domingo, 18 de setembro de 2011

Iniciar uma dieta ou pendurar o currículo no guarda-sol?

Emagrecer é algo muito difícil. Manter a forma após perder peso também não é tarefa fácil. A maior parte das pessoas sofre dificuldades para emagrecer. Alguns profissionais e escritores do emagrecimento vão te dizer que você não sabe fazer uma dieta. Mas é importante saber que existem várias questões envolvidas. Algumas são genéticas, comportamentais, neuroquímicas, sociais, familiares e até mesmo narcísicas.

Apesar das muitas soluções que o mundo moderno oferece para o emagrecimento como tratamentos estéticos, cirurgias plásticas, redução de estômago, pílulas milagrosas entre outros, o que mais funciona de acordo com estudos realizados é a diminuição dos alimentos, dieta mais saudável e menos calórica e exercícios físicos. A questão é a seguinte: Porque esta fórmula funciona para alguns e para outros não?

Segundo pesquisa realizada pelo IBGE em 2010, quase metade da população brasileira (49%) com 20 anos ou mais está com excesso de peso. No sexo masculino o sobrepeso saltou de 18% em 1974-1975 para 50% em 2008-2009 e no sexo feminino de 28,7% para 48%. Nas crianças, entre 5 a 9 anos, uma em cada três tem excesso de peso (33,5%) e 14,3% são obesas. O excesso de peso e a obesidade infantil foram encontradas a partir dos 5 anos em todos os grupos de renda e em todas as regiões brasileiras. Porto Alegre teve a maior proporção de obesos entre 13 e 15 anos, seguidos do Rio de Janeiro e Campo Grande.

Com estes dados cada vez mais alarmantes no Brasil e no mundo, alguns psicólogos começaram a observar que traços de personalidade podem ser variáveis críticas para a perda de peso. Conhecer o que nos incomoda, bem como medos e desejos pode ser tão útil quanto controlar as calorias ingeridas. Se sentir injustiçado ou passar por momentos difíceis na vida pode se tornar uma forma de autocompensação. Quem nunca se deu de presente um chocolate após um dia duro de trabalho? Apresentar este comportamento em ocasiões específicas é absolutamente normal. Mas em alguns casos isso vira rotina, e acaba por se tornar um funcionamento padrão, uma forma de não entrar em contato com a dor psíquica. Não se aproximar desta dor e não elaborá-la pode dificultar e muito qualquer programa de reeducação alimentar.

Em um estudo publicado em 2007 pela psicóloga clínica Hitomi Saito no Japão, foi possível identificar que pessoas inquietas, que se culpam e que estão descontentes consigo mesmas e com o mundo perderam mais peso que as pessoas afáveis com grande capacidade de aceitação, simpáticas e empenhadas em mostrar o lado bom da vida. Segundo este estudo, as pessoas inquietas se preocupam mais com a saúde e estão mais dispostas a maiores sacrifícios para alcançar os seus objetivos. Quanto menos conciliatória, menor o risco de ceder as pressões sociais de amigos para tomar aquela cervejinha acompanhada de um prato de polenta frita. O escritor Oscar Wilde já dizia: “Resisto a tudo, menos as tentações”.

Outra descoberta realizada um pouco mais tarde pelos mesmos pesquisadores apontou que pessoas com alta pontuação em otimismo possuem mais dificuldade na perda de peso e chegam até mesmo a negar as doenças decorrentes do sobrepeso. Pensamentos como “só hoje” e “ah é apenas um doce, não vai influenciar” são alguns exemplos de comportamentos. Isso não significa que todos os otimistas estão acima do peso. Basta usá-lo com consciência e bom senso.

Os adeptos do autocontrole perderam mais peso que os otimistas, pois apresentam grande habilidade para coletar informações a respeito de calorias e usar esses dados para selecionar os alimentos. Também estão mais aptos para a adesão a um programa de condicionamento físico. Neste caso a percepção da perda de peso aumenta a segurança em suas próprias habilidades em levar uma vida mais saudável.

Além de fazer mal a saúde quando estamos acima do peso não nos sentimos bem (principalmente nós mulheres que sempre temos uma pulga atrás da orelha com o peso) existe toda uma pressão social por um corpo ideal. E quanto mais se aproxima o verão, maior a preocupação com o peso. Eu no ano passado tive que pendurar meu currículo no guarda-sol, mas este ano ainda pretendo emagrecer.

Por mais que seja difícil controlar os aspectos pessoais e de personalidade (neste post citei somente alguns exemplos), é importante reconhecê-los e saber que estes podem atuar de forma negativa na sua dieta. Manter-se centrado e conectado consigo mesmo pode ajudar a tomar decisões mais equilibradas e proteger você das tentações do dia-a-dia.

Fontes:

IBGE: www.ibge.gov.br

Revista Mente e Cérebro – Julho de 2011

BECK, Judith S. Pense Magro: Treine seu cérebro a pensar como uma pessoa magra. Porto Alegre: Artmed, 2009

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Bárbara Dresch

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