Posted: 04 Jul 2012 03:51 AM PDT
Mortes de pacientes que em outros anos integravam grupos imunizados pelo Estado colocam em xeque estratégia contra a doença
As 13 mortes por gripe A neste
começo de inverno no Estado, contra as 14 computadas ao longo de todo o
ano passado, lançam questionamentos sobre a política de imunização
contra a doença.
Em 2010, no primeiro ano em que a
vacina esteve disponível, o governo investiu na aquisição de doses e
protegeu mais de 5 milhões de gaúchos. Não houve nenhum caso da
enfermidade e nenhuma morte, contra 297 em 2009.
No ano passado, a política de
vacinação foi revista e ficou restrita a grupos considerados de risco –
reduzindo-se para cerca de 1,5 milhão de pessoas. Os casos de gripe A e
as mortes voltaram.
Neste ano, estão atingindo
pessoas fora dos grupos considerados vulneráveis e sem oferta de vacina
na rede pública. Uma cobertura mais ampla da vacinação teria evitado
essas mortes?
A questão ganha importância
porque o inverno deve começar para valer nesta semana. Sem doses
suficientes para imunizar toda a população, o Estado viu morrerem neste
ano cinco pessoas na faixa etária de 20 a 39 anos, que, em 2010, no
primeiro ano da campanha de vacinação, tiveram o direito de ser
imunizadas gratuitamente.
Rígido, o Ministério da Saúde
diz que segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para
definir em quem aplicar as vacinas contra a gripe A. Já o secretário de
Estado da Saúde, Ciro Simoni, é categórico ao garantir que o Estado não
vacina mais gente porque não consegue comprar doses além das repassadas
pela União.
— Não tenho como comprar a
vacina, porque não existe vacina para vender. Se existisse, o Estado já
teria comprado no ano passado — afirma.
Ele não soube esclarecer de que
forma, em 2010, o triplo de pessoas recebeu a vacina, mas como
atualmente não existiria maneira de aumentar a prevenção, o secretário
investe na remediação. Segundo ele, há Tamiflu – medicamento antiviral
usado para combater os sintomas da gripe A – suficiente para os mais de
10 milhões de gaúchos.
— Vamos usar em todos os casos,
não só nos que tiveram o diagnóstico do H1N1, não vamos esperar. A
pessoa começou com dor de garganta, tosse, dor no corpo, dor de cabeça,
febre de 38 graus já começa a usar. Queremos alertar a população para
que procure um posto de saúde e não fique em casa se automedicando —
ressalta.
De acordo com o secretário, o
medicamento não está à venda nas farmácias, mas tem em grandes
quantidades nos postos de saúde e nos hospitais. Para ser mais efetivo
na cura, o Tamiflu deve ser tomado nas primeiras 48 horas do processo
gripal, por isso o aviso da secretaria exprime urgência.
O chefe do serviço de
infectologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre,
Breno Riegel Santos, concorda com a classificação dos grupos de risco,
mas informa que os casos de gripe A registrados na instituição foram de
pessoas que não haviam recebido a vacina.
— Todas as pessoas, de todas as idades, deveriam ser vacinadas, mas tudo depende de quantas doses tem para oferecer — opina.
Uso de Tamiflu integra estratégia
Ao
esclarecer que o Ministério da Saúde segue a recomendação da OMS, o
diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do
Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, comenta que a vacinação em
massa demanda mais tempo e que poderia atrapalhar na defesa dos grupos
de risco.
— Naquela época (2010), a
estratégia foi completamente diferente, porque se tratava de uma
pandemia mundial, havia muito desconhecimento quanto à doença e aos
grupos de risco. Se este modelo for aplicado agora, gerará a dificuldade
de fazer uma boa cobertura vacinal naqueles que precisam de mais
proteção — explica.
Maierovitch acrescenta que o
tratamento com Tamiflu faz parte da estratégia do governo para conter o
número de mortes, principalmente em quem não recebeu a vacina.
Fonte Zero Hora
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