Posted: 11 May 2012 11:04 AM PDT

A
cirurgia bariátrica, também conhecida como redução de estômago, é um
procedimento cada vez mais popular para a reversão de obesidade,
especialmente quando o problema já atingiu níveis críticos, como no caso
dos obesos mórbidos.
Entretanto muitas pessoas
encaram esse tipo de procedimento cirúrgico como algo “mágico”, ou seja,
que apenas reduzir o estômago é o suficiente para diminuir radicalmente
o excesso de gordura corporal. Não se engane: o procedimento só tem
resultados positivos caso haja comprometimento do paciente com novos
padrões de consumo alimentar. Afinal, diminuir o estômago é só parte de
um tratamento amplo para um problema muito complexo.
“Para aqueles que precisam da
cirurgia para conseguir emagrecer adequadamente em um tempo menor do que
um indivíduo mais saudável, é preciso entender que a gordura acumulada
durante anos não irá sumir de um dia para o outro”, explica a psicóloga
Isabel Paegle, que atua em avaliações psicológicas dos pacientes do do
Hospital CECMI, especializado em cirurgias deste tipo.
“O acompanhamento psicológico
antes e após o procedimento é fundamental para a preparação e aceitação
do indivíduo às mudanças de hábitos e estilo de vida”, completa Isabel.
Avaliação antes e depois da cirurgia
Durante
o processo de avaliação anterior à cirurgia bariátrica, o trabalho do
psicólogo é identificar parte das causas ou gatilhos envolvidos com o
comportamento alimentar exagerado ou compulsivo. “Os indícios de
transtornos que precisam de maior atenção são aqueles relativos aos
transtornos alimentares como a bulimia nervosa, o binge, a compulsão e a
síndrome do comer noturno”, aponta a psicóloga.
Além desses, os transtornos
ansiosos, depressivos e do humor (como a bipolaridade) também devem ser
observados, pois podem estar associados a uma alimentação fora do
padrão.
“Às vezes o paciente não
desenvolveu nenhum desses trantornos, mas já tem traços – ou seja um
maior risco de desenvolvê-los – e isso nos traz uma outra questão: após a
cirurgia eles podem aflorar de vez. Por isso, ter este histórico do
paciente e estar alerta para um possível transtorno é importantíssimo”,
diz Isabel.
Sem avaliação psicológica o risco de morte pode aumentar
A
preocupação da psicóloga é baseada nos riscos reais dos pacientes.
Afinal, após uma cirurgia desse porte, passa-se meses readequando o tipo
de alimentação. Para se ter uma ideia, no primeiro mês após a cirurgia
os pacientes se alimentam exclusivamente de comidas na forma líquida, em
pouquíssima quantidade.
“Estes indivíduos podem se
desestabilizar e transtornos ansiosos ou a bipolaridade podem aflorar de
forma intensa. Caso isso ocorra e o paciente recém-operado tenha um
acesso de alimentação compulsiva os riscos são gravíssimos. Pode haver
uma fístula – rompimento do orgão operado – resultando em morte”, alerta
a psicóloga.
Foi isso o que ocorreu, por
exemplo, com o colunável Chiquinho Scarpa, em 2009. A ingestão
descontrolada de suco de fruta o levou à UTI do Hospital Sírio-Libanês,
em São Paulo.
“Por isso é importante o
acompanhamento pós-cirúrico também. Para que esse tipo de risco seja
mitigado.Além disso o apoio familiar é fundamental para motivar quem se
submete ao procedimento”, observa a especialista.
Pacientes com balão intragástrico também são avaliados
Para
os pacientes com obesidade moderada, uma outra opção à cirurgia
bariátrica é a utilização do balão intragástrico (que não necessita de
cirurgia). Menos invasiva, a utilização desse tipo de procedimento
também necessita de readaptações no padrão alimentar após a cirurgia.
Isso se dá principalmente pelo
fato de que, após a retirada do balão, e sem alterações no estômago, os
pacientes podem voltar a engordar rapidamente caso algum transtorno
mental que não foi controlado ou resolvido aflore novamente.
“Pessoas acima do peso, e
principalmente os obesos em todos os níveis, precisam de acompanhamento
psicológico pois essa condição é, naturalmente, acompanhada de muitos
traumas. Há o isolamento social, desgaste psicológico causado por
bulliyng, grande insatisfação com o próprio corpo e baixa auto-estima”,
pontua Isabel.
“Por tudo isso, essas cirurgias
são apenas parte do tratamento do problema, que deve ser visto de forma
global e multidisciplinar. E nesses casos a máxima ‘mente sã em corpo
são’ não poderia ser mais correta”, finaliza.
Fonte O que eu tenho
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