidade para oficializar a pesquisa nessa área em Juiz de Fora. “Nós acreditamos que com esse seminário iremos conseguir institucionalizar um grupo de estudo da temática de humanização em Juiz de Fora e fazer um cadastramento com todas as instituições que já tenham um centro de estudos funcionando nessa área. Assim, todos poderão participar, independente de ser público ou privado. Queremos fazer uma aliança na cidade.”
A assistente social do HU, Síldia Caetano, acredita que “o evento chama a atenção da sociedade e dos setores responsáveis pela gestão e pela saúde em Juiz de Fora para a necessidade de repensar o processo de humanização, tanto para o trabalhador e para a gestão quanto para o usuário do sistema de saúde.
Já para Kelly Miranda, psicóloga e representante do município, acrescentou que outro objetivo do encontro é calcular as ações dos vários Grupos de Trabalho de Humanização (GTH) que existem em Juiz de Fora para melhorá-las e, assim, compartilhar ações conjuntas.
De acordo com Neysa Campos, professora da Faculdade de Medicina da UFJF “esse momento de avanço tecnológico é muito importante para se discutir a humanização na saúde. A tecnologia não veio para desumanizar, mas o seu uso inadequado faz com que sejamos conduzidos por ela, quando deveria ser o contrário. Temos que fazer uma reflexão mais profunda nesse mundo, que é o da velocidade. Talvez por isso, nós, profissionais da saúde tenhamos descuidado um pouco desse lado mais humano.”
Filósofa clínica, ela diz que é importante considerar os valores humanos, tais como a identidade da pessoa, o respeito à cidadania, a ética e a humanização enquanto personalização do indivíduo.
Segundo Luzmar Polessa, da Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora o evento possibilita a disseminação da política de humanização. “Às vezes nós achamos que pintar uma parede, colocar uma televisão ou falar ‘seja bem-vindo’ é acolhimento. Humanização é muito mais que isso, é a saúde do trabalhador, é fazer com que o usuário seja bem atendido, sabendo seus direitos e deveres e, principalmente ser seguida pelos gestores, porque sem a ajuda deles não tem como a política ser implantada.” Ela ainda destacou a importância da integração das Regionais de Juiz de Fora, Leopoldina, Ponte Nova e Ubá, representadas no seminário.
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
Na abertura do Seminário, que aconteceu no dia 24/11, o Diretor do HU, Dimas Augusto Carvalho de Araújo, ressaltou a importância de se buscar novos caminhos na valorização dos profissionais que atuam na área de saúde. “É preciso pensar num processo integral e não individual, de forma que os trabalhadores da gestão e da assistência realizem ações sincronizadas”.
Segundo ele há uma necessidade de ampliar os projetos de humanização desenvolvidos no HU e sua consequente inclusão na Política Nacional de Humanização (PNH). Já o representante do Reitor, professor Luiz Carlos Ferreira de Andrade, ressaltou o compromisso da Administração Superior da Universidade com os objetivos e conclusões do seminário.
De acordo com José Geraldo Leal de Castro, coordenador da Vigilância em Saúde da SRS-JF, a PNH em Minas Gerais é uma política pública que visa à garantia de atendimento com qualidade aos usuários, a melhoria das condições de trabalho dos profissionais por meio da mobilização e a participação efetiva de trabalhadores, usuários e gestores dos serviços. Ela busca a efetividade dos princípios do SUS, que são a equidade, universalidade e igualdade, a fim de melhorar a assistência e a gestão dos serviços de saúde. “ Esta evento é mais um grande passo para a integração da região. Um espaço para discutirmos os avanços e os desafios do SUS, buscando cada vez mais qualidade para o cidadão. Quando vamos trabalhar humanização não temos que pensar separadamente no gestor, no trabalhador e no usuário, mas sim no conjunto, para que todo o processo de saúde seja realizado de maneira humanizada e acolhedora”.
Ao falar sobre a Política Nacional de Humanização, o Consultor do Ministério da Saúde, Serafim Santos Filho, ressaltou a importância de atualizar a discussão em torno dos fatos e da própria idéia de humanização.”É preciso desmistificar dados que atrapalham a implementação de uma agenda de humanização”, afirma.
Após fazer um relato da criação da Política Nacional de Humanização, Serafim apontou as razões pelas quais se torna cada vez mais importante, motivar as discussões em torno da PNH. “Quando se fala de ambiente de trabalho estar junto está sendo uma tortura ao invés de representar uma oportunidade para realizar um trabalho em equipe”, destaca.
Para o Consultor do Ministério da Saúde a humanização pode indicar a solução para os problemas e a redução do processo de “vitimização” onde cada um, a seu modo, tem sempre uma justificativa para não exercer seu papel na sociedade e assim não mexer no que pode e deve ser mexido e afirma, “precisamos fazer diferença no local onde estamos”.
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Autor: Marcella Marques
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