terça-feira, 24 de julho de 2012

Boa notícia

Transmissão do HIV da mãe para o bebê pode ser eliminada até 2015



(Folha de S. Paulo) 
 
 Um relatório divulgado ontem pela Unaids, agência criada pela ONU para combater o HIV, aponta que o mundo deve atingir as metas de oferecer tratamento universal contra a Aids e zerar a transmissão do vírus entre mães e bebês até 2015.

A Unaids estima que, em 2011, 8 milhões de pessoas eram medicadas com antirretrovirais em países de renda média e baixa. O número representa pouco mais da metade das pessoas que deveriam estar em tratamento.

Mas é um dado comemorado, já que significa um aumento de 21% no total de pessoas tratadas entre 2010 e o ano passado. A meta é chegar, em 2015, aos 15 milhões que demandam tratamento, o que significaria a universalização das terapias.

"É um aumento estupendo, inclusive na África [onde a epidemia é pior]. E parte dessa vitória se deve ao exemplo brasileiro, porque já nos anos 1990 o país adotou a política [de universalização do tratamento] e virou modelo", diz Pedro Chequer, coordenador da Unaids no Brasil.

A América Latina tem o maior contingente de pessoas infectadas com acesso aos medicamentos. Já países do Oriente Médio, norte da África, leste da Europa e Ásia Central têm as piores taxas.

O outro dado comemorado pela Unaids é a possibilidade de zerar a transmissão vertical do vírus, entre a mãe e o bebê. Mas, apesar do movimento global nesse sentido, países como Angola, Moçambique e Índia não avançaram quase nada nos últimos dois anos. O relatório destaca ainda entraves para vencer o HIV, como estagnação do financiamento global contra a doença em época de crise -deficit que pode ser de U$ 7 bilhões em 2015.

Outro entrave é o ritmo lento de redução no número de novos casos entre adultos.

Em 2001, 2,7 milhões de adultos adquiriram o vírus. Dez anos depois, o número está em 2,2 milhões -ainda concentrado na África.

Mesmo com os esforços, alerta o relatório da ONU, "a taxa de declínio não é suficiente para alcançar a meta de reduzir em 50% o número de novos infectados até 2015".

Outro desafio para os países, indica o documento, é reduzir situações de preconceito e discriminação envolvendo as populações mais vulneráveis ao vírus, como mulheres, jovens e homossexuais.

Nesse sentido, o Brasil tem de avançar, alerta Chequer.

QUEBRA DE PATENTE
O país é apontado no relatório como destaque na ajuda a outras nações -o texto cita a transferência de tecnologia para uma fábrica de antirretrovirais em Moçambique. O Brasil é lembrado pela quebra da patente do Efavirenz (importante antirretroviral) em 2007, o que permitiu a produção do genérico.

Em depoimento reproduzido no texto, o então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, diz que a quebra "funcionou para o Brasil e poderia ajudar a acabar com a Aids em outros países."

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