Hospital do Coração desenvolve técnica para diagnóstico precoce de Alzheimer
Método localiza com maior precisão pontos de desenvolvimento da doença
Por Minha Vida
Médicos do Hospital do Coração
(HCor) desenvolveram um método pioneiro no país para realizar
diagnóstico precoce de Alzheimer. A técnica combina imagens obtidas por
meio do PET/CT, uma tomografia e ressonância magnética das vias
cerebrais, para localizar possíveis pontos de desenvolvimento da doença.
"Com esse recurso poderemos identificar e desenvolver tratamento
precoce ou prevenção para vários outros tipos de doenças cerebrais
degenerativas, associadas ao envelhecimento", afirma o neurocirurgião
Antônio De Salles, um dos líderes do estudo ao lado da neurocirurgiã
Alessandra Gorgulho.
HCor usa PET/CT para mapear Alzheimer
Atualmente, o Mal de Alzheimer
atinge cerca de 25 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que um
milhão estão no Brasil. Entretanto, quanto mais cedo é diagnosticada,
mais chances os pacientes têm de conviverem bem com a doença. A partir
de pesquisas feitas na Universidade da Califórnia (UCLA), onde os
neurocirurgiões do HCor são docentes e operam pacientes com Alzheimer,
os médicos conseguiram combinar imagens geradas por aparelhos de
tomografia e ressonância magnética que possibilitam encontrar, com maior
precisão, os locais no cérebro do paciente onde há maior concentração
de células inativas, facilitando o diagnóstico precoce da doença.
O novo método é realizado em
diferentes estágios. No primeiro, são analisadas as imagens geradas por
tomografias isoladas e pelo aparelho de PET/CT, que consiste em uma
combinação da imagem obtida pela tomografia computadorizada (CT) e a
imagem funcional oferecida pela tomografia molecular por pósitrons
(PET). Em seguida, são avaliadas as vias cerebrais e o grau de atrofias
no cérebro utilizando a ressonância magnética. "Ao visualizar os exames,
vemos diferentes áreas do cérebro e suas vias representadas por cores
diferentes, dependendo da direção das fibras nervosa", explica o
neurocirurgião Antônio. "Os locais com baixa absorção de glicose no
córtex cerebral representam áreas com função deficiente e são vistos com
menos intensidades que as áreas normais."
A partir desse indício, os
especialistas intensificam as análises por meio do uso de comparação e
adição de imagens, possibilitando o diagnóstico e tratamento antecipado
da deficiência.
Sinais do Alzheimer antes que ele se revele
Os exames são essenciais para
determinar o diagnóstico precoce de Alzheimer. Mas o combate à doença
começa um passo antes disso, com a prevenção. Um outro estudo, realizado
por pesquisadores do San Francisco VA Medical Center, nos Estados
Unidos, apontou os principais fatores de riscos para doença. Entre eles
estão sedentarismo, abuso de álcool, depressão, tabagismo, diabetes,
hipertensão na meia idade e obesidade. Entenda qual a relação deles como
o Alzheimer.
Hipertensão
Num quadro de hipertensão arterial,
a intensidade com que o sangue circula acaba causando lesões nos vasos,
inclusive nos do cérebro. "Danificados, eles acabam levando menos
sangue, oxigenação e nutrientes para o cérebro, que perde sua
capacidade", afirma o psiquiatra Cássio Bottino, do Instituto de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
Tabagismo
"O cigarro acelera
o processo de envelhecimento neurológico e a atrofia cerebral, o que
agrava as chances de Alzheimer", afirma Yolanda Boechat. Além disso, as
toxinas presentes no cigarro aumentam a morte de neurônios.
Álcool
O consumo de mais de duas doses diárias de álcool aumenta em quase 10% as chances de distúrbios neurológicos. Fora isso, o alcoolismo pode levar à perda de tecido cerebral, afetando a memória recente.
Sedentarismo
A atividade física é capaz de
estimular a produção de endorfina, um hormônio antioxidante capaz de
eliminar radicais livres e combater o envelhecimento das
células cerebrais. "Os exercícios também contribuem com a irrigação
sanguínea das células neuronais, melhorando o raciocínio", afirma a
médica Yolanda.
Depressão
A dificuldade de relacionamento causada pela depressão prejudica
a memória e a capacidade de comunicação, inibindo o funcionamento de
partes do cérebro. "Se não for tratada, a depressão pode levar à
falência da área cerebral responsável pela memória", afirma o
neurologista e geneticista David Schlesinger, do Hospital Albert
Einstein.
Síndrome metabólica
Essa doença é a associação de males como obesidade, hipertensão arterial, hiperglicemia, aumento dos níveis de triglicérides, diminuição dos níveis de colesterol "bom" HDL e aumento dos níveis de ácido úrico no sangue. "Todas as essas doenças provocam um maior acúmulo de gorduras no
sangue, dificultando a circulação pelo corpo", diz a geriatra Yolanda
Boechat, coordenadora do Centro de Referência em Atenção ao Idoso da
UFF-RJ. "Com isso, há um aumento de lesões microcardiopáticas, assim
como a atrofia cerebral, elevando as chances de perda de memória em até
40%."
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