ACOLHIMENTO E A ATENÇÃO BÁSICA
NO PACS E NO PSF
Foto:Arq.Felixfilmes
O que é acolhimento?
Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH),
que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional
específico para fazê-lo: faz parte de todos os encontros do serviço de
saúde. O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do
usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no
processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução,
com ativação de redes de compartilhamento de saberes. Acolher é um
compromisso de resposta às necessidades dos cidadãos que procuram os
serviços de saúde.
Acolhimento com classificação de risco
A
classificação de risco é um dispositivo da PNH, uma ferramenta de
organização da "fila de espera" no serviço de saúde, para que aqueles
usuários que precisam mais sejam atendidos com prioridade, e não por
ordem de chegada.
E quem precisa mais?
Os
usuários que têm sinais de maior gravidade, aqueles que têm maior risco
de agravamento do seu quadro clínico, maior sofrimento, maior
vulnerabilidade e que estão mais frágeis.
E como saber quem precisa mais?
A
classificação de risco é feita por enfermeiros, de acordo com critérios
pré-estabelecidos em conjunto com os médicos e os demais profissionais.
A classificação de risco não tem como objetivo definir quem vai ser
atendido ou não, mas define somente a ordem do atendimento . Todos são
atendidos, mas há atenção ao grau de sofrimento físico e psíquico dos
usuários e agilidade no atendimento a partir dessa análise.
Como faço para que o acolhimento aconteça no serviço de saúde?
É
preciso que a equipe de saúde se reúna para discutir como está sendo
feito o atendimento no serviço: qual o "caminho" do usuário desde que
chega ao serviço de saúde, por onde entra, quem o recebe, como o recebe,
quem o orienta, quem o atende, para onde ele vai depois do atendimento,
enfim, todas as etapas que percorre e como é atendido em cada uma
dessas etapas.
Essa discussão com toda a equipe vai mostrar o que pode ser mudado para
que o usuário seja melhor acolhido. Assim, a partir dessa reunião pode
haver mudanças na entrada, na sala de espera, por exemplo, para que haja
um profissional de saúde que acolha o usuário antes da recepção,
forneça as primeiras orientações e o encaminhe para o local adequado.
A
recepção também pode mudar, utilizando-se a classificação de risco e
também um pós-consulta, ou seja, uma orientação ao usuário depois da
consulta, a partir do encaminhamento que tiver sido feito na consulta.
É
importante ainda ampliar a qualificação técnica dos profissionais e das
equipes de saúde para proporcionar essa escuta qualificada dos
usuários, com interação humanizada, cidadã e solidária da equipe,
usuários, família e comunidade.
As
possibilidades de acolhimento são muitas e o importante é que as
melhorias sejam feitas com a participação de toda a equipe que trabalha
no serviço.
Foto:Arq.Felixfilmes
O Acolhimento como estratégia de interferência nos processos de trabalho
O
acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética que se
constrói em meio a imperativos de necessidade, de direito e da
solidariedade humana. Desse modo ele não se constitui como uma etapa do
processo mas como ação que deve ocorrer em todas os locais e momentos da
Unidade. Colocar em ação o acolhimento como diretriz operacional requer
uma nova atitude de mudança no fazer em saúde e implica:
• uma
reorganização do serviço de saúde a partir da problematização dos
processos de trabalho de modo a possibilitar a intervenção de toda a
equipe, multiprofissional, encarregada da escuta e resolução do problema
do usuário.
• mudanças
estruturais na forma de gestão da unidade ampliando os
espaços democráticos de discussão/ decisão, os espaços de escuta, trocas
e decisões coletivas.
• postura de
escuta e compromisso de dar respostas as necessidades de saúde
trazidas pelo usuário. Acolher com resolutividade as pessoas que
procuram uma unidade de saúde pressupõe que todas as pessoas que
procuram a unidade, por demanda espontânea, deverão ser acolhidas
por profissional da equipe técnica. O profissional deve escutar a
queixa, identificar riscos e vulnerabilidade (escuta qualificada) e se
responsabilizar para dar uma resposta ao problema. Neste funcionamento o
acolhimento deixa de ser uma ação pontual e isolada dos processos
de produção de saúde e se capilariza em inúmeras outras ações que
partindo do complexo encontro: sujeito profissional de saúde e sujeito
demandante, possibilitam analisar:
• a adequação da área física
• as formas de organização dos serviços de saúde
• a governabilidade das equipes locais
• a humanização das relações em serviço
• os modelos de gestão vigentes na unidade de saúde
• o ato da escuta
• o uso ou não de saberes para melhoria da qualidade das ações de saúde e o quanto
estes saberes estão a favor da vida.
O QUE DEVE SER:
Dispositivo para garantir a entrada da demanda espontânea dos usuários nas unidades, ultrapassandoa lógica "programática"
Espaço para a escuta qualificada e reconhecimento das necessidades dos usuários
Espaço de reconhecimento de risco e vulnerabilidade dos indivíduos
Espaço pedagógico para atuação da equipe envolvendo novos saberes e tecnologias, realizando a clínica ampliada
Postura das equipes de saúde
Deve estar presente em todos os espaços e momentos de
encontro.
ORGANIZAÇÃO DE PORTA DE ENTRADA DA DEMANDA ESPONTÂNEA
1) Conhecer a demanda
2) Sugestões para o atendimento à demanda espontânea
• Estruturar portas de entrada distribuídas pelo horário de
funcionamento do Centro de Saúde
• Informar e orientar sobre o funcionamento do Centro de Saúde,
atividades ofertadas e agenda das equipes
• Reforçar recepção: local prioritário de agendamento
• Criar outras portas de entrada, outros fluxos, outros
direcionamentos
• Presença do médico na linha de frente do atendimento à demanda
espontânea?
• Viabilizar tempo para todas as atividades propostas - AGENDA -
limite de 25% do tempo
• Deixar pessoa de referência para escuta e principalmente para
identificar os casos agudos.
3 – Novas formas de organização do CS
• Aumentar o grau de autonomia do usuário
• Planos de ação para os doentes crônicos (projeto terapêutico)
• Grupos de hiperutilizadores
• Ampliar cardápio conforme necessidades levantadas: violência doméstica, egressos
hospitalares, busca ativa, visita domiciliar
• Utilizar informações em saúde
• Outros dispositivos de escuta e identificação de vulnerabilidades: ACS, vigilância à saúde,
reuniões com a comunidade
• Estudar eventos sentinela para analisar possíveis problemas de fluxo ou referência
• Destacar “prontuário grosso” para propor plano terapêutico
• Elaborar e publicizar a agenda da equipe: instituir o dia do retorno
4 - Relação entre as Equipes
• Criar espaços de troca de informações entre as equipes
5 - Relação com a comunidade
• Informação e divulgação aos usuários dos horários de funcionamento e serviços
existentes no CS
• Identificar espaços de convivência na comunidade ou estimular sua criação
para redirecionamento das demandas
• Realizar abordagens coletivas na recepção
• Utilizar o "Guia do Usuário" do SUS
• Realizar seminários com a população
• Resgatar sabedoria popular e implicar os usuários no seu processo saúdedoença
• Criar estratégias de comunicação com comissão local e comunidade
O QUE NÃO DEVE SER:
Triagem para
a consulta médica (mesmo reconhecendo que uma escuta eficaz pode criar
novas alternativas na atenção ao usuário, racionalizando a utilização
destas)
Estratégia de disciplinamento da demanda.
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