Posted: 17 Aug 2012 01:29 AM PDT
Cortar o cordão umbilical, dar o primeiro banho e aproveitar para fazer exames são estratégias para melhorar a saúde deles
O Ministério da Saúde quer aproveitar a paternidade para melhorar os indicadores de saúde dos homens.
Reunião com especialistas da
área definiu uma espécie de “pré-natal do papai”, que deve ocorrer com
os cuidados gestacionais da mulher.
A proposta já está em andamento –
de forma experimental – em algumas cidades brasileiras (como São Paulo,
Ourinhos, Campinas e Rio de Janeiro) e a ideia é padronizar as
estratégias e recomendações em todas as unidades básicas de saúde do
País.
“Buscamos trabalhar com as
coordenações Estaduais e Municipais de Saúde do Homem para incentivar a
participação dos pais no pré-natal, parto e pós-parto”, afirma Eduardo
S. Chakora, coordenador da Área Técnica de Saúde Masculina do
Ministério.
Cortar o cordão umbilical do
bebê, ajudar no primeiro banho das crianças e divulgar o direito dos
pais de acompanhar o parto nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS)
estão entre as recomendações definidas para todo o território nacional,
diz Chakora.
Além do papel mais participativo
dos homens no momento do nascimento das crianças, o pré-natal masculino
também visa aproximar os adultos do cuidado preventivo. Os “grávidos”
serão estimulados a fazer exames que detectam aids , sífilis e hepatites
virais , além de fazer visitas ao cardiologista e urologista.
“Queremos oferecer horários
alternativos (de funcionamento dos serviços de saúde), tais como sábados
e terceiro turno, para consultas, atividades de grupo e visitas às
enfermarias, para facilitar a presença dos pais que trabalham”, completa
o coordenador.
Sexo frágil
As
sociedades médicas brasileiras – Urologia, Cardiologia e Psiquiatria –
já em 2010 alertaram que os indicadores de saúde masculina apresentam
desvantagem em relação aos de saúde feminina. Por isso, criaram uma
comissão nacional para melhorar os dados.
Os homens hoje vivem oito anos a
menos do que as mulheres, reúnem o dobro de casos de mortes cardíacas,
fumam e bebem o dobro em relação a elas (e por isso são maioria em
câncer de pulmão , boca e laringe) e ainda englobam 80% dos mortos em
acidentes de trânsito e homicídio.
A fragilidade masculina em
relação à saúde está baseada em padrões culturais que por anos
mantiveram os homens afastados dos médicos.
“O próprio termo ‘saúde
masculina’ é recente. Antes só existia saúde da criança e saúde da
mulher”, afirma o professor de urologia da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, André Cavalcanti.
“A política nacional para eles
começa a ser desenhada apenas em 2007. Agora estamos colhendo os
primeiros frutos da mudança”, completa.
Segundo o especialista, hoje já
há menos preconceito em fazer exames de próstata, o grande tabu. Além
disso, a melhora dos tratamentos para a disfunção erétil também fez com
que os homens mais velhos perdessem o receio de procurar tratamentos,
que exigem avaliação não apenas da saúde sexual, mas do funcionamento do
corpo e da mente.
“Outro sinal de mudança é que,
além das esposas – que sempre foram as grandes incentivadoras das
consultas dos homens – os filhos adultos passaram a desempenhar papel de
destaque na condução dos pais aos consultórios médicos”, atesta André
Cavalcanti. Para ele, um sinal de que a geração mais nova está mais
comprometida com a própria saúde e com a saúde da família.
O urologista do Hospital Edmundo
Vasconcelos, Fernando Almeida, também acredita que a resistência dos
homens aos cuidados médicos tem diminuído.
“Mas ainda há uma postura de só
procurar o consultório depois que o problema aparece e não de forma
preventiva. Isso precisa mudar para reduzir a mortalidade e ampliar a
qualidade de vida.”
Fonte iG
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