Câncer de mama reúne 10 tumores diferentes, identifica estudo
Cristina Gallardo
Em Londres
O câncer de mama reúne dez subtipos de tumores diferentes entre si, descoberta que representa um grande avanço para os tratamentos personalizados contra a doença, explicou nesta quarta-feira à Agência Efe Carlos Caldas, quem lidera o grupo de cientistas do trabalho.
Uma pesquisa envolvendo 20 cientistas das Universidades de Cambridge (Reino Unido) e British Columbia (Canadá) conseguiu identificar dez subtipos de câncer de mama, assim como algumas das diferenças genéticas e moleculares entre os mesmos.
O estudo, cujas conclusões foram publicas na última quarta-feira (17) na revista científica britânica "Nature", consistiu em analisar o DNA de 2 mil tumores por meio da tecnologia mais moderna de raios X, durante cinco anos.
"O câncer de mama não é só uma doença, mas dez doenças distintas, realmente diferentes entre si a partir do ponto de vista clínico e biológico, já que nelas intervêm diferentes genes. Isto representa uma perspectiva completamente nova de olhar o câncer", explicou à Agência Efe o pesquisador principal do estudo, o médico português Carlos Caldas, da Universidade de Cambridge.
Os pesquisadores encontraram dezenas de genes envolvidos no câncer de mama desconhecidos até agora, o que poderia servir como novo caminho para o tratamento no futuro.
"Conseguimos identificar genes que eram muito abundantes em um tipo de tumor, mas que estavam praticamente ausentes em outros tipos", acrescentou Caldas.
A descoberta sobre estes genes e o das classes de tumores nas quais estão envolvidos servirá para elaborar tratamentos personalizados - consistentes em avaliar fatores como a informação genética, os antecedentes familiares e o histórico clínico do paciente - para cada tipo de câncer de mama.
Só em um dos dez subtipos identificados, os cientistas descobriram uma presença significativa de gene hereditário, denominado Bric1, que predispõe o câncer de mama.
Entre os dez subtipos descobertos, um desconhecido até agora chama a atenção dos pesquisadores, já que todos os indícios apontam que o sistema imune seja capaz de reconhecer a presença da doença e tentar combatê-la.
"Surpreendentemente, neste caso observamos uma atividade interessante dos linfócitos, o que sugere que o sistema imune provavelmente reconhece estes tumores e reage contra eles", detalhou o pesquisador.
"Se pudéssemos investigar por que nestes tumores o sistema imune é ativado, poderíamos tentar encontrar formas para estimular o sistema imunológico para combater outros tipos de câncer de mama", afirmou Caldas.
Até agora, as pesquisas do câncer de mama e suas causas estavam em estado inicial, já que para que os resultados sejam significativos é preciso utilizar uma mostra muito ampla de pacientes.
As conclusões do estudo de Caldas equivalem a encontrar "um novo mapa contra o câncer de mama tanto no âmbito clínico quanto no laboratorial".
Assim, os testes clínicos do futuro deverão levar em conta esta informação e concentrar-se em cada um dos tipos descobertos.
Em nível biológico, as pesquisas serão muito mais precisas, porque é "impossível" para uma só equipe abranger toda a tipologia, opinou o médico, cujo laboratório vai se centrar em uma e duas classes de tumores.
Embora não descarta que exista algum tipo adicional além dos dez identificados, Caldas acredita que estes são os principais e que, a partir de agora, os pesquisadores encontrarão as ramificações de cada um deles.
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