Brasil avança na realização de mamografias
Publicada emApesar de não ser possível prevenir o câncer de mama – a adoção de um estilo de vida saudável é a única forma de evitar essa e qualquer doença –, ele pode ser detectado por meio da mamografia. No Brasil, as taxas de mortalidade continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.
Autora principal do artigo "Desigualdade socioeconômica afeta a chance de realizar mamografia no Brasil", a pesquisadora da ENSP Dora Chor afirmou que a renda familiar per capita é um dos importantes indicadores de iniquidade na realização de mamografia. Publicado no site da Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, o texto apresenta dados baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2008), com a participação de cerca de 11 milhões de mulheres de 40 anos ou mais.
O artigo pretendeu verificar se os indicadores socioeconômicos conseguiriam explicar as diferentes prevalências de mamografia em cada uma das regiões metropolitanas estudadas no país. Os resultados demonstram que, no conjunto das regiões metropolitanas, há nítido gradiente de aumento da prevalência de mamografia, de acordo com o aumento da renda. “Apenas 62% das mulheres cuja renda era de cerca de R$ 100 realizaram o exame. Já entre as mulheres com renda entre R$ 400 e R$ 800, essa proporção foi de 79,5%. Entre aquelas de maior renda, foi de 94%.”
As autoras também indicam que, em todas as regiões metropolitanas estudadas, a relação direta entre renda e prevalência de mamografia se repete. No entanto, quando comparadas, aparecem enormes diferenças. Em São Paulo, por exemplo, 76% e 96% das mulheres na menor e na maior faixa de renda, respectivamente, realizaram o exame. Já em Fortaleza, essa discrepância foi de 39% e 91%, entre mulheres dessas mesmas faixas, respectivamente. Portanto, ter menor renda per capita dificulta muito mais a realização de mamografia em Fortaleza, Belém e Recife do que em São Paulo, Curitiba e Salvador.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é preciso reverter esse quadro. "Queremos chamar a atenção para a profunda desigualdade que ainda existe no acesso da qualidade ao diagnóstico e tratamento de câncer no nosso país. O Ministério da Saúde tem coordenado um conjunto de estratégias, fundamentais à cooperação com as secretarias, para que essas estratégias sejam cada vez mais reforçadas", afirmou o ministro na ocasião do lançamento da pesquisa, em outubro de 2012.
Idosas acreditam que não precisam de mamografia
Desenvolvida pela psicóloga Cristiane Novaes, a tese Acesso aos serviços de saúde por homens e mulheres idosos e fatores associados à utilização da mamografia em Juiz de Fora, defendida no Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP, entrevistou 4.621 mulheres, com idade entre 60 e 106 anos. Apesar de o município apresentar um quadro com prevalência de 72% de idosas que fazem o exame, quase 30% nunca fizeram mamografia.
“O fato de serem usuárias do serviço público de saúde, baixa escolaridade, baixa renda, não serem casadas, serem mais idosas e uma série de outras coisas levam as mulheres a não fazer os exames. Com relação a esse último aspecto, é justamente acima dos 70 anos que o risco de não fazer o exame é maior, além de ser a idade em que se morre mais. Falamos de um município que possui uma elevada parcela da população envelhecida e tem tradição em campanhas de saúde. Mesmo assim, mais da metade das pessoas que declararam não fazer o exame disseram que não o fazem simplesmente por não acham necessário. A segunda razão mais declarada por elas é que o médico não pediu a realização da mamografia”, esclarece a autora do estudo.
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