quinta-feira, 8 de agosto de 2013

No caminho certo

Cartão da Esperança

Ronaldo Laranjeira
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   A rede assistencial do SUS (Sistema Único de Saúde) oferta, em todo o país e em diferentes complexidades, internação hospitalar, atendimento ambulatorial, consultas, exames, cirurgias e medicamentos. São serviços que se complementam, disponibilizando recursos que podem culminar com a cura ou controle de doenças.

            Na saúde mental, especialidade de Medicina, não pode ser diferente.

            O governo do Estado de São Paulo está promovendo uma verdadeira revolução na assistência aos dependentes de crack, com expressiva ampliação dos leitos de enfermaria para internação dos casos mais graves, após avaliação médica, e a desejada articulação e integração com outros serviços de saúde e assistência social de perfis complementares, como os Caps Ad (Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas), comunidades terapêuticas e moradias assistidas.

            Insere-se nesse sentido, ainda, o Plantão Judiciário e a Unidade Social implantados este ano no Cratod (Centro de Referência em Álcool Tabaco e outras Drogas) para dar celeridade a processos de encaminhamento dos dependentes tanto para assistência ambulatorial quanto, nos casos mais graves, para internação voluntária, mediante avaliação médica, ou involuntária e compulsória, em conformidade com a legislação.
            O Cartão Recomeço, iniciativa fundamental da atual gestão, soma esforços na luta contra as terríveis consequências que o crack traz para a saúde e para a vida, social e profissional desses pacientes.

Quem conhece a realidade ou a história de ao menos um dependente sabe do que estou falando.

            O governo iniciou o cadastramento de clínicas que receberão R$ 1.350 mensais para tratar alguns casos específicos de dependência química, principalmente aqueles em que o doente se isolou do convívio familiar e social, perdendo completamente a noção de sua rotina como cidadão e dos compromissos que todos temos no dia-a-dia.

            Após a internação para tratar o quadro agudo, também chamada de desintoxicação, o paciente precisa ser acompanhado. Uns podem fazê-lo via Caps, com seguimento clínico ambulatorial. Outros necessitam de um período em que irão, além de trocar experiências com outros colegas dependentes, reaprender como é o mundo sem a droga. É uma etapa importante do tratamento e que não deve ser negligenciada.

            A grande maioria das comunidades terapêuticas é composta de entidades privadas, assim como as santas casas de misericórdia, que são grandes parceiras do SUS no atendimento clínico e cirúrgico para a população. E a aplicação do dinheiro público será, da mesma forma, fiscalizado pelos inúmeros mecanismos de controle já existentes, como a obrigatoriedade da prestação de contas.

            Indubitavelmente São Paulo está no caminho certo na adoção de políticas públicas consistentes e efetivas de enfrentamento do crack, salvando milhares de vidas. Nesse contexto, o Cartão Recomeço é sinônimo de esperança para muitos dependentes e suas famílias

Ronaldo Laranjeira, Professor Titular de Psiquiatra da UNIFESP, é coordenador do Programa Recomeço do Governo do Estado de São Paulo

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