Posted: 28 Jul 2012 05:46 AM PDT
Antes restrito à rede privada de saúde, exame rápido tem ajudado os médicos a medir o nível da doença
A infecção generalizada - sepse,
no jargão médico - causa 400 mil mortes por ano no Brasil. Mais da
metade dos pacientes que desenvolvem esse tipo de infecção não resiste.
Entre os desafios dos médicos está o de determinar o nível de infecção e
evitar doses excessivas de antibiótico.
Um teste rápido - o biomarcador
de procalcitonina - tem ajudado os profissionais a direcionar o
tratamento. Antes restrito à rede particular, o exame passou a ser
oferecido a pacientes do SUS em hospitais como A.C. Camargo, em São
Paulo, Servidores do Estado e Hospital Central da Aeronáutica, ambos no
Rio.
A procalcitonina (PCT) é uma
substância encontrada em baixas concentrações em pessoas saudáveis.
Durante grave infecção bacteriana, o organismo a libera em grande
quantidade. O tratamento é feito com antibiótico.
"Não existem dados exatos que
indiquem por quantos dias deve se dar o medicamento para o paciente em
UTI. No paciente grave, se der antibiótico em quantidade insuficiente,
ele não vai se curar totalmente. Se der muito, há o risco de se criar
uma bactéria resistente a antibiótico, o que no ambiente de UTI pode ser
catastrófico", explica o médico intensivista Rodrigo Deliberato, do
Hospital Albert Einstein, que defende, no fim do ano, tese de doutorado
sobre o uso da PCT em pacientes com sepse.
Ao dosar a PCT, o médico
consegue avaliar a gravidade da infecção e se o paciente está reagindo
ao tratamento. Também pode indicar a necessidade de troca do remédio. No
trabalho que apresentará, Deliberato estudou 80 pacientes. "É seguro
usar como guia para suspender o antibiótico sem piorar o desfecho
clínico, com possível benefício na questão de redução do custo."
Outro teste tem facilitado o
diagnóstico rápido do micro-organismo que provocou a infecção, o
Septifast. Esse exame detecta o DNA de bactérias e fungos e dá o
resultado em até seis horas - a hemocultura (exame no sangue para isolar
e identificar os micro-organismos) pode levar de 24 horas a 72 horas.
Hoje, somente o Einstein, em São Paulo, o Laboratório Richet, no Rio, e o Hospital Regional (MS) oferecem o exame.
"A cada hora que o paciente não é
tratado ou é tratado de forma errada, aumenta em 8% o índice de
mortalidade. Esse teste detecta o material genético de 25 bactérias e
fungos, que respondem por 90% dos casos de sepse", afirma o patologista
Hélio Torres Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia
Clínica e diretor médico do Richet.
Sintomas. Ao contrário de outras
doenças, a sepse não tem sintomas específicos. "A principal ferramenta
para o tratamento é o médico e a equipe multiprofissional pensarem nos
sinais de alerta: febre, alteração no estado de consciência e frequência
cardíaca e respiratória altas", afirma Reinaldo Salomão, presidente do
Instituto Latino Americano para Estudo da Sepse (Ilas) e professor da
Escola Paulista de Medicina (Unifesp).
Um estudo do Ilas aponta que os
pacientes atendidos em pronto-socorro são mais diagnosticados com sepse
que aqueles internados em UTI. "O pronto-socorro é porta de entrada do
hospital. Muitas vezes o paciente desenvolveu a sepse em casa. É
importante o ficar atento a alterações do paciente. Pessoas idosas podem
ficar mais confusas ou mais sonolentas. A família acha que o avô está
mais sossegado e demora para perceber que é um sintoma grave de
disfunção orgânica", alerta Salomão.
Fonte Estadão
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