Posted: 11 Jul 2012 01:28 AM PDT
Estudo revela que risco de contrair hepatite B por contaminação da bolsa de sangue é de um em cada 30 mil doações
Estudo inédito sobre o cenário
das transfusões de sangue no Brasil revelou que o risco de se contrair
hepatite B por contaminação da bolsa de sangue é de uma pessoa para 30
mil doações. O risco é cinco vezes superior ao de se contrair hepatite C
e aids, cujas proporções são de um contaminado para 150 mil doações.
O trabalho foi apresentado nesta
segunda (9) pelo médico Silvano Wendel, diretor do banco de sangue do
Hospital Sírio Libanês e presidente da Sociedade Internacional de
Transfusão de Sangue, no congresso da entidade, em Cancún, no México.
Wendel fez um levantamento nos serviços que realizam os testes NAT
(sigla em inglês para teste de ácido nucleico) nas bolsas de sangue.
Esse exame reconhece o material
genético do vírus e detecta a sua presença mais cedo no organismo. O
teste convencional (Elisa) só informa a presença do vírus se o organismo
já estiver produzindo anticorpos - o que pode ocorrer 70 dias depois da
infecção, dependendo do vírus.
Ao comparar os resultados dos
testes NAT e Elisa, ele identificou bolsas de sangue contaminadas que
teriam sido liberadas para transfusão se não tivessem passado pelo exame
mais moderno. Os dados de risco no Brasil são de um infectado pelo
vírus da hepatite B para 29.240 doações, um contaminado por HIV para
159.744 doações e uma pessoa contrairá o vírus da hepatite C para
154.321 doações.
“Todos os anos o País recebe 4
milhões de doações de sangue, estamos falando de 20 a 30 casos de janela
imunológica (tempo entre a infecção e a detecção do vírus no organismo)
para hepatite C e aids. Preocupa ainda mais a hepatite B: são cem casos
com potencial de contaminação por ano no País”, afirmou Wendel.
Segunda classe
Para
o hematologista Cármino Antonio de Souza, professor da Universidade de
Estadual de Campinas e presidente da Associação Brasileira de
Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, o País está caminhando
lentamente na disseminação do NAT.
“É preciso universalizar o teste
no País e tornar obrigatório que toda bolsa de sangue seja testada. Os
planos de saúde não são obrigados a pagar o NAT aos segurados que
recebem transfusão. É um absurdo você ter um banco de sangue em que uma
geladeira tem bolsas testadas pelo NAT e outra em que as doações não
foram testadas. Isso cria pacientes de segunda classe”, afirmou o
médico.
Para Souza, o risco calculado
por Wendel “não pode ser considerado desprezível”. “É preciso levar em
conta o número de doações feitas no País”. Em 2010, o Brasil começou a
implementar o NAT nos bancos de sangue públicos, para a detecção dos
vírus HIV e da hepatite C. A previsão do Ministério da Saúde era de que
em março o teste estivesse disponível em toda a rede. Mas, em junho, o
coordenador da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do Ministério
da Saúde, Guilherme Genovez, informou que portaria sobre o tema só será
publicada em novembro.
O Ministério da Saúde informou,
por e-mail, que não houve atraso. “O teste NAT é implementado
progressivamente nos Estados brasileiros. A republicação da portaria
trará como obrigatório o teste em toda a rede de saúde do País: pública e
privada”. Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco,
Brasília e Minas Gerais são Estados que já fazem o teste.
Outros cinco serviços farão o
exame ainda este ano - Ribeirão Preto (SP), Ceará, Paraná, Amazonas e
Pará. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Fonte iG
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