segunda-feira, 22 de julho de 2013

Cronoterapia - você conhece?

Posted: 21 Jul 2013 06:39 AM PDT
A cronoterapia também existe de maneira bastante tímida em países como Estados Unidos, Canadá, China, Japão, Itália, Bélgica e Portugal
 
Paris - A cronoterapia, que busca administrar os medicamentos respeitando os ritmos naturais do organismo, deve ser utilizada para lutar contra doenças como o câncer porque melhora a eficácia dos tratamentos, apontam recentes pesquisas científicas.

Os investigadores do Instituto Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm) demonstraram que levar em consideração o famoso "relógio biológico", que afeta uma série de fatores, como a temperatura corporal, a pressão arterial e a tolerância à dor, permite aumentar a eficácia dos tratamentos e diminuir sua toxicidade.

Por isso, os médicos devem aplicar os tratamentos em um determinado momento do dia, e não em outro, dependendo dos ritmos biológicos que regem cada organismo, propõem estes estudos, que destacam a importância dos "relógios biológicos" e dos ritmos circadianos.

Os ritmos circadianos (do latim circa, que significa "ao redor de", e dies, que significa "dia") modificam a ação dos remédios no organismo durante as 24 horas. Os medicamentos, por sua vez, podem modificar o sistema circadiano que gera estes ritmos, explicam as pesquisas.

É por causa destes "relógios biológicos" que é melhor tomar uma aspirina à noite e que o organismo digere melhor a cortisona pela manhã, na fase do pico fisiológico de secreção do cortisol, que ocorre entre as seis e as oito horas da manhã, segundo os estudos

As investigações realizadas pelo Inserm destacam, sobretudo, a importância de levar em consideração estes ritmos para tratamentos contra o câncer, porque isso permite aumentar os benefícios dos medicamentos e sua tolerância, assim como diminuir sua toxicidade, explicou Francis Lévi, que dirige a unidade de Ritmos biológicos e Câncer desse instituto francês.

Além disso, as pesquisas demonstram que, "quando o sistema circadiano não funciona de maneira coordenada, o risco de desenvolver cânceres, doenças cardiovasculares ou infecciosas é maior", observou Lévi.

O sistema pode se desajustar por causa de um tumor no cérebro, mas, na maioria dos casos, isso ocorre em função de uma "defasagem crônica de horários", como o trabalho noturno, que a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou como "provavelmente cancerígeno", em 2010.
 
Os estudos citam com mais frequência o câncer de mama, que representaria um risco quase duas vezes maior para quem tem horários atípicos, como um trabalho noturno. Mas o professor Lévi também destacou um aumento dos casos de câncer de próstata e de colo do útero.

Os problemas deste ritmo biológico também podem favorecer o diabetes e a obesidade, assim como o envelhecimento, segundo um estudo realizado em ratos pelo pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), no noroeste dos Estados Unidos.

O professor Leonard Guarante, autor de um estudo publicado em junho na revista científica Cell, destaca, baseando-se nestas pesquisas, "a importância de manter o ritmo circadiano para conservar a saúde".

Como o sistema circadiano também controla o ritmo da divisão celular, os pesquisadores têm se esforçado para desenvolver a cronoterapia, com o desejo de determinar qual é o melhor momento para administrar os remédios, para que eles sejam mais eficazes e menos perigosos.

"Temos descoberto, por exemplo, que o medicamento fluorouracil, que combate o câncer, é cinco vezes menos tóxico quando administrado cerca das quatro da manhã, e não às quatro da tarde", informou o doutor Lévi, que utiliza a cronoterapia para administrar quimioterapias em pacientes com câncer digestivo no hospital Paul-Brousse, na periferia de Paris.

A cronoterapia também existe de maneira bastante tímida em outros países, como Estados Unidos, Canadá, China, Japão, Itália, Bélgica e Portugal, voltada para pacientes que têm câncer, mas também os que se tratam de depressão ou de distúrbio de bipolaridade.
 
Fonte Correio Braziliense

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