sábado, 23 de junho de 2012

Rede de Atenção

MS prepara a Rede de Atenção às Doenças Crônicas, sob coordenação do DAB


Em entrevista ao Portal de Inovações na Gestão do SUS – Redes e APS, a responsável pela da Coordenação Geral de Áreas Técnicas do Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS/MS), Patrícia Sampaio Chueiri, conta como está a elaboração da Rede de Atenção voltada para as Doenças Crônicas, prevista para ser lançada até o fim do ano. Ela enfatiza o fato de ser a primeira Rede que a Atenção Básica está coordenando, fortalecendo o papel de coordenadora do cuidado e ordenadora da rede.
 
 As doenças renocardiovasculares, obesidade, câncer e as respiratórias serão as prioritárias na nova Rede de Atenção à Saúde.
 
Portal – Ministério da Saúde vai priorizar o enfrentamento das condições crônicas a partir da Atenção Básica?
Patrícia Chueiri – As doenças crônicas são uma realidade mundial e nacional. Desde o ano passado o Brasil tem priorizado esse tema. A própria Presidenta da República, Dilma Roussef, abriu a Conferência da Mundial da ONU falando das doenças crônicas e apresentou o Plano Estratégico de Enfrentamento das Doenças Crônicas do Brasil. Esse plano foi feito por várias áreas do Ministério da Saúde, organizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, mas grande parte das ações que se referem ao cuidado tem relação com a Secretaria de Assistência à Saúde (SAS). O Plano atual traz questões da macropolítica, destaca legislações, ações intersetoriais, ações voltadas para promoção da saúde e fala um pouco sobre a organização do processo do cuidado das doenças crônicas. Neste sentido, a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) tem um papel fundamental de aprofundar as ações de atenção à saúde contidas no Plano. Para isso, em 2012, o Departamento de Atenção Básica (DAB/SAS) se reorganizou internamente e ampliou o olhar da coordenação de Hipertensão e Diabetes para Doenças Crônicas, criando a Coordenação Geral de Áreas Técnicas, responsável por coordenar a Rede temática de Atenção às Doenças Crônicas entre outras atividades.
 
O DAB está elaborando a Rede de Atenção voltada para as Doenças Crônicas?
Patrícia Chueiri – O DAB coordena um grupo de trabalho dentro da SAS que tem como foco a Rede de Atenção às Doenças Crônicas. Neste ano, tem como prioridade as questões renocardiovasculares, obesidade, câncer e as doenças respiratórias. É a primeira Rede que a Atenção Básica está coordenando, fortalecendo o papel de coordenadora do cuidado e ordenadora da rede que a AB deve exercer nas Redes de Atenção à Saúde. Foi um reconhecimento em relação ao que o DAB vem desenvolvendo e será um desafio para a nova coordenação do departamento. Neste primeiro momento, começamos a organizar as linhas de cuidado das doenças renocardiovasculares e obesidade. Estamos trabalhando com o modelo de atenção a doença crônica que enfatiza o autocuidado, o empoderamento do usuário, a estratificação de risco dos usuários de doenças crônicas, equipe multidisciplinar, acesso à  medicamentos e exames.
 
Quando será anunciada a Rede de Atenção das Doenças Crônicas?
Patrícia Chueiri – A idéia é que seja anunciada até o fim deste ano. O Ministério da Saúde já financia muitas ações voltadas para o enfrentamento das doenças crônicas, tanto na atenção básica como na média e alta complexidade. Queremos integrar essas ações existentes, por meio da Rede de Atenção. Paralelo a isso, nós estamos revendo os Cadernos de Atenção Básica já contemplando questões do modelo de cuidado da pessoa com doença crônica. Nesse ano, vamos relançar os Cadernos da AB sobre Obesidade, Hipertensão e Diabetes trazendo o conceito de doença crônica e de redes de atenção. Será uma publicação que vai apoiar o processo de trabalho das equipes da AB, com orientações para o dia a dia.
 
Qual a principal mudança na abordagem do cuidado dessas doenças que os Cadernos da AB irão trazer?
Patrícia Chueiri – Para o manejo da doença crônica é preciso garantir algumas coisas na AB, como o acesso a medicamento e apoio diagnóstico, avaliar e estratificar o risco do usuário de acordo com o grau da evolução da doença. Uma fragilidade ainda nas equipes de AB é em relação ao apoio ao autocuidado, como ajudar o usuário a cuidar da sua própria saúde.  Ainda não temos muitas ferramentas, dispositivos, ou processos de trabalho que ajudem as equipes a orientar o autocuidado. Em relação a estratificação de risco, o Caderno vai  aprofundar essa questão. A idéia é que ao se estratificar o risco, a Unidade Básica de Saúde identifique quem está mais vulnerável.  Uma das questões também é fortalecer os Núcleos de Apoio da Saúde da Família (NASF), para que o cuidado seja de fato multiprofissional.
 
O prontuário eletrônico é imprescindível para fazer a estratificação do risco do usuário?
Patrícia Chueiri – Em si o prontuário eletrônico não é uma obrigatoriedade, ele facilita muito para as equipes. Hoje nós temos como cadastrar a população, conhecer e estratificar o usuário sem o prontuário eletrônico. O sistema permite ao menos reconhecer quem são os hipertensos e os diabéticos da sua região, cabe a equipe dar continuidade e esse reconhecimento. A estratificação de risco pode ser feita de outra forma, até manual. Nós precisamos introjetar a estratificação do risco no processo de trabalho e também oferecer uma ferramenta tecnológica para que essa ação seja facilitada.
 
Há subnotificação dos usuários com condições crônicas pelas UBS?  
Patrícia Chueiri – A questão da informação é muitas vezes vista como burocracia. Muitas equipes de atenção direta e também de gestão ainda  não usam  a informação para melhorar os resultados das ações de saúde, para melhorar o processo de trabalho  ou para as tomadas de decisões. Talvez por isso ainda temos problemas  de informação. Quando a informação passa a ter sentido para os profissionais, como por exemplo, reconhecer quem tem asma, HAS ou Diabetes, tanto para organizar o processo de trabalho das equipes de atenção quanto para a gestão prever e organizar a necessidade de exames de apoio diagnósticos ou de consultas com especialistas, as informações sejam mais fidedignas.
As informações podem facilitar a organização da agenda da equipe, possibilitando que a equipe dê conta do atendimento da demanda imediata e da demanda de cuidado continuado e programado, quando necessário, ainda podendo apoiar o gestor na tomada de decisão a partir de dados reais e concretos. Quando a informação se torna útil para todos os profissionais, com certeza teremos menor subnotificação na saúde. É uma transformação do país como todo. Neste sentido as questões de tecnologia de informações podem ajudar muito, desde que os softwares realmente apóiem o trabalho do profissional e não sejam apenas um local de colocação de dados sem sentidos. O DAB tem se debruçado em um novo sistema de informação da atenção básica que tem como objetivo apoiar a todos, e ajudar nesse processo de transformação das informações em saúde.
 
Qual contribuição você espera do Laboratório de Inovações sobre as condições crônicas, coordenado pela OPAS e Conass?
Patrícia Chueiri- A idéia que o Laboratório de Inovação nos facilite a identificar experiências exitosas nessas áreas para ajudar na formulação política para o país.
 
Vanessa Borges
Agência de notícias do Portal da Inovação na Gestão do SUS – Redes e APS

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