quinta-feira, 15 de março de 2012

Novo método

Procedimento inédito em mulheres de risco para gravidez


15/3/2012

Procedimento inédito em mulheres de risco para gravidez

Novo método realizado no Hospital Pérola Byington é indicado para mulheres com cardiopatia severa que contraindica a gravidez

As cardiopatias severas classificadas, pela Organização Mundial de Saúde, como de alto risco para gravidez são aquelas que representam alto índice de complicações e risco de vida para a gestante. A patologia se caracteriza pela deficiência da função cardiopulmonar, é quando os cardiologistas avaliam que a função do coração e do pulmão da paciente é ineficaz para levar uma gestação adiante.


Por este motivo, em uma iniciativa inédita, o Hospital Pérola Byington, Centro de Referência da Saúde da Mulher, acaba de beneficiar duas pacientes com cardiopatia severa, indicadas pelo setor de cardiopatia e gravidez do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), e que passaram pelo programa de aconselhamento familiar, com a colocação de um novo método contraceptivo definitivo e avançado, minimamente invasivo.


“Entre os métodos contraceptivos definitivos existentes, o Essure (laqueadura por histeroscopia) é a melhor e a mais nova indicação para estas mulheres, pois a laqueadura cirúrgica (por laparoscopia) necessita de internação, anestesia geral, acesso à cavidade abdominal (corte), analgésicos no pós-operatório, repouso, dispensa das atividades por um período, ou seja, uma série de fatores desfavoráveis. Essure é um microimplante que pode ser colocado em ambulatório, sem necessidade de internação, cortes ou anestesia, por isso é menos invasivo, com menos morbidade, com risco menor de complicações”, afirma o Dr. Luciano Gibran, médico Ginecologista e Obstetra, diretor do Núcleo de Endoscopia Ginecológica do Hospital Pérola Byington.


O procedimento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e é indicado para mulheres que estão certas de que não querem ou não podem ter mais filhos e que apresentam efeitos adversos a outros métodos contraceptivos. É uma excelente opção para as pacientes que apresentam alguma patologia que aumente os riscos cirúrgicos como as hipertensas, diabéticas, mulheres com sobrepeso e outras.

Viviane Honório de Brito tem 24 anos, é casada e devido à cardiopatia severa que possui tem a contraindicação à gravidez, por isso foi beneficiada com a colocação de Essure. O método contraceptivo definitivo e minimamente invasivo é especialmente indicado para os casos como o dela.

Após avaliações exaustivas e a conclusão da contraindicação à gravidez, o cardiologista do IDPC, Dr. Fábio Bruno da Silva, encaminhou ao Pérola Byington duas pacientes - uma de 24 anos e outra com 36 anos - que sofrem de cardiopatias classificadas de alto grau, no nível 4 (na escala de 1 a 4). “Concordamos que seja uma ótima opção para as pacientes de risco cardiológico 4 (Organização Mundial da Saúde - OMS e Diretriz de Cardiopatia na Gravidez da Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC) para a gravidez e de alto risco cirúrgico e anestésico para laqueadura convencional. Tais pacientes foram encaminhadas ao Pérola para interrupção da gestação e posterior método definitivo de contracepção, por portarem cardiopatia risco 4. Como neste grupo de pacientes é contraindicado outro método contraceptivo (segundo OMS e SBC), como cardiologistas e juntamente com ginecologistas do setor de cardiopatia e gravidez, sugerimos a laqueadura”, afirma Dr. Fábio Bruno.


Segundo o Dr. Luciano Gibran, são níveis em que a paciente teria que ficar em repouso absoluto e internada durante toda gravidez, porque qualquer mínimo esforço físico já seria suficiente para entrar em um estado de insuficiência cardíaca, como falta de ar, cianose (sintoma de coloração azul ou roxa da pele e mucosas), alteração da função pulmonar e cardíaca, expondo a gestante ao risco de vida.


Ele explica que “a gravidez promove, fisiologicamente, uma sobrecarga ao coração, um aumento natural do trabalho deste órgão. Estas pacientes, sem estarem grávidas, já têm o trabalho do coração dificultado. Como gestantes, a doença potencializa em níveis alarmantes. Isto impede que elas façam pequenos esforços - como, por exemplo, escovar os dentes - que já seriam suficientes para entrarem em um estado de fraqueza, de falta de ar e sensação de desmaio. Este quadro pode resultar na interrupção da gravidez, a partir do momento em que se percebe que a gestação coloca em risco a vida da mãe”.


O especialista lembra que doenças graves do coração são uma das principais causadoras de morte em gestantes. “Precisamos deixar claro que nem todas as mulheres com problemas de coração têm contraindicação para chegar até o fim de uma gravidez”, reforça.

Os Ginecologistas e Obstetras, Dr. Luciano Gibran (sentado à frente da paciente) e Dr. João Antônio Dias Junior (em pé), durante o procedimento que é ambulatorial, rápido, sem cortes e não necessita anestesia.

Tal o ineditismo, o procedimento foi acompanhado de perto pelo renomado Ginecologista e Obstetra João Antônio Dias Junior, coordenador do curso e médico do Centro de Reprodução Humana do Hospital Sírio-Libanês e do Serviço de Histeroscopia do Laboratório Fleury, também pela diretoria do Hospital Pérola Byington, por residentes de Endoscopia Ginecológica e da Ginecologia Geral da instituição, e por Dr. Alexandre Slulittel, membro do comitê de anestesia cardiovascular e torácica da Sociedade Brasileira de Anestesia (SBA).


“O Pérola Byington é um hospital-escola de Ginecologia e o Núcleo de Endoscopia Ginecológica pretende oferecer aos seus residentes tudo o que existe em medicina de vanguarda dentro da laparoscopia e da histeroscopia. Essure se encaixa perfeitamente neste conceito”, ressalta Gibran.


Ele informa que será preparada uma apresentação da dinâmica do trabalho à Sociedade Brasileira de Cardiologia. “Após a conclusão deste projeto e com estatísticas que comprovam a eficiência do método às pacientes que não são candidatas a se submeter a procedimentos mais complexos - como a laqueadura por laparotomia ou mesmo por laparoscopia - a intenção é estender parcerias entre as instituições de cardiologia e o Hospital Pérola Byington. O atendimento no Pérola é terciário, ou seja, este tipo de procedimento só é realizado em mulheres que passaram por uma triagem na rede pública e que são encaminhadas com patologias específicas que contraindicam a gravidez”, conclui Dr. Luciano.


Como funciona o método


Diferente da laqueadura tradicional, o Essure pode ser realizado em ambulatório e dura, em média, dez minutos. O método consiste em um microimplante macio e flexível de apenas quatro centímetros em titânio e níquel (materiais que apresentam excelente compatibilidade com o organismo) que, introduzido pela vagina através de um equipamento extremamente fino (histeroscópio), é colocado em cada uma das tubas uterinas, sem cortes, sem internação, sem a necessidade de afastamento das atividades diárias e sem liberação de hormônios.


Imagens do microimplante

Nas semanas que se seguem ao procedimento, o corpo e os microimplantes trabalham juntos para formar uma barreira natural que impede que o espermatozoide alcance o óvulo. Por esse motivo, durante o período dos três primeiros meses, a paciente deve continuar a usar outra forma de contracepção.

Após este período, é realizada uma radiografia simples da pelve e, confirmada a oclusão, não é mais necessário o uso de outro método contraceptivo. Assim como qualquer outro procedimento médico, as pacientes devem procurar profissionais capacitados e treinados para sua realização.


De acordo com a distribuidora do microimplante existem alguns procedimentos realizados através de fontes pagadoras e há um protocolo de vigência dentro de alguns hospitais públicos. Em Santa Catarina, a lei nº 14.870 autoriza o SUS a oferecer a laqueadura sem cirurgia gratuitamente e a intenção é que a lei também vigore em outros estados brasileiros. Algumas ações na rede pública, nos Estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte, já estão em fase de finalização.

Fonte: Maxpressnet

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