quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

HTLV


Kit nacional facilita identificação do retrovírus HTLV

Com informações da Agência USP

Nacional melhor que importado

Pesquisadores do Hemocentro de Ribeirão Preto, ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, em parceria com a empresa Gene ID SA, desenvolveram um kit de diagnóstico molecular para confirmar a infecção pelo retrovírus HTLV 1 e 2, em casos de resultados positivos de exames feitos na rotina sorológica dos hemocentros e bancos de sangue.

O teste confirmatório nacional, além de mais sensível, o que permite reduzir a janela imunológica (tempo entre a infecção e a produção de anticorpos contra o retrovírus), terá um custo 17 vezes menor do que o usado atualmente, chamado de Western Blot (WB), que é importado.

Estima-se que 2,5 milhões de pessoas, no Brasil, tenham o retrovírus, mas apenas entre 1% e 5% desenvolvam algum tipo de doença.

O preço do teste importado WB é de cerca de R$170,00 e ainda, em muitos casos, não consegue solucionar o diagnóstico do paciente. Devido ao preço, sensibilidade e o fato de não ser obrigatório, apenas algumas instituições realizam o teste confirmatório.

O nacional, em desenvolvimento, utiliza outra metodologia e além de mais eficaz, terá custo de cerca de R$10,00, ou seja, apenas 6% do valor do importado. Outro fator tão importante quanto ao preço é a redução da janela imunológica, que hoje varia de 36 a 72 dias.

Retrovírus HTLV
Desde 1993, os hemocentros fazem testes para identificar entre os doadores de sangue possíveis portadores do retrovírus HTLV. Se no primeiro exame for constada a presença do HTLV, a bolsa é descartada e o doador é chamado pela equipe médica dos hemocentros.

Algumas instituições realizam, para reduzir as dúvidas sobre o resultado inicial, mais um teste para confirmar o resultado do primeiro. Mas a maioria das instituições não realiza o segundo teste, considerando apenas o resultado do primeiro.

"Este conjunto de fatores permitirá a conclusão segura do diagnóstico para o correto aconselhamento e tratamento dos pacientes, aumento da segurança em transplantes e transfusões sanguíneas e evitará a transmissão vertical (de mãe para filho), principal via de transmissão", explica o pesquisador Mauricio Rocha, do Laboratório de Biologia Molecular do Hemocentro, comandado pela pesquisadora Simone Haddad. A coordenação da pesquisa é do professor Dimas Tadeu Covas, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

Doença neurológica
Estudos indicam que existem no mundo cerca de 20 milhões de pessoas infectadas pelo HTLV. Desses, aproximadamente dois milhões e meio estão no Brasil, que tem o maior número absoluto de infectados em todo o mundo.

Entre 1% e 5% desse total irá desenvolver alguma doença relacionada ao HTLV. Entre elas, a mielopatia paraparesia espástica tropical associada ao HTLV, uma das prevalentes no Brasil, para a qual ainda não há cura, mas se descoberta em estágio inicial o tratamento promove uma melhora no quadro do paciente.

"É uma doença neurológica que afeta a medula óssea em adultos entre 50 e 60 anos e que leva a fraqueza muscular das pernas. A pessoa tem dificuldade em caminhar e dificuldade no controle urinário. É uma doença lentamente progressiva. Não é uma doença com evolução rápida, o paciente demora muitos anos para precisar da cadeira de roda. A infecção é transmitida por vários mecanismos, entre eles, o leite materno, transfusão sanguínea e relação sexual. Não existe tratamento específico. O que se faz é fisioterapia e outras medidas para reabilitação", explica o neurologista do HCFMRP, Osvaldo Massaiti Takayanagui, especialista no tratamento da doença.

Teste confirmatório
O próximo passo da pesquisa é testar amostras de sangue de Salvador (Bahia), África do Sul e Peru. "A proposta é ampliar o número de exames de outras regiões para garantir a eficiência do teste. As amostras testadas indicam eficácia de 100%, no entanto, outras amostras necessitam ser examinadas, pois nenhum teste diagnóstico é 100% eficiente", explica Rocha. Nessa primeira fase foram realizados 180 exames com amostras do banco de dados do Hemocentro de Ribeirão Preto.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) está investindo R$ 1 milhão na produção do teste confirmatório nacional. A empresa Gene ID será a responsável pela produção do kit, depois de concluída a pesquisa. "Com preço menor e resultado mais eficiente, nós esperamos que depois de concluídas todas as etapas da pesquisa o kit seja utilizado na rotina diagnóstica confirmatória de todos os hemocentros do país", explica Rocha.

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