OFTALMOLOGIA: Nova lente para catarata chega ao País
Lente permite corrigir simultaneamente presbiopia e astigmatismo. As alterações atingem a maioria dos portadores de catarata, mostram estudos.
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de aprovar uma lente multifocal para cirurgia de catarata que corrige simultaneamente presbiopia (vista cansada) e astigmatismo. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a catarata, opacificação do cristalino que leva à cegueira tratável e surge a partir dos 60 anos, é a doença ocular que mais cresce no Brasil por causa do envelhecimento da população.
O último censo demográfico mostra que 20,5 milhões de brasileiros têm mais de 60 anos. A estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é de que em duas décadas 1 em cada 4 pessoas vai ter mais de 65 anos no País. Queiroz Neto observa que no Brasil muitas pessoas nesta faixa etária continuam em atividade e por isso precisam enxergar bem em todas as distâncias.
O problema, ressalta, é que a maioria dos portadores da doença tem presbiopia ou vista cansada que dificulta a visão de perto, além de astigmatismo, uma alteração na curvatura da córnea ou cristalino que desfoca a visão de perto e longe. Por isso, a substituição do cristalino na cirurgia de catarata por uma lente monofocal pode ser decepcionante para muitas pessoas. Só para se ter uma ideia, o especialista diz que a análise de 1.1 mil prontuários de portadores de catarata mostra que na faixa etária entre 70 e 75 anos 51% apresentaram astigmatismo contra 10% a 15% entre jovens.
Outro estudo realizado na Espanha aponta que de 4540 pacientes com catarata, 64% apresentaram entre 0,25 a 1,25 de astigmatismo e 22% mais de 1,5. O especialista explica que a maior prevalência do astigmatismo em portadores de catarata está associada ao aumento do peso das pálpebras com o avanço da idade, pequenos traumas, processos alérgicos e inflamatórios no decorrer da vida.
Luz na medida
A nova lente corrige até 3 graus de astigmatismo. “Pode parecer pouco, mas é o suficiente para eliminar a necessidade de usar óculos após a cirurgia de catarata para a maior parte das pessoas”, observa.
Segundo Queiroz Neto a principal diferença em relação às similares já existentes no mercado é a apodização. Trata-se de uma aplanação do centro para a borda que regula a quantidade de luz que chega à retina, independente do tamanho da pupila.
Ele explica que este ajuste é importante porque com a idade a capacidade da nossa pupila contrair e dilatar diminui muito. Por isso, durante o dia passamos a ter mais fotofobia (aversão à luz) e à noite maior ofuscamento e visão de halos, efeitos que são agravados pelo astigmatismo.
A apodização mais a correção refrativa eliminam estes problemas. Por se tratar de uma tecnologia que incorpora outras plataformas utilizadas pelos especialistas, dispensa o treinamento de cirurgiões experientes. A única recomendação pré-cirúrgica para prevenir desvios é fazer duas marcações do eixo da visão com o paciente sentado. A lente não tem cobertura do SUS ou planos de saúde, mas acaba ficando mais barata do que a manutenção de óculos para o resto da vida, comenta.
Prevenção
O médico diz que a catarata é decorrente do processo natural de envelhecimento dos olhos. Por isso não é possível evitar a doença, apenas retardar seu aparecimento. Os principais cuidados preventivos são:
· Evitar expor os olhos ao sol sem lentes com proteção UV (ultravioleta).
· Não sar colírios por conta própria, especialmente os que contêm corticóide.
· Evitar excesso de sal, bebida alcoólica e cigarros.
· Praticar exercícios.
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