Publicada em 02/08/2013
Movimento Saúde +10 é destaque do 29º Conasems
Brasília foi o local escolhido para sediar o 29º Congresso Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde, realizado entre os dias 7 e 10 de
julho. Sob o tema Responsabilidade interfederativa no SUS: desafios e
agenda dos municípios, o evento foi organizado em oficinas, cursos,
seminários e outras atividades com foco na construção de um sistema de
saúde com qualidade nos municípios brasileiros. Cerca de cinco mil
pessoas, entre gestores municipais, estaduais e federais, trabalhadores e
usuários do SUS, participaram desta edição.
Destaque do congresso, no encerramento das atividades, os participantes
lotaram o auditório do Centro de Convenções Ulisses Guimarães para
realização do ato político pelo Movimento Nacional em Defesa da Saúde
Pública, conhecido como Saúde +10. Vestidos com camisas que estampavam a
frase Eu defendo um SUS público, integral e universal e trazendo
cartazes com mensagens em favor de mais investimentos para saúde, os
congressistas mostraram-se ansiosos pela composição da última mesa, da
qual participariam o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), e o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL). O objetivo da manifestação era firmar com o Senado Federal e a
Câmara dos Deputados o compromisso de destinação dos 10% da receita
bruta da União para a saúde.
Somente Eduardo Alves compareceu e foi alvo de críticas dos próprios
deputados presentes ao evento devido ao seu atraso. Pressionado pela
plateia a usar uma das camisas do movimento, ele não somente a vestiu
como também se comprometeu em receber os representantes do Saúde +10, no
dia 5 de agosto. “Essa discussão precisa ser recebida na Casa do povo
brasileiro, no Parlamento. Por isso, me comprometo a recebê-los. Vou
ousar, porque a questão merece, o povo exige e a consciência nos
convoca”, disse com empolgação.
No dia do encontro com Alves, a coordenação do Movimento entregará as
mais de 1,5 milhão de assinaturas coletadas, pedindo ao Congresso
Nacional a aprovação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular que propõe o
repasse de 10% da receita corrente bruta da União para a saúde. Vale
citar que somente o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
de Minas Gerais coletou mais de 500 mil assinaturas e a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, 600 mil. “Hoje, nós somos as vozes de
milhares de brasileiros que estão nas filas dos hospitais, aguardando
por vagas e exames. Nós sabemos, como gestores municipais, que os
recursos que foram de alguma maneira faturados não são suficientes para
responder toda a demanda”, salientou o prefeito de Petrópolis (RJ),
Rubens Monteiro, representando a Frente Nacional de Prefeitos.
Para o presidente do Conasems, Antônio Carlos Figueiredo Nardi, os 10%
das receitas públicas para a saúde vão garantir a todos o acesso à
integridade, à qualidade e à saúde. “Precisamos transpor as barreiras
das secretarias municipais de Saúde, não podemos mais ter excluídos e,
para isso, precisamos de recursos”, defendeu. Ele ainda recebeu apoio da
presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Maria do Socorro, que
durante todo o congresso foi ovacionada pelos participantes. “Dilma vê
se me escuta: são 10% da receita bruta”, frisou Socorro, convidando a
plateia a repetir a frase. Ela pediu licença ao presidente Nardi para
que todos os conselheiros presentes pudessem ocupar o palco. “Na
abertura desse congresso, eu já havia dito que este seria um marco
histórico. Temos aqui uma tribuna do povo. Nós trouxemos os
parlamentares para esse lugar. Precisamos agora incorporar todas as
formas de combate ao preconceito, à discriminação, à violência e à
exclusão. Estamos aqui com a participação legítima dos movimentos negro,
indígena, LGBT e de trabalhadores da Saúde, reafirmando o direito à
saúde”, concluiu, sob efusivos aplausos.
Foco na atenção básica
Seguindo a tradição, na cerimônia de abertura do congresso, realizada na
noite do dia 07, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, representando a
Presidenta da República, Dilma Rousseff, assinou cinco portarias. A
primeira define o valor mínimo da parte fixa do Piso de Atenção Básica
(PAB) para efeito do cálculo montante de recursos a ser transferido do
Fundo Nacional de Saúde aos fundos de saúde dos municípios e do Distrito
Federal e divulga os valores anuais e mensais da parte fixa do PAB. A
segunda trata da primeira lista do processo de seleção de propostas
apresentadas para o componente Construção de unidades básicas de saúde e
da segunda etapa do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC 2). As
terceira e quarta portarias homologam a contratualização dos municípios
ao segundo ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
Qualidade da Atenção Básica e incorpora recursos financeiros destinados à
parte fixa do PAB. A quinta e última redefine as diretrizes para
implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) e da
Central de Regulação das Urgências, componente da Rede de Atenção
Básica.
Padilha aproveitou a oportunidade para destacar o esforço que o governo
vem imprimindo com investimentos em tecnologias voltadas para a produção
de medicamentos e vacina e com inovações em laboratórios brasileiros e
anunciou a introdução no calendário da vacina contra o HPV (Papiloma
Vírus Humano), precursor de tumores malignos, especialmente do câncer do
colo do útero e do pênis. A vacina será disponibilizada exclusivamente
para meninas de 10 e 11 anos, mediante autorização dos pais ou
responsáveis. Com a liberação, as meninas deverão tomar três doses, com
dois e quatro meses de diferença entre elas. Com a inclusão da
substância no SUS, o sistema passa a oferecer 27 vacinas gratuitamente.
Padilha ressaltou ainda a necessidade de mais profissionais médicos no
território nacional, em referência ao Programa Mais Médicos. Segundo o
ministro, a iniciativa prevê mais investimentos em infraestrutura dos
hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões
onde há escassez e ausência de profissionais. “Com a construção de novas
unidades básicas de saúde, iremos promover quase 35 mil vagas para
médicos. Os médicos brasileiros terão preferência, e as oportunidades
que não forem preenchidas serão oferecidas a médicos estrangeiros”,
anunciou.
Da mesa de abertura participaram também o presidente do Conasems,
Antônio Carlos Figueiredo Nardi, o representante da Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas), Joaquím Molina, a presidente do Conselho
Nacional de Saúde, Maria do Socorro, o presidente do Conselho Nacional
de Secretários de Saúde (Conass), Wilson Duarte Alecrim, o representante
da Frente Nacional de Prefeitos, Carlos Roberto Pupin, o presidente da
Conferência Luso-Francófona de Saúde (Colufras), Remy Trudel, e o
gerente executivo da Diretoria de Governo do Banco do Brasil, Vasco
Crespo.
Nardi defendeu o fortalecimento do SUS nos municípios e lembrou as
reivindicações dos profissionais da saúde contra a Lei do Ato Médico (nº
12.842, de julho de 2013), medida que restringe algumas atividades aos
médicos. O texto, que sofreu veto parcial do governo federal, preserva o
atendimento multidisciplinar nos serviços públicos e privados de saúde e
assegura as atribuições específicas dos médicos, entre elas a indicação
de internação e alta médica nos serviços de saúde, a execução da
intervenção cirúrgica, a emissão de laudo dos exames endoscópicos e de
imagens, a atestação médica de condições de saúde, a perícia e a
auditoria médicas, o ensino de disciplinas especificamente médicas e a
coordenação dos cursos de graduação em Medicina, dos programas de
residência médica e dos cursos de pós-graduação específicos para
médicos.
Nova diretoria do Conasems
No dia 8, pela manhã, foi realizada a votação da diretoria do Conasems,
para o biênio 2013-2015. A chapa única Participação – Fortalecer a
Entidade foi eleita por unanimidade, mantendo muitos nomes já em
atuação, incluindo o atual presidente Antônio Carlos Figueiredo Nardi.
Na ocasião, os conselheiros de saúde aprovaram, em assembleia, a
Plataforma Política para a nova gestão dessa instância do controle
social. O documento foi anexado à Carta de Brasília, aprovada pelos
participantes no encerramento do evento, na qual estão registrados os
compromissos que nortearão a atuação do Conasems, dos cosems e das
secretarias municipais de Saúde para os próximos anos. A próxima edição
do Congresso do Conasems, conforme anunciaram, será realizada no
município da Serra, no Espírito Santo.
Para acessar a Carta de Brasília na íntegra acesse o link:
http://www.conasems.org.br/index.php/comunicacao/ultimas-noticias/2882-carta-de-brasilia-2013.
Por Ana Paula Evangelista, da Secretaria de Comunicação da RET-SUS
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