Pesquisador sugere vacinação contra H1N1 em meses diferentes no Brasil
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Com mais de 8 milhões de quilômetros quadrados de extensão, o Brasil
possui grande diversidade cultural, climática, topográfica e de hábitos
da população. Estudos sugerem que as variáveis, principalmente de
temperatura e umidade, devem ser consideradas como parte dos
determinantes para a propagação da influenza A (H1N1), conhecida como
gripe suína. A tese Pandemia de influenza no Brasil: epidemiologia, tratamento e prevenção da influenza A (H1N1),
do coordenador de Programas e Projetos (CPP) da Fiocruz Brasília, José
Cerbino, mostra que, nas regiões Sul e Sudeste, a mortalidade foi mais
alta nos meses de inverno de 2009 e 2010. “Os resultados recomendam que
medidas preventivas adequadas às características locais e regionais
poderiam ser mais efetivas no controle da influenza que as recomendações
nacionais”, alerta Cerbino. O pesquisador defendeu a tese em julho
deste ano, no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia em Saúde
Pública da ENSP.
O Ministério da Saúde realiza anualmente, no mês de maio, campanha para prevenção da gripe A. Cerbino defende que, a fim de respeitar as diversidades existentes em cada região do país, seria necessário definir calendários distintos de vacinação para cada local. “Poderia ser mais eficaz se pensado de forma regional, devendo-se considerar ainda o estreito período entre a determinação dos vírus circulantes no mundo e a produção da vacina anual”, afirma. “Regiões tropicais e subtropicais apresentam transmissão de influenza durante todo o ano, mas também estão sujeitas a oscilações, influenciadas pelas estações chuvosas. Nessas regiões, pode ocorrer mais de um período de atividade viral por ano”, acrescenta o pesquisador.
Cerbino utilizou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) para analisar o número de óbitos em casos confirmados de influenza nos anos de 2009 e 2010. Entre 19 de abril de 2009 e 2 de janeiro de 2010, foram notificados 23,3 casos por 100 mil habitantes. No mesmo período, ocorreram 2.051 óbitos por influenza, levando a uma taxa de mortalidade de 1,1 por 100 mil habitantes. Na região Sul, a taxa foi de 3,0 óbitos por 100 mil habitantes, ao passo que, na região Nordeste, foi de 0,1 óbito por 100 mil habitantes. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste contribuíram com apenas 6% do total dos casos.
A tese mostra que o medicamento oseltamivir, conhecido comercialmente como Tamiflu, é eficaz na prevenção de mortes pela gripe A. O Tamiflu, recomendado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para casos de suspeita de H1N1, foi ministrado, em 2009, em 426 pacientes internados em hospitais do Rio de Janeiro e reduziu em 60% o risco de óbito. Observou-se diminuição nos doentes que tomaram o oseltamivir até quatro dias do início dos sintomas. “A tese mostra que o medicamento é eficaz mesmo após as 48 horas do aparecimento dos sintomas”, ressalta Cerbino. O Tamiflu é vendido em farmácias e distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Não é preciso receita médica para comprar o medicamento.
O terceiro resultado da pesquisa conclui que as vacinas com adjuvantes – fabricadas com o vírus e com compostos lipídicos que aumentam o efeito da resposta imunológica do indivíduo – utilizadas na primeira campanha contra a H1N1 apresentam risco até seis vezes maior de causar reações adversas como dor, vermelhidão e edema. “É importante levar em conta os fatores que influenciam a adesão à vacinação, e um dos determinantes são as reações adversas”, lembra o pesquisador.
Para fabricar a vacina com adjuvante, utiliza-se uma quantidade de vírus menor do que a usada na vacina tradicional, composta apenas pelo vírus, e também utilizada na campanha. Durante a primeira campanha de imunização contra a H1N1, a vacina sem adjuvante foi indicada para profissionais da saúde, gestantes, população indígena, doentes crônicos, crianças entre 6 meses e 2 anos e idosos. “Havia uma limitação de doses no mundo, e o Ministério teve de priorizar os grupos considerados de risco”, explica Cerbino.
O pesquisador acompanhou a incidência de reações adversas em 511 profissionais de saúde do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) da Fiocruz, no Rio de Janeiro. A vacina sem adjuvante foi aplicada em 171 profissionais. Os outros 340 receberam com o adjuvante. Os profissionais vacinados receberam ligações do serviço de farmacovigilância após 24 horas, sete dias e 21 dias de vacinados para relatarem os efeitos adversos.
O pesquisador lembra que existem diversos tipos de vírus que causam a síndrome gripal em circulação pelo mundo. Muitas vezes, alguém pode tomar a dose da vacina contra gripe e, dias depois, apresentar sintomas respiratórios, pois, nesse período do ano, a maioria dos outros vírus circula. “A vacina não causa gripe. É provável que seja outro vírus e as pessoas acabam associando a vacinação com o resfriado”, afirma. Cerbino explica que é impossível ocorrer uma gripe por conta da vacina, já que está inativada, contendo apenas partes do vírus.
José Cerbino Neto é médico, mestre em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutor em Epidemiologia pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP). É pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz desde 2006 e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. É coordenador de Programas e Projetos (CPP) na Fiocruz Brasília. Foi orientado pelo professor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Guilherme Werneck e coorientado pelo professor da ENSP Carlos Coimbra.
O Ministério da Saúde realiza anualmente, no mês de maio, campanha para prevenção da gripe A. Cerbino defende que, a fim de respeitar as diversidades existentes em cada região do país, seria necessário definir calendários distintos de vacinação para cada local. “Poderia ser mais eficaz se pensado de forma regional, devendo-se considerar ainda o estreito período entre a determinação dos vírus circulantes no mundo e a produção da vacina anual”, afirma. “Regiões tropicais e subtropicais apresentam transmissão de influenza durante todo o ano, mas também estão sujeitas a oscilações, influenciadas pelas estações chuvosas. Nessas regiões, pode ocorrer mais de um período de atividade viral por ano”, acrescenta o pesquisador.
Cerbino utilizou dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) para analisar o número de óbitos em casos confirmados de influenza nos anos de 2009 e 2010. Entre 19 de abril de 2009 e 2 de janeiro de 2010, foram notificados 23,3 casos por 100 mil habitantes. No mesmo período, ocorreram 2.051 óbitos por influenza, levando a uma taxa de mortalidade de 1,1 por 100 mil habitantes. Na região Sul, a taxa foi de 3,0 óbitos por 100 mil habitantes, ao passo que, na região Nordeste, foi de 0,1 óbito por 100 mil habitantes. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste contribuíram com apenas 6% do total dos casos.
A tese mostra que o medicamento oseltamivir, conhecido comercialmente como Tamiflu, é eficaz na prevenção de mortes pela gripe A. O Tamiflu, recomendado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para casos de suspeita de H1N1, foi ministrado, em 2009, em 426 pacientes internados em hospitais do Rio de Janeiro e reduziu em 60% o risco de óbito. Observou-se diminuição nos doentes que tomaram o oseltamivir até quatro dias do início dos sintomas. “A tese mostra que o medicamento é eficaz mesmo após as 48 horas do aparecimento dos sintomas”, ressalta Cerbino. O Tamiflu é vendido em farmácias e distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Não é preciso receita médica para comprar o medicamento.
O terceiro resultado da pesquisa conclui que as vacinas com adjuvantes – fabricadas com o vírus e com compostos lipídicos que aumentam o efeito da resposta imunológica do indivíduo – utilizadas na primeira campanha contra a H1N1 apresentam risco até seis vezes maior de causar reações adversas como dor, vermelhidão e edema. “É importante levar em conta os fatores que influenciam a adesão à vacinação, e um dos determinantes são as reações adversas”, lembra o pesquisador.
Para fabricar a vacina com adjuvante, utiliza-se uma quantidade de vírus menor do que a usada na vacina tradicional, composta apenas pelo vírus, e também utilizada na campanha. Durante a primeira campanha de imunização contra a H1N1, a vacina sem adjuvante foi indicada para profissionais da saúde, gestantes, população indígena, doentes crônicos, crianças entre 6 meses e 2 anos e idosos. “Havia uma limitação de doses no mundo, e o Ministério teve de priorizar os grupos considerados de risco”, explica Cerbino.
O pesquisador acompanhou a incidência de reações adversas em 511 profissionais de saúde do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) da Fiocruz, no Rio de Janeiro. A vacina sem adjuvante foi aplicada em 171 profissionais. Os outros 340 receberam com o adjuvante. Os profissionais vacinados receberam ligações do serviço de farmacovigilância após 24 horas, sete dias e 21 dias de vacinados para relatarem os efeitos adversos.
O pesquisador lembra que existem diversos tipos de vírus que causam a síndrome gripal em circulação pelo mundo. Muitas vezes, alguém pode tomar a dose da vacina contra gripe e, dias depois, apresentar sintomas respiratórios, pois, nesse período do ano, a maioria dos outros vírus circula. “A vacina não causa gripe. É provável que seja outro vírus e as pessoas acabam associando a vacinação com o resfriado”, afirma. Cerbino explica que é impossível ocorrer uma gripe por conta da vacina, já que está inativada, contendo apenas partes do vírus.
José Cerbino Neto é médico, mestre em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutor em Epidemiologia pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP). É pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz desde 2006 e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. É coordenador de Programas e Projetos (CPP) na Fiocruz Brasília. Foi orientado pelo professor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Guilherme Werneck e coorientado pelo professor da ENSP Carlos Coimbra.
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