Posted: 11 Jun 2012 02:15 AM PDT
Micro-organismos resistentes à maior parte dos tratamentos disponíveis
O uso indiscriminado de
medicamentos, sobretudo antibióticos, aumenta de forma considerável o
risco de casos de superbactérias – micro-organismos resistentes à maior
parte dos tratamentos disponíveis. O alerta é do diretor da Sociedade
Brasileira de Infectologia, Marcos Antonio Cyrillo.
Dados da Organização Mundial da
Saúde (OMS) indicam que 440 mil casos de tuberculose resistente são
registrados no mundo todos os anos, além de cerca de 150 mil mortes
decorrentes de infecções por superbactérias.
“Não há hospital livre disso.
Lógico que um hospital de grande porte e de alta complexidade ou um
hospital universitário com vários leitos de UTI [unidade de terapia
intensiva] e que interna pacientes com cirurgias complicadas são o tipo
de lugar que pode ter mais bactérias resistentes. Mas nenhum hospital ou
casa de repouso com longa permanência está livre disso”, observou
Cyrillo.
Para o infectologista, o uso
indiscriminado de antibióticos configura, de certa forma, um problema
cultural, já que o profissional de saúde se sente mais seguro ao
receitar o medicamento. “Ele acha que está fazendo um bem para o
paciente, mas vários fatores precisam ser levados em conta na hora de
fazer um programa de prevenção e também de orientação para o uso de
antibiótico”, reforçou.
Na tentativa de conter os casos
de superbactéria no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) determinou que a venda de antibióticos só pode ser feita com a
apresentação de duas vias da receita médica. O objetivo, de acordo com a
gerente de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde, Magda
Machado, é restringir a automedicação, já que uma via fica retida pelo
estabelecimento.
Ela lembrou que, após os casos
da superbactéria KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase) registrados
no país nos últimos anos, a Anvisa editou uma nota técnica que trata da
identificação, prevenção e controle de infecções relacionadas a
micro-organismos multirresistentes. Entre as obrigatoriedades nas
unidades de saúde está a higienização das mãos por meio do uso de álcool
em gel por profissionais de saúde e visitantes.
Francisca Silva, 52 anos, é
representante de laboratório e tem medo de contrair qualquer tipo de
infecção resistente a medicamentos. “Tomo certos cuidados com a higiene
porque trabalho em hospital e, por isso, estamos suscetíveis a todo tipo
de contaminação. Procuro me proteger de qualquer uma delas”, contou.
A dona de casa Andreia Queiroz
da Silva, 34 anos, tem lúpus, doença que compromete o sistema
imunológico, e também se preocupa em manter hábitos como lavar as mãos
com água e sabão quando frequenta unidades de saúde. “Acho que está
faltando informação sobre essa superbactéria. Nos hospitais, é comum
vermos panfletos com orientações sobre a higienização das mãos, mas
muita gente não segue.”
Cleide Teixeira, 39 anos, é
enfermeira e trabalha há 19 anos na mesma unidade de saúde. Além da
higienização das mãos, ela usa luvas cirúrgicas descartáveis como
alternativa para se proteger e proteger os pacientes de microorganismos
multirresistentes. “Nós, profissionais de saúde, estamos expostos a
qualquer tipo de doenças. Temos a obrigação de evitar que os pacientes
sejam contaminados”, avaliou.
Fonte R7
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