sábado, 15 de outubro de 2011

14/10/2011 - 10h54

HC cria método indolor de detecção de problemas hepáticos

Paloma Rodrigues
Da Agência USP

O Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) está implantando um novo método de exame para diagnóstico e controle em pacientes com problemas hepáticos. A Elastografia Hepática permite avaliar o grau de fibrose do fígado. O método poderá diminuir as indicações da biópsia de fígado. A fibrose é liberada quando o órgão está inflamado e causa sua rigidez, a partir desta medida é possível verificar a anomalia que atinge o paciente. “A vantagem desse novo processo é que ele é indolor e pode ser realizado sem a necessidade de introduzir uma agulha no paciente”, diz o professor Flair José Carrilho, titular da Gastroenterologia Clínica do HC. O HC será a primeira unidade do País a utilizar o exame.

A biópsia hepática, considerada a melhor forma para o diagnóstico da fibrose na hepatite crônica C tem como vantagem avaliar outros dados também importantes relacionados à questão do problema no fígado. Entretanto, o método exige muito mais esforços, tanto da equipe médica quanto do paciente. Isso porque, exige internação, uso de anestesia local e introdução de agulha para obtenção do fragmento de tecido hepático. Além disso, há risco raro de complicações hemorrágicas para o paciente. Para a Elastrografia não é necessário sequer o jejum.

Até agora, a biópsia hepática é a única alternativa para os pacientes do SUS. Além da questão do conforto físico do paciente, o apelo financeiro é bastante significativo neste caso. “Não ser necessário internar o paciente barateia muito os custos do procedimento”, aponta Carrilho.

A Gastroenterologia Clínica é pioneira na introdução da técnica na rede pública de saúde brasileira. Protocolos de pesquisa em desenvolvimento atestam a eficácia da nova tecnologia. No momento, o processo passa por uma fase de testes que servirá para a construção de uma curva de aprendizado, o que servirá de auxílio e base para as equipes médicas que adotarem a técnica daqui para a frente. São necessários cerca de 500 exames para que a equipe entenda o procedimento e estabeleça padrões para ele. Até agora, por volta de 400 exames já foram realizados. Depois disso, a técnica ficará disponível para ser utilizada no SUS.

Desenvolvimento da técnica

A técnica foi desenvolvida na França há dez anos e está à disposição da população europeia há cinco. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o uso do aparelho no Brasil. Os equipamentos foram trazidos da França este ano e já estão sendo utilizados na fase de testes. “Foi uma importação de tecnologia. Utilizamos material e base da França e fomos à Barcelona, na Espanha, para uma série de estudos, já que lá é um centro de aprendizado nesse ponto.”

O equipamento utilizado é bastante semelhante a um aparelho de ultrassom, denominado Fibroscan. Ele emite ondas de baixa frequência ao medir a elasticidade do fígado. Quanto mais endurecido estiver o tecido, mais rapidamente as ondas serão propagadas, a partir da quantidade de fibrose presente. As inflamações no fígado produzem fibrose, que é responsável pelo enrijecimento do fígado. Obtida a medida, é possível identificar o tipo de anomalia que atinge o órgão.

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