Diálogo com o território incentiva expansão da AB
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As estratégias para ampliação do acesso na atenção básica (AB) contemplam um conjunto de ações que passam pelo incentivo financeiro, requalificação das Unidades Básicas de Saúde, reformulação dos sistemas de informação (e-SUS) e universalização dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Além dessas, outras iniciativas visam à implementação das Academias de Saúde, do Programa Melhor em Casa e de estratégias para qualificação da AB, como o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (Pmaq-AB).
Para implementar esse conjunto de ações, segundo o representante do DAB, é necessária, entretanto, uma visão robusta do território, de forma que haja interação com a população e os princípios norteadores do Sistema Único de Saúde. “Tratamos de algumas iniciativas para aumentar a resolutividade da atenção básica, mas é preciso aumentar o diálogo com o usuário no território. A resolutividade dialoga com a lógica da qualidade na atenção básica; se não estabelecermos esse canal de diálogo, perdemos muito. A gente supõe que o usuário sabe o mesmo que nós”, admitiu o palestrante
Clinicar a partir da realidade do território
Ao mencionar as estratégias para qualificação da AB, Marcelo Pedra citou o Pmaq, considerando-o uma iniciativa ousada pela sua magnitude. O programa busca induzir a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da atenção básica, com garantia de um padrão de qualidade comparável nacional, regional e localmente, de maneira a permitir maior transparência e efetividade das ações governamentais direcionadas à Atenção Básica em Saúde em todo o Brasil.

Os desafios colocados a partir da lógica da expansão, na opinião de Marcos, estão relacionados à formação no campo da saúde, à melhoria na resolutividade da AB, ao conhecimento e articulação da rede do território. “Se continuarmos usando uma linguagem que encontra pouco eco, mais teremos dificuldade de dialogar com o usuário. Clinicar a partir da realidade do território interferirá em nós mesmos.”
ACS: um trabalho que requer formação cidadã
Coube ao pesquisador da ENSP Gustavo Matta assumir o papel de debatedor da mesa e refletir sobre alguns pontos mencionados pelo palestrante. Ele, que pertence ao Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (Dpas), chamou a atenção a respeito das formas de expansão e qualidade.

Após citar as diferentes dimensões que cada estratégia da família adquire nas respectivas regiões do país, Gustavo criticou a falta de um modelo de formação para os agentes comunitários de Saúde. “O Rio de Janeiro teve grande expansão da cobertura na atenção básica, mas os agentes receberam formação inicial para o trabalho? O que queremos fazer na AB é mudar uma cultura que não está presente neste pais. É um trabalho que requer formação cidadã, que atravessa a universidade. Sabemos da dificuldade que é estar na gestão, e esse debate é necessário para continuarmos o trabalho.”
Coordenador do primeiro dia de atividades, o diretor da ENSP enalteceu o Ciclo de Debates como uma das principais inovações instituídas na Escola nos últimos anos, principalmente porque ele resultou de uma iniciativa de coragem institucional e pedagógica: a criação da residência multiprofissional com nível de especialização na Escola. Após saudar os coordenadores da residência e os parabenizar pela sua dedicação, Ivo falou sobre o término de seu período como diretor da ENSP. “Termino um longo período de mandato. Entro, agora, em um período de despedida. Este é um momento importante porque traz emoções e reflexões. Eu abri o primeiro Ciclo de Debates, e isso muito me orgulha. Vocês são parte especial dessa trajetória”, disse aos alunos.

Sobre o tema do encontro, disse que se trata de uma discussão com início na década de 1970, quando o Brasil, de maneira mais organizada, começou a travar a luta contra um sistema de saúde ineficiente, com baixa efetividade, e começou a debater, com base no movimento internacional, pela atenção primaria à saúde, expresso pela Conferência de Alma Ata, no fim dos anos 1970, em oposição à brutal medicalização do sistema de saúde.
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