Síndrome de Asperger: para entender um pouco mais
Esse é um transtorno do neurodesenvolvimento, cuja exata causa é
desconhecida. É caracterizado por déficits na interação social,
presença de comportamentos repetitivos, e interesses restritos. Atraso
no desenvolvimento da linguagem falada, nas habilidades de coordenação
visuo-espacial e habilidades mediadas pela fala, com ausência de déficit cognitivo.
Apesar de existirem semelhanças com o autismo, as pessoas com
Síndrome de Asperger geralmente têm elevadas habilidades cognitivas e
funções de linguagem normais, se comparadas a outras desordens ao longo
do espectro, porém demoram a desenvolver o uso da linguagem, e podem
apresentar problemas na fala e compreensão das palavras e da linguagem.
Apesar de poderem ter um extremo comando da linguagem e vocabulário
elaborado, estão incapacitadas de usar em contexto social e geralmente
não apresentam uma inflexão adequada na voz, às vezes fala
infantilizada.
Apresentam-se passivos e indiferentes. As dificuldades de
socialização não remitem com o desenvolvimento. Os déficits sociais
resultam primariamente da inabilidade em considerar e conceitualizar os
próprios fenômenos mentais como os das outras pessoas. Esse fato provoca
uma dificuldade especial em prever e entender as intenções,
sentimentos, e crenças das outras pessoas e consequentemente,
dificuldades na interação social. O paciente interpreta as outras
pessoas conforme seu próprio referencial. É como se as outras pessoas
tivessem uma “linguagem” diferente, que o paciente não compreende.
Outra característica é a disfluência nas funções executivas. Esse é
um grupo de atividades que permite o planejamento futuro, mudar de
prioridades, e agir com propósito, apesar de distrações ou demandas
competitivas. Essa inabilidade apresenta-se como inflexibilidade e
dificuldades de planejamento, incluindo má aplicação do conhecimento aos
problemas do cotidiano, tendência a perseverar, ou seja repetir
comportamentos e palavras, dificuldades em manter-se nas tarefas e
interagir com as demais pessoas. Apresenta inabilidade de entender o
contexto das situações, integrar partes de um todo, entender
informações, negligencia as informações não verbais.
As características apresentadas provocam déficits sociais
resultantes primariamente da inabilidade cognitiva específica de
compreender os outros como agentes intencionais, ou seja, interpretar as
suas mentes em termos de conceitos teóricos de estados
intencionais como crenças e desejos, particularidades qualitativas na
interação social, uso de peculiaridade no comportamento não-verbal para
regular a interação social.
O que permite a relação adequada com os outros é a capacidade que
temos de compreender os estados mentais, tais como: crenças,
sentimentos, desejos, esperanças e intenções. É a maneira de imaginar os
sentimentos de outras pessoas ou seus pensamentos. Através dessas
habilidades, podemos criar uma imagem mental de nossas próprias
emoções ou sentimentos. Esta habilidade nos permite compreender que o
comportamento das pessoas é causado por seus sentimentos, crenças
ou intenções. Se pudemos prever alguns desses comportamentos, poderemos
antecipar respostas. O que quer que se passa na mente de outras pessoas
não está visível, então para ser entendido, precisa ser interpretado
através das dicas de seu comportamento. Muitas dessas dicas não são
explicitas.
Quando a pessoa não é capaz de vincular o comportamento dos outros
aos seus sentimentos, não tem a capacidade de entender ou prever suas
atitudes, relacionar-se é tarefa difícil, às vezes impossível. Se o
paciente não entender que alguém está triste e com raiva por alguma
coisa que tenha feito, não vê sentido no comportamento dos outros ao seu
redor.
Uma grande quantidade de conhecimento é inconsciente e vem da
capacidade de perceber como os outros possam pensar ou sentir. Conhecer
as emoções dos outros por interpretar corretamente sinais não
verbais torna a comunicação eficaz. A falta dessas características
provocam falha no desenvolvimento de relações com pares da sua idade;
falta de interesse espontâneo em dividir experiências com outros; falta
de reciprocidade emocional e social.
Uma importante deixa para a comunicação é a capacidade de
perceber o nível de interesse do ouvinte á partir de sua linguagem
corporal ou expressão facial. As observações dolorosas ou rudes
acontecem devido à incapacidade de prever como os
seus comentários afetarão outras pessoas. Paciente apresenta um
olho muito bom para obter detalhes não percebidos pelos demais, mas na
maioria das vezes é incapaz de interpretar o todo. A perturbação causa
prejuízo clinicamente significativo nas áreas social e ocupacional e
outras áreas importantes de funcionamento.
A boa comunicação é baseada na empatia, a capacidade de sentir com
os outros e colocar-se na sua situação. Ter essa
capacidade fará interação social acontecer de modo muito mais
fácil. Compreender as emoções de pessoas propicia a capacidade de
prever o seu comportamento e ter uma interação social adequada. Saber o
que esperar ajudará a saber como reagir à situação. Para as crianças que
são incapazes de levar em consideração como os outros possam sentir,
pensar ou reagir, o mundo torna-se um lugar terrível para se viver.
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