Posted: 09 Jul 2012 06:02 AM PDT
Com
produção em larga escala, ação inédita é considerada a maior liberação
de insetos transgênicos de controle urbano do mosquito
O Ministério da Saúde dará
início à produção em larga escala de mosquito transgênico que será
utilizado para o combate à dengue. A ação inédita é considerada a maior
liberação de insetos transgênicos de controle urbano do mosquito da
dengue. A unidade funcionará em Juazeiro, na sede da empresa pública
Moscamed, especializada na produção de insetos transgênicos para
controle biológico de pragas.
Com 720 m2 de área, a fábrica
vai confeccionar em larga escala o macho do Aedes Aegypt geneticamente
modificado. A produção do mosquito transgênico será supervisionada pelo
Ministério da Saúde. A intenção do governo federal é utilizar tecnologia
inovadora criada nacionalmente como opção de controle da dengue em todo
o Brasil. " Nós incentivamos o desenvolvimento deste projeto e vamos
monitorar de perto, pois promete ser uma alternativa efetiva de controle
da principal epidemia urbana do país" , afirmou o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha.
A unidade fabril é um braço da
empresa pública Moscamed, biofábrica criada em 2005 e subsidiada pelo
Ministério da Agricultura e pelo governo do estado da Bahia,
especializada na produção de insetos transgênicos para controle
biológico de pragas. Sua capacidade máxima de produção é 4 milhões de
machos do Aedes Aegypt estéreis por semana. Estes mosquitos, liberados
no ambiente em quantidade duas vezes maior do que os mosquitos
não-estéreis, vão atrair as fêmeas para cópula, mas sua prole não será
capaz de atingir a fase adulta, o que deve reduzir a população de Aedes a
tal nível que controle a transmissão da dengue. Inicialmente, os
insetos serão liberados no município baiano de Jacobina, com 79 mil
habitantes, que apresentou 1.647 casos de dengue e dois óbitos pela
doença só neste primeiro semestre de 2012. O governo de estado da Bahia
está investindo 1,7 milhões no projeto.
Já há resultado bem sucedido de
projeto piloto realizado entre 2011 e 2012 em dois bairros de Juazeiro
(BA) - Mandacaru e Itaberaba -, ambos com cerca de 3 mil habitantes, e
alto índice de proliferação do mosquito. Com o emprego desta técnica,
houve redução de 90% população do mosquito em seis meses nestes
distritos. Com a experiência em Jacobina, uma cidade de médio porte,
será possível mensurar a redução da doença na população. O projeto em
Jacobina também vai verificar a melhor maneira de adaptar o mosquito ao
ambiente, como transporte e logística adequados. Inicialmente, será
transportada a pupa (fase do inseto) em containers, e não o mosquito
adulto, pois acredita-se que este morreria após algumas horas de viagem.
A partir dos resultados, o
governo poderá expandir a estratégia para todo o país e, dentro de
alguns anos, incorporá-la ao Sistema Único de Saúde (SUS) como um dos
mecanismos de combate à doença. Os estudos para mensurar o impacto em
termos de redução da dengue levam pelo menos 5 anos, de acordo com o
National Institute of Health (órgão equivalente ao Ministério da Saúde
americano). Para que a tecnologia seja incorporado ao SUS e reproduzida
comercialmente por empresas privadas, deve ter a aprovação da Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do Ministério da Saúde, da
Anvisa, do Ibama e do Ministério da Agricultura.
" Para combater a dengue, é
necessário a aliar várias estratégias conjuntamente: além do controle do
vetor, é importante o investimento na vacina da dengue e o tratamento
de casos graves" , ressaltou Padilha.
Parceria
O
ministério tem acompanhado a pesquisa com o Aedes Aegypt transgênico
desde o seu início, em 2010, que começou com a adaptação do mosquito em
laboratório da Universidade de São Paulo (USP). Conhecido como PAT
(Projeto Aedes Transgênico), o estudo foi desenvolvido em parceria com a
empresa britânica Oxitec, que desenvolveu a primeira linhagem do inseto
transgênico. Esta teve de, posteriormente, ser adaptada ao ambiente
nacional. Em 2011, a Moscamed entrou na parceria e deu um salto
quantitativo na produção do mosquito, com 550 mil mosquitos.
Epidemia
No
primeiro semestre de 2012 (janeiro a junho), já foram registrados
431.194 casos de dengue em todo o País. A Região Sudeste tem o maior
número de casos (182.895 casos; 42,4%), seguida da Região Nordeste
(168.935 casos; 39,2%), Centro-Oeste (43.228 casos; 10,0%); Norte
(31.927 casos; 7,4%), e Sul (4.209 casos; 1,0%). A Bahia apresentou mais
de 41 mil casos de dengue em 2012. É o terceiro estado com maior número
de notificações, atrás do Rio de Janeiro e Ceará.
Fonte isaude.net
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