domingo, 27 de novembro de 2011












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INCA lança estimativas de câncer 2012 com sete novas localizações de tumores


25/11/2011


INCA lança estimativas de câncer 2012 com sete novas localizações de tumores

Dos cerca de 520 mil casos novos estimados para o ano que vem, destacam-se tipos que não apareciam no ranking de maior incidência na população brasileira. Números estão reunidos na publicação Estimativa 2012 – Incidência de Câncer no Brasil

Para o ano de 2012, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) estima cerca de 520 mil casos novos da doença. Sete novas localizações de câncer entraram no ranking dos tumores mais frequentes do país. As informações fazem parte da publicação Estimativa 2012 – Incidência de Câncer no Brasil, que a Instituição lança nesta quinta-feira, dia 24, às 10h para marcar o Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado no dia 27 de novembro. As Estimativas valem para o período 2012-2013. Ou seja, o INCA estima que por ano, no Brasil, 520 mil brasileiros tenham câncer.

As estimativas destacam os tipos mais incidentes nas regiões brasileiras, caso do câncer de pele não melanoma, próstata, mama e pulmão. A novidade dessa edição é que foram incluídas sete novas localizações de tumores no estudo: bexiga, ovário, tireoide (nas mulheres), Sistema Nervoso Central, corpo do útero, laringe (nos homens) e linfoma não Hodgkin – os dois últimos muito noticiados recentemente por terem acometido, respectivamente, o ex-presidente Lula, o ator Reynaldo Gianecchini e a presidente Dilma Rousseff.

Os especialistas consideram as Estimativas a principal ferramenta de planejamento e gestão da saúde pública na área oncológica no Brasil. Isso porque fornecem as informações necessárias para a elaboração das políticas públicas de saúde voltadas para o atendimento da população.

“A divulgação das estimativas disponibiliza aos gestores de saúde e, especificamente, aos da atenção oncológica, informações fundamentais para o planejamento das políticas públicas de forma regionalizada”, diz o diretor-geral do INCA, Luiz Antonio Santini.

Desconsiderando o câncer de pele não melanoma - tumor com baixa letalidade -; entre o sexo masculino o câncer de próstata permanecerá como o mais comum, seguido pelo de pulmão, cólon e reto, estômago, cavidade oral, laringe e bexiga. Já nas mulheres, a glândula tireoide, de modo inédito, aparece no quinto lugar geral, atrás do câncer de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto. Na seqüência, vêm os tumores de pulmão, estômago e ovário.

“A melhoria na qualidade dos exames de investigação em casos suspeitos, contribui para a exatidão do diagnóstico do câncer da tireoide. Isso se reflete no aumento do número de casos desse tipo de tumor.”, diz a responsável pelo serviço de endocrinologia do INCA, Rossana Corbo.

A médica completa dizendo que um resultado de ultrassonografia que indique suspeitas da doença deve ser encaminhado para investigação imediata, por meio do exame de punção aspirativa por agulha e a biópsia.

Estimativa de casos novos, segundo sexo, Brasil 2012

Ainda que as estatísticas atuais comprovem que os homens adoecem e morrem mais cedo em relação às mulheres, os números estimados de casos novos de câncer são bem semelhantes para ambos os sexos: cerca de 260 mil.

A figura acima mostra que a ocorrência de casos novos é bem semelhante em ambos os sexos: cerca de 260 mil. O fato se deve, em parte, pela população feminina, na faixa etária acima do 50 anos (idade de mais risco da doença) ser maior do que a masculina. Hoje, há no Brasil, acima dos 50 anos, 21 milhões de mulheres e 17 milhões de homens. (IBGE - Censos Demográficos - 2010).

“ Ações de promoção da saúde, diagnóstico precoce e a ampliação do acesso aos serviços favorecem a longevidade. Quanto mais velha é uma população, maior as chances de alguns tipos de câncer surgirem”, diz o coordenador de ações estratégicas do INCA, Claudio Noronha.

O câncer nas regiões por gênero

Homens

Entre os homens, o câncer de próstata lidera o ranking dos mais incidentes em todas as regiões do país, sem contar os tumores de pele não melanoma. Os demais tipos se alternam na classificação de acordo com a região.

Pulmão – Esse tipo de câncer é o mais comum de todas as neoplasias malignas e apresenta um aumento de 2% ao ano na incidência mundial. De acordo com o INCA, cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao tabagismo. Isso quer dizer que cerca de 24 mil casos novos poderiam ser evitados, caso as pessoas não fumassem.

É o segundo mais frequente nas regiões Sul (37 casos para cada 100 mil habitantes) e Centro-Oeste (17 casos para cada 100 mil habitantes). Já nas regiões Sudeste (20 casos para cada 100 mil habitantes), Nordeste (8 casos por 100 mil habitantes) e Norte (8 casos por 100 mil habitantes), ocupa a terceira posição.

De acordo com a Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq), o Brasil é o segundo produtor mundial de fumo em folha, ficando atrás somente da China. A Região Sul se destaca por concentrar a maior parte da produção de fumo do país.

“O Sul do Brasil concentra a maior parte de produtores de fumo. O fato pode estar diretamente relacionado ao alto consumo de derivados do tabaco, fazendo com que a região sofra com os altos índices de incidência de câncer de pulmão”, diz o pneumologista da Divisão de Controle de Tabagismo do INCA, Ricardo Meirelles.

Cólon e reto – Ocupa o segundo lugar na região Sudeste (22 casos por 100 mil habitantes) e a terceira posição nas regiões Sul (18 casos por 100 mil habitantes) e Centro-Oeste (14 casos por 100 mil habitantes). Na região Norte (4 casos por 100 mil habitantes), esse tipo de tumor ocupa a quarta posição e, na região Nordeste (5 casos por 100 mil habitantes), fica em quinto lugar.

Para esses tipos de câncer, os fatores de risco estão diretamente ligados ao envelhecimento, histórico da doença em parentes próximos, controle do peso e alimentação inadequada.

“Uma alimentação balanceada, com baixo teor calórico, rica em frutas, fibras e legumes, associada a hábitos saudáveis como a prática de atividade física, por exemplo, pode reduzir 37% desse tipo de tumor”, diz o nutricionista do INCA, Fábio Gomes.

O especialista completa dizendo que a ingestão excessiva e prolongada de bebidas alcoólicas também pode ser um fator de risco para esse tipo de câncer.

Estômago - É o segundo tumor mais frequente nas regiões Norte (11 casos/100 mil hab) e Nordeste (9 casos/100 mil hab). Conforme a publicação, está em quarto lugar nas regiões Sul (16 casos/100 mil hab), Sudeste (15 casos/100 mil hab) e Centro-Oeste (14 casos/100 mil hab mil).

O maior fator de risco para o desenvolvimento do câncer de estômago é a infecção pela bactéria H.pylori. Tendo em vista, que é uma das infecções mais comuns no mundo, pode ser responsável por 63% dos casos de câncer gástrico. Outro fator que contribui para o surgimento desse tipo de câncer é uma alimentação pobre em vitamina A e C, ou com alto consumo de alimentos enlatados, defumados, com corantes e conservados em sal.

Cavidade oral – Ocupa o quarto lugar na região Nordeste (6 casos/100 mil hab) e, nas regiões Sudeste (15 casos/100 mil hab) e Centro-Oeste (9 casos/100 mil hab), está na quinta posição, enquanto, nas regiões Sul (12 casos/100 mil hab) e Norte (3 casos/100 mil hab), é o sexto mais frequente.

Os principais fatores de risco para o câncer da cavidade são o fumo, o etilismo e infecções bucais por HPV. Sozinho, o tabagismo é responsável por cerca de 42% dos óbitos por essa neoplasia. Já o alcoolismo intenso é responsável por 16% das mortes causadas por esse tipo de câncer.

“ Estudos apontam para uma relação de sinergia entre o tabagismo e o alcoolismo. Juntos os dois atos aumentam em 30 vezes o risco para o desenvolvimento do câncer da cavidade oral”, diz o coordenador da seção de cabeça e pescoço do INCA, Fernando Luiz Dias.

Esôfago – Esse tipo de câncer ocupa o quinto lugar na região Sul (15 casos/100 mil hab). Já nas regiões Sudeste (10 casos/100 mil hab) e Centro-Oeste (7casos/100 mil hab), ocupa a sexta posição. Nas regiões Nordeste (4 casos/100 mil hab) e Norte (2 casos/100 mil hab), está na sétima e nona posições, respectivamente.

O câncer de esôfago, em termos de incidência, é de três a quatro vezes mais comum nos homens e, por se tratar de um câncer de prognóstico ruim e de alta letalidade, as taxas de mortalidade se aproximam muito de incidência. Os fatores de risco estão diretamente relacionados à história de caso na família, ingestão em demasia de álcool e por agentes infecciosos, causados por fungos e vírus. No caso da região Sul, especificamente, o consumo da erva-mate é considerado fator de risco para a doença, já que a ingestão é feita em temperaturas elevadas, por conta do clima da região, além de ser um hábito enraizado naquela cultura.

Mulheres

Em relação às mulheres, o câncer de mama é o mais incidente. Excluindo os tumores de pele não melanoma, apresenta variação na classificação nas demais regiões.

Mama – É tipo mais frequente nas regiões Sudeste (69 casos/100 mil hab), Sul (65 casos/100 mil hab), Centro-Oeste (48 casos/100 mil hab) e Nordeste (32 casos/100 mil hab). Na região Norte é o segundo mais incidente (19 casos/100 mil hab).

Em todo o mundo, o câncer de mama é o que mais acomete as mulheres. A incidência afeta tanto a países desenvolvidos e em desenvolvimento. A idade é o principal fator de risco e, as taxas aumentam de forma acelerada, após os 50 anos de idade. Ao contrário do câncer de colo de útero, a ocorrência de casos de câncer de mama se encontra relacionada ao processo de urbanização da sociedade, evidenciando maior risco de adoecimento nas mulheres com elevado nível socioeconômico.

No Brasil, o exame clínico das mamas, feito por profissional da saúde, nas mulheres a partir dos 40 anos e o diagnóstico, por meio da mamografia, a cada dois anos, dos 50 a 69 anos de idade, são as estratégias do Ministério da Saúde e do INCA para detecção e o diagnóstico precoce da doença.

“Nos casos em que a mulher tem histórico da doença na família (mãe e irmã), antes da menopausa, é recomendado que o exame clínico e a mamografia, anualmente, a partir dos 35 anos”, diz coordenadora da divisão de atenção oncológica do INCA, Ana Ramalho.

Colo do útero – Está em primeiro lugar na região Norte (24 casos/100 mil hab). Nas regiões Centro-Oeste (28 casos/100 mil hab) e Nordeste (18 casos/100 mil hab) ocupa a segunda posição geral; na região Sudeste (15 casos /100 mil hab), a terceira, e na região Sul (14 casos /100 mil hab), a quarta posição.

As ações de prevenção desse tipo de câncer na Região Norte do país foram muito enfatizadas em 2011, justamente por lá se concentrar a maior incidência da doença. Com exceção do câncer de pele não melanoma, esse tumor é o que apresenta maior percentual de prevenção e cura, quando diagnosticado precocemente. No Brasil, a estratégia de rastreamento preconizada pelo MS é que as mulheres, dos 25 aos 64 anos, façam o exame preventivo (Papanicolaou) anualmente. Se, no intervalo de dois exames seguidos, o resultado for normal, o preventivo pode passar a ser feito a cada três anos.

Cólon e reto - Segundo mais frequente nas regiões Sudeste (23 casos/100 mil hab) e Sul (20 casos/100 mil hab), o terceiro nas regiões Centro-Oeste (15 casos/100 mil hab) e Nordeste (7 casos/100 mil hab), e o sexto na região Norte (5 casos/100 mil hab).

Pulmão - É o terceiro mais frequente na região Sul (19 casos/100 mil hab), o quarto na região Centro-Oeste (9 casos/100 mil hab) e o quinto nas regiões Sudeste (11 casos/100 mil hab), Nordeste (6 casos/100 mil hab).

e Norte (5 casos/100 mil hab).

Estômago - Ocupa a quarta posição na região Norte (6 casos/100 mil hab), a quinta na região Centro-Oeste (7 casos/100 mil hab) e a sexta nas regiões Sudeste (9 casos/100 mil hab), Sul (8 casos/100 mil hab) e Nordeste (6 casos/100 mil hab).

Cavidade oral - É o oitavo mais frequente na região Nordeste (3 casos/100 mil hab). Nas regiões Sudeste (6 casos/100 mil hab) e Norte (2 casos/100 mil hab), ocupa a nona posição, enquanto, nas regiões Centro-Oeste (3 casos/100 mil hab) e Sul (3 casos/100 mil hab), é, respectivamente, o 12º e o 15º mais incidente.

Sobre o câncer da tireoide

Esse tumor é considerado raro na maioria das populações mundiais, representando entre 2% e 5% do total de câncer em mulheres e menos de 2% nos homens: a América Central, Japão e Ilhas do Pacífico são consideradas áreas de alto risco para o desenvolvimento do câncer das mulheres, com uma incidência superior a cinco novos casos a cada 100 mil no sexo feminino. De acordo com a publicação Cancer Incidence in Five Continents, durante as últimas décadas, a maioria dos países vem mostrando um crescimento lento, porém contínuo (cerca de 1% ao ano). As taxas de mortalidade apresentam queda progressiva, em virtude da melhoria no tratamento, na maioria das populações.

A radiação ionizante tanto em virtude da exposição a tratamentos, quanto ambiental, é o mais bem estabelecido fator de risco para o desenvolvimento da doença. Estudos mais recentes também investigam a associação da obesidade com esse tipo de câncer. Nas populações das grandes cidades, onde há grande consumo de produtos industrializados, como alimentos prontos, artigos de limpeza e compostos tóxicos em geral, esse risco tende a ser maior.

Dieta e componente genético também são considerados fatores de risco para esse tipo de câncer. No Brasil, as informações dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) sugerem aumento na incidência do câncer da tireoide no país, especialmente nas mulheres, se apresentando, hoje, como o quinto mais frequente no sexo feminino.

O aumento desse tumor pode ser ressaltado, principalmente, devido a exames mais eficazes, como a ultrassonografia, por exemplo.

Investimentos em assistência, pesquisa e ações de prevenção

O Ministério da Saúde vai fechar o ano de 2011 com investimento de R$ 2,2 bilhões para a área de atenção oncológica. Este aumento de recursos serviu para ampliar e melhorar a assistência aos pacientes atendidos nos hospitais públicos e privados que compõe o SUS, sobretudo para os tipos de câncer como fígado, mama, linfoma e leucemia aguda. Vale destacar que só para esse ano o orçamento do MS destinou cerca de R$ 261 milhões a ações de prevenção ao câncer de mama (R$ 176 milhões) e de colo de útero (R$ 85 milhões). Dos últimos 12 anos pra cá, os gastos federais com a assistência oncológica no país quadruplicou, passando de R$470, 5 milhões (em 1999) para R$2,2 bilhão.

Também foi a primeira vez que um presidente assumiu a atenção oncológica como prioridade de governo. A quantidade de procedimentos oncológicos oferecidos aos pacientes do SUS aumentou em 41%; foram 19,7 milhões, no ano de 2003 e a projeção para até o fim do ano é de 27,8 milhões de procedimentos.

Na área da pesquisa, o ano passado foi marcado pelo Lançamento da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC), que visa conduzir estudos nacionais em oncologia. Além disso, esse ano, o país contou com o lançamento dos projetos da Unidade de Estudos de Fase I, do INCA e da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC).

Um pouco mais sobre a publicação

Os números de casos novos para cada tipo de câncer apresentado na publicação foram calculados com base nas taxas de mortalidade dos estados e capitais brasileiras (Sistema de Informação Sobre Mortalidade - SIM). As taxas de incidência foram obtidas nas 17 cidades onde existem Registros de Câncer de Base Populacional (RCPB). A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma projeção de 27 milhões de novos casos de câncer para o ano de 2030 em todo o mundo, e 17 milhões de mortes pela doença. Os países em desenvolvimento serão os mais afetados, entre eles o Brasil.

Válidas também para o ano de 2013, já que são elaboradas a cada dois anos, as estimativas não podem ser comparadas com anos anteriores, uma vez que não tem como referência a mesma metodologia nem as mesmas bases de dados, tendo em vista que houve melhorias tanto na quantidade, quanto na qualidade das séries históricas de incidência e mortalidade.

A publicação Estimativa 2012 – Incidência de Câncer no Brasil está disponível no site do INCA www.inca.gov.br


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