Posted: 16 Jul 2012 06:16 AM PDT
Portadores da doença se mobilizam em blogs e redes sociais para acelerar aprovação do remédio
Pacientes com mieloma múltiplo — tipo de câncer que afeta a medula óssea — apelam para liberação de medicamento
Cada vez mais aumenta a
importância das redes sociais na mobilização para provocar mudanças
políticas. Em solo nacional, o poder da internet também é o ponto de
apoio do grupo Direito de Viver — A Saga dos Pacientes com Mieloma
Múltiplo, liderado pelo aposentado Raimundo Bruzzi. Só que, desta vez, a
luta é para garantir o direito à vida. As armas são a página do
Facebook Pacientes de Mieloma Múltiplo e o blog www.asagadospacientesmm.blogspot.com.br.
Toda a briga ocorre porque o
mieloma múltiplo, câncer da medula óssea ainda incurável, é passível de
controle graças à lenalidomida, droga que confere aos doentes sobrevida e
qualidade vida. Apesar de aprovada em mais de 75 países, dos inúmeros
estudos clínicos ao redor do mundo e de contar com o aval do Food and
Drug Administration (FDA) e da European Medicines Agency (EMA), o
registro do medicamento está emperrado na Anvisa há mais de quatro anos.
Bruzzi critica a morosidade da agência e chama a atenção para um problema grave de saúde pública.
— A droga só tem sido adquirida por vias judiciais. Os pacientes estão morrendo — afirma.
O mieloma múltiplo (MM) é a 2ª
doença oncohematológica em incidência no mundo. Segundo a Fundação
Internacional do Mieloma (IMF, em inglês), há mais de 700 mil novos
casos por ano. Só nos Estados Unidos surgem 21 mil casos por ano. No
Brasil, não há estatísticas exatas, mas segundo Angelo Maiolino,
presidente da Associação Ítalo-Brasileira de Hematologia e diretor da
Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular
(ABHH), o problema é gravíssimo.
— Enquanto novas drogas são
testadas, os pacientes brasileiros não têm acesso àquelas já consagradas
para o tratamento deste câncer — diz.
Frustração nos consultórios
A
médica gaúcha Rosane Bittencourt, da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, participOou do Congresso da Sociedade Europeia de Hematologia,
em Amsterdã (Holanda), que se encerrou no dia 17 de junho. Como
especialista em mieloma múltiplo e síndromes mielodisplásicas, ela
observou que houve uma consolidação de vários estudos sobre o melhor
tratamento para os pacientes.
— Não há dúvida de que o
tratamento deve incluir fármacos como bortezomibe e lenalidomida, que
aumentam a sobrevida e melhoram a qualidade de vida — afirma.
Quando perguntada como se sente
ao tratar pacientes que não têm acesso aos novos medicamentos, Rosane
diz que "se sente frustrada e de mãos atadas". Apesar das restrições,
ela fez questão de frisar que "essa situação encoraja os médicos a levar
o conhecimento científico sobre as novas drogas a todas as autoridades,
para que hajam avanços".
Fonte Zero Hora
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