OFTALMOLOGIA: Colírio pode piorar olho vermelho
15/3/2012
Toxidade dos conservantes pode causa doenças na superfície dos olhos, além de atrapalhar 50% dos tratamentos de glaucoma. Problema aumenta no verão.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta o Brasil como o quinto maior consumidor de medicamentos do mundo. Uma parcela importante da população toma remédio por conta própria e acaba pagando um alto preço por causa dos abusos. Quando o assunto é a saúde dos olhos a automedicação permanece elevada. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, no verão 4 em cada 10 pacientes chegam à consulta usando colírio indicado por um amigo ou com base em uma prescrição anterior, mesmo que tenha sido feita para alguém da família.
No restante do ano estudos realizados pelo médico mostram que são 3 em cada 10 pacientes. “O brasileiro não vê colírio como remédio porque todas as fórmulas lubrificam. Mesmo que causem ardência ao entrar em contato com o olho, acabam melhorando o conforto visual momentaneamente”, afirma. O problema, comenta, é que o alívio é muito rápido e as pessoas acabam exagerando no número de aplicações. Resultado – quanto mais pingam o colírio maior é o desconforto decorrente da concentração e toxidade dos conservantes.
O uso indiscriminado e contínuo pode causar graves problemas na visão. Os principais são:
· Catarata e glaucoma quando a fórmula contém corticóide.
· Catarata quando é um vasoconstritor indicado para deixar o olho branquinho.
· Olho vermelho crônico, uma resposta à toxidade dos conservantes que causam ressecamento da lágrima e alterações na superfície ocular: ceratite (inflamação da córnea), simbléfaro (aderência da pálpebra ao globo ocular) ou espessamento da margem palpebral.
O médico afirma que os sintomas de toxicidade incluem sensação de areia nos olhos, ardência, sensibilidade à luz e visão turva. Quando uma irritação ocular melhora no início do tratamento e depois piora, é necessário interromper o medicamento, para verificar se o agravamento está associado ao colírio ou à evolução da doença. Nas pessoas em que os sintomas persistem, significa que a doença progrediu. Neste caso, o oftalmologista diz que substitui o colírio por outro sem conservante ou com conservante virtual que desaparece ao entrar em contato com a superfície ocular, tornando o produto adequado para o uso prolongado.
Procedimento para glaucoma
Queiroz Neto destaca que entre portadores de glaucoma o desconforto causado pelos conservantes dos colírios provoca 50% das interrupções de tratamento e pode levar à cegueira irreversível. Por isso, é uma doença que precisa de acompanhamento médico semestral ou anual, de acordo com a gravidade. Ele explica que o glaucoma de ângulo aberto, tipo mais comum da doença, tem como principal fator de risco o aumento da pressão interna do olho que lentamente lesa o nervo ocular até a completa cegueira. Os colírios e procedimentos cirúrgicos não restauram a visão, mas são a única forma de interromper a evolução da doença.
O procedimento para melhorar o conforto no tratamento do glaucoma varia conforme a classe farmacológica do colírio que está sendo usado e só pode ser adotado sob supervisão médica. Os principais elencados pelo especialista são:
CLASSE FARMACOLÓGICA | DESCONFORTO OCULAR | PROCEDIMENTO |
- Alfa-agonista | - Olho seco, hiperemia, alergia | - Substituir por homólogo com 0,15 do princípio ativo e com conservante virtual. |
- Inibidor de anidrase carbônica | -Ardência, sensação de corpo estranho, alergia, ceratite, olho seco | - Trocar de classe farmacológica quando ocorrer ceratite. |
- Betabloqueador | - Ardência, olho seco, ceratite | - Associar maleato de timolol a 0,25. |
- Prostaglandina | - Ardência, olho seco, pigmentação periocular e da íris, hiperemia, hipertricose. | A hiperemia diminui em 4 semana,as alterações de pigmentação e hipertricose só com a troca de colírio. |
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